Teoria da Conspiração

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Acordei no dia seguinte com outra flor de lótus em cima do parapeito da minha janela. No início, confesso não estar dando muita atenção àquilo. Mas agora, tendo recebido pela terceira vez, comecei a ficar incomodada.

Coloco a pequena lótus enfileirada junto com as outras duas, notando que a primeira já está murcha e quase sem cor, enquanto a segunda permanece com um amarelo intenso, apesar de eu perceber que suas pétalas já começam a murchar também. Esta que eu recebi agora é de um azul tão bonito quanto o céu.

Ouço o som de batidas na porta. Digo que está aberta e volto a sentar na cama, me envolvendo nos cobertores quentinhos.

_ Bom dia! - meu pai anuncia, assim que entra.

_ Oi. - sussurro, fingindo que estava dormindo em uma tentativa de evitar aquela conversa. Meu pai se senta na cama ao meu lado. Olho pros seus cabelos que já começam a ficar grisalhos e para a barba espessa que se forma em seu rosto. Ele tem olheiras debaixo dos olhos.

_ Fiquei sabendo que não conseguiu entrar no campeonato. - diz, passando a mão por meus cabelos. - Sinto muito.

_ Nem para isso eu sirvo, não é? É o que está pensando? - lhe respondo e sento na cama, abraçando as minhas pernas.

_ É claro que não. Não sou esse monstro insensível pelo qual você me julga, Alicia.

_ Insensível o suficiente pra esquecer que eu existo, enquanto passa todo o tempo naquele escritório.  - Já havia dito aquela frase tantas vezas que agora, ao sair da minha boca, parecia ensaiada.

_ Você sabe que as coisas da empresa tomam muito do meu tempo, não faço por querer, querida. - ele diz, fingindo-se de coitado. Olho em seus olhos com desdém assim que a palavra "querida" é dita por ele.

_ Tudo bem. Apenas lhe digo pra que melhore suas desculpas. Estas já não surtem mais efeito.

_ Alic…

Não o deixo terminar.

_ Como eu disse, está tudo bem. Não precisa agir como se se importasse de verdade. Deve ser chato pra você dizer pro seu chefinho que sua filha não conseguiu entrar, né?

_ Alicia, chega desse sarcasmo todo. É o suficiente. Só vim ver como você estava. Tenho que ir para o escritório. - Ele se levanta da cama e vai em direção a porta. - Tenha um bom dia.

Ele fecha a porta, mas segundos depois torna a abri-la. Coloca só a cabeça para dentro do quarto e me olha.

_ Christian falou alguma coisa pra você? - ele pergunta, os olhos quase arregalados enquanto espera por minha resposta.

_ Sobre o que? - um ponto de interrogação imaginário se forma sob minha cabeça.

_ Sobre o campeonato.

_ O que ele haveria de me contar? - digo, ainda sem entender nada. Meu pai apenas balança a cabeça e fecha a porta. Agora entendi menos ainda.

⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀***

Sento na gangorra do parque. Um de seus lados está quebrado, então Danny tem que se sentar na ponta do escorrega que fica logo ao lado. O sol brilha forte no céu, fazendo gotas de suor se formarem por minha testa. Tiro o moletom e coloco-o dentro da mochila, que jogo no chão de areia logo em seguida.

_ Você ficou me evitando a aula toda, mas agora só tem eu e você aqui, Alicia. Vai me contar o que está acontecendo ou não? - Danny fala rápido demais e eu levo alguns segundos pra entender o que ele disse. Dou um longo suspiro antes de responder.

FIGHT: Sociedade SecretaOnde histórias criam vida. Descubra agora