Buscando Respostas

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A Rua Maple era relativamente movimentada. Ao centro da rua, um chafariz de dois andares jorrava água pra cima, e pequenos focos de luz colorida saiam por debaixo dos jatos. A noite deveria ficar especialmente lindo. Apesar do visual bonito, a rua era formada, em sua maioria, por casas, o que a deixada bem parada durante a semana. No entanto, era ali o ponto de encontro dos food trucks durante os finais de semana. Os vendedores aproveitavam a feira ali perto, que só abria aos sábados e domingos. Tinha dias que as filas rodeavam toda a praça.

Ainda era manhã de sábado, mas eu já podia ver alguns vendedores arrumando seus trailers. Eu estava parada em frente à única floricultura da rua. O prédio não era muito grande, mas eu conseguia ver que tinha dois andares, o que me surpreendeu. A vidraça de vidro reluzia com a luz fraca do sol. Uma fila de vasos de plantas ocupava todo o espaço no chão. Algumas flores ali eu nunca tinha visto em lugar algum. Mas não foram elas que me chamaram atenção. Ao canto, um pequeno jarro estava cheio de flores pretas. Algumas com pequenos pontos em azul, outras completamente negras. Cheguei mais perto para admirá-las e sentir o cheiro, que me lembrou o verão apesar da cor mórbida.

Encarei a placa com o nome da floricultura. "Floral". Nada original. Respirei profundamente mais uma vez, tomando coragem, e entrei.

                                ***

"Quinta-feira

Ás vezes a curiosidade supera o medo. Este era um desses momentos. Eu roía as unhas, tamanha ansiedade. Era apenas quinta-feira ainda e eu já estava surtando. Já havia mudado de ideia várias meses. Era idiotice ir sozinha me encontrar com uma pessoa desconhecida, mas aquela história esta me incomodando a dias. Não sabia se poderia levar alguém comigo. Talvez devesse. De qualquer forma, eu preciso saber quem está me mandando essas flores. Será que é alguém tentando se declarar? Duvido. Talvez seja Chris pregando alguma peça idiota em mim.

Foi só na sexta-feira, tarde da noite, que eu tomei uma decisão. Eu iria, mas levaria Chris ou Danny comigo.

A casa inteira estava silenciosa a não ser pelo som baixo de música que saia do meu quarto. Liguei por vídeo para os dois ao mesmo tempo. Queria ter essa conversa uma vez só. Decidi não contar pra eles o que ia fazer de verdade na floricultura, então teria que inventar uma desculpa qualquer.

_ Preciso de ajuda. - Falei assim que os dois atenderam.

_ Conheço essa cara. O que foi? - Danny falou. Seu black power estava amassado de um dos lados, provavelmente porque ele estava deitado. Vestia um pijama azul e, atrás dele, eu conseguia ver o papel de parede do seu quarto. Ao notar que eu observa os dinossauros, ele vai para outro canto.

_ Já passamos desse ponto, né Daniel? Tenho decorado o rosto de cada um desses bichinhos ai. - disse, tentando aliviar o nervosismo que sentia. Danny dá de ombros, enquanto Chris apenas escutava a conversa calado.

_ OK, voltando ao assunto. Preciso que me ajudem... - tentei pensar em uma desculpa que funcionasse. - OK, tá legal. Eu soube que o pastel da feira lá do Queens é ótimo. Querem ir comigo? - me arrependo assim que termino de falar. Parabéns, Alicia. Eu poderia ter falado qualquer coisa, mas é óbvio que eu fui com desculpa mais ridícula possível. Bato a mão na minha própria testa, esquecendo que eles podiam me ver.

_ Você foi possuída por acaso? - Chris se lembrou que estava na conversa. Penso um pouco antes de responder.

_ Um mosquito. Isso, foi um mosquito. Um mosquito pousou na minha testa. - Agora eu tenho certeza que meu cérebro deve ter fritado em algum momento do dia. Não é possível. Os dois me olham sem entender absolutamente nada.

FIGHT: Sociedade SecretaOnde histórias criam vida. Descubra agora