Muito prazer

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O tempo é relativo. É no que sempre acreditei. Ele corre de acordo com as situações da vida e como reagimos a elas. Parada ali agora, olhando para o rosto sorridente da minha mãe, ele (o tempo) parecia ter parado. Balbucio algumas palavras, mas não digo nada no final, incapaz de formular uma frase completa. Só saio do estado catatônico em que me encontro, quando minha mãe levanta e me abraça. Celeste sorri, observando a cena.

_ Não acredito que você finalmente está aqui! - exclama ela, batendo palmas. - Joanna falava de você todos os dias.

_ O que está acontecendo aqui? - digo, desfazendo o abraço. - Por que você está aqui? E como vocês se conhecem?

_ Eu queria ter falado antes, mas você era nova demais. - minha mãe diz. Eu começo a andar de um lado para o outro.

_ Eu não estou entendendo mais nada e estou cansada de fazer perguntas. Eu quero que vocês me contem absolutamente tudo. Agora! - paro no lugar, e alterno meu olhar entre Celeste e minha mãe.

_ OK, sente-se. - eu obedeço, sentando-me na confortável poltrona. - Eu sou a principal representante de uma sociedade. Recebemos o nome de LÓTUS.

_ Eu deveria ter imaginado. - digo, secamente.

_ A Celeste é minha vice. Somos as responsáveis por todas as garotas. Mas elas se dividem em grupos, e cada uma cuida de uma coisa. - minha cabeça dói, tentando assimilar todas aquelas informações.

_ Garotas? É uma grupo feminino? Uma sociedade de mulheres? - pergunto, e ela apenas assente. - E qual é o objetivo disso tudo?

_ Irei te contar a história toda. Nossa sociedade teve início em 1987. A primeira empresa de esportes da cidade havia acabado de ser inaugurada. Logo, lutar virou febre. - ela contava, o olhar distante como se vivenciasse a época. - E como em qualquer outra competição, rolava muitas apostas ilegais por debaixo dos panos.

Me remexi inquieta na cadeira. Foi Celeste quem continuou a falar.

_ Seu avô era dono de uma loja que vendia equipamentos esportivos. Acho que você sabe disso. - neguei com a cabeça, indicando que aquela informação era nova para mim - Bom, de qualquer forma, não eram os melhores equipamentos do mundo, mas ele entendia das coisas desse mundo do esporte. Mais tarde, ele conseguiu uma vaga de emprego nessa empresa que abriu.

_ As coisas melhoraram em casa. Meu pai estava ganhando muito mais dinheiro agora. Mas depois de algum tempo, era notável a mudança de comportamento dele. Estava mais distante, passava o dia no escritório e quando estava em casa, era como se não estivesse. - Minha mãe continuou a história.

_ Eu entendo bem disso. - digo olhando para ela. Ela segura minha mão, em solidariedade.

_ Minha mãe, sua avó, começou a desconfiar de alguma coisa, notando que o comportamento dele estava cada dia mais suspeito. Uma noite, quando mais uma vez, o marido havia faltado o jantar, ela resolveu entrar no escritório dele e encontrou alguns documentos e cheques. - Ela caminha até a pilha de papel amassado sobre a escrivaninha e tira uma foto do meio da bagunça. Observo enquanto ela olha para a fotografia com tristeza.

_ Ela não entendia sobre aquilo, então pegou os documentos e levou-os até a casa de uma amiga dela. A filha dessa amiga era advogada, uma das únicas advogadas mulheres da cidade na época.- Ela me entrega a foto. Reconheci minha avó abraçada no meio de duas outras mulheres.

_ Esta é a Katherine, a amiga. - ela aponta para a mulher magra, de rosto comprido. Ela usava um chapéu maior que sua cabeça, todo rosa e florido. - E esta é a filha dela, Victória. - aponta para a outra mulher da foto, de cabelos curtos, usando um terno cinza que lhe caia bem.

FIGHT: Sociedade SecretaOnde histórias criam vida. Descubra agora