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Vitória

Desliguei o telefone na cara da Ana Clara e bufei, não escutava a voz dela tinha quase uma semana e vem não sei quem toda cheia de amor por ela interromper nosso momento, a vai pra merda. Que isso Vitória, tu não é assim mulher tu confia na Ana sabe que ela jamais faria algo que te machucasse.

- Isso mesmo, larga de besteira. - Falei pra mim mesma em voz alta e peguei o celular de novo, para mandar uma mensagem me desculpando quando vi que tinha mensagem dela.

"Leaozinho, fica brava com eu não!
Cecília é uma outra médica que tá trabalhando aqui com a gente, ela tá um pouco alterada por conta da bebida que nos serviram. Eu amo tu Vitória, jamais vou te trocar seu abraço casa por o de outro alguém. Me desculpa Vi 😔"

Aquela mensagem cortou meu coração, eu tava sendo uma boba mesmo com a Ninha e provavelmente tinha estragado a festa de boas vindas dela. Tentei ligar só que estava dando caixa postal, provavelmente aquele lance de sinal de novo tentei mais algumas vezes e nada, digitei uma mensagem pra ela me desculpando e fui dormir meu dia tinha sido bastante cansativo, dei a aula de hoje pra uma turma de adolescente e como é difícil eles focarem e deixar o corpo livre pra se expressar, só que eu teria de me acostumar afinal esse era meu novo emprego pra não ficar nas costas da minha mãe pra sempre, daria as aulas no período da tarde para essa turma pelo resto do ano.

Acordei pela manhã com o som da movimentação na rua e sentindo o sol já quente batendo nos meus pés, olhei o celular pra ver se tinha alguma mensagem da Ana e nada então levantei e fui me aprontar para mais um dia de aula só que hoje exclusivamente como professora.
Essa nova jornada sem Ana estava me ajudando bastante a não me entregar a saudade, eu tava determinada a fazer minha carreira dar certo fosse da maneira que fosse eu estava dada para a vida e dela podemos esperar tudo sempre. Fui o caminho todo do teatro pensando em um espetáculo para o final do semestre dos jovens, iria propor um em forma de musical e outro só com expressão corporal em ambos eu queria uma entrega total deles.

- Bom dia galerinha do barulho!

- Nossa Vitória, falando assim até parece que tu é uma tia mano. - Henri um dos meus alunos falou e, eu ri do seu sotaque paulista carregado na frase.

- Mas menino eu tenho idade pra ser sua irmã mais velha. - Dei risada novamente. - Tá certo eu sou nova também, então por isso quero propor algo massa pra vocês!

Expliquei as duas opções para eles e todos quase que de forma unânime preferiram a expressão corporal, os poucos que queriam musical sugeriram que fosse feita a introdução de algumas danças de forma cantada então trabalharíamos um pouco dos dois, escolhemos as músicas da TUYO um grupo que eu amava muito e queria fazer algo com os discos deles, os meninos toparam e então eu criaria algumas coreografias para o espetáculo. As horas de aula com os meninos hoje foi mais para discutir como seria tudo para os ensaios começar o quanto antes, pedi a todos que ouvisse as musicas e já fossem pensando em possibilidade pois queria construir tudo com eles pra ficar o mais verdadeiro possível pra cada um deles.

- Vi... Vitória! - Thai uma das minhas alunas me chamou.

- Oi Thai, aconteceu alguma coisa? - Perguntei notando que ela estava afobada.

- Tá sim, é só que tem uma das músicas se tu não se importar eu gostaria muito de te mostrar, eu já conhecia a Tuyo quando eles estavam na formação do Simonami e tem uma música que me marcou muito, posso te mostrar na próxima aula antes dos meninos chegarem? - Ela falava tão rápido que eu acompanhei por sorte.

- Eita mulher respira, tu pode sim, mas por que os meninos não pode tá? - Questionei já que queria o grupo todo engajando e por dentro de tudo.

- Essa música é um tanto particular pra mim, ela é do Simonami que veio antes da Tuyo enfim, deixa pra lá é besteira. - Falou e já ia virando pra sair.

- Ei calma, na segunda me encontra uma hora antes da nossa aula e me mostra essa sua música e coreografia, pode ser? - Perguntei e esperei por sua reação.

- Caraca, obrigado Vi tu é a melhor professora segunda tô aqui uma hora antes, valeu mesmo! - Falou se jogando em mim.

- Eita tem nada não Thai, só que hein vou esperar hein agora um bora que eu tô varanda de fome. - Fiz sinal com a cabeça e ela me acompanhou até próximo ao meu apartamento, depois seguiu para o metro republica que ficava ali perto.

Assim que entrei em casa meu celular começou a tocar, olhei o visor sem acreditar no número que aparecia ali.

- Ninha? - Nem falei alô!

- Vitória, óh eu só liguei pra tu não ficar achando besteira da Cecília, eu juro pra tu que não aconteceu nada ela só trabalha aqui comigo e tava bêbada, eu amo tu não desliga não.

- NaClara, respira mulher! Tu não recebeu a mensagem que te mandei não? - Perguntei sem entender porquê ela ainda tava se desculpando.

- Nem vi, só notificou umas mensagens aqui e eu fui te ligar já que tinha sinal nem olhei nada.

- Pois eu me desculpei contigo por ter desligado daquele jeito bobo, desculpa eu Ninha, eu só fiquei com medo de tu sei lá me esquecer!

- Eu jamais te esqueceria Vitória, tô aqui cuidando deles pensando em tu a todo momento, tu não sai de mim mar é nunquinha!

- Amo tu Ninha!

- Amo tu também meu Leaozinho!

Fiquei o resto da tarde com a Ana no telefone, conversando sobre tudo que fazemos nesses últimos dias. Contei sobre o espetáculo que queria montar as ideias que estava tendo, como comecei a dar aulas e o porquê aceitei, comi, tomei banho tudo com Ana ao telefone tava nem acreditando naquele tempo que tava passando com ela.

- Ninha, tu não tinha que tá trabalhando não?

- Eu tô trabalhando!

- Como assim se tu tá no telefone comigo tem quase 3 horas e meia?

- Tô acompanhando um paciente que precisa de acompanhamento por 12 horas vigiadas, então aproveitei e liguei assim que o celular vibrou notificando as coisas e o resto tu sabe. Por que quer desligar?

- NÃO! - Falei meio desesperada. - Só achei estranho porquê tu falou que as coisas aí são complicadas e tu no telefone, mas sendo assim fica comigo.

- Só o que eu quero é ficar contigo meu Leaozinho!

Passamos a noite toda juntas, como era domingo não me importei em ir dormir tarde já que não teria nada para fazer mesmo no dia seguinte. Nem sei quando a ligação terminou só lembro de ter escutado algo como "Eu vou voltar pra você, me espera." só que eu não lembro de ter respondido e nem se aquilo era real ou um sonho que tive com a Ana Clara. O domingo passou sem maiores acontecimentos recebi só uma mensagem da Ana e depois mais nada, assisti alguns filmes que eu gostava muito e então decidi começar a pensar na coreografia que faria para apresentar ao meninos amanhã.  Quando foi por volta das 19h eu recebi uma mensagem um tanto quanto inusitada.

"Ei tu, bora tomar um chopp?"

Canção de HotelOnde histórias criam vida. Descubra agora