O caminho inteiro de casa eu fiquei reclamando com minha mãe e dizendo que eu jamais iria em um encontro com Demi e que papai jamais iria deixar. Mas, infelizmente para mim, meu pai até pareceu gostar da ideia. O que eu considerei uma loucura.
Eram 18:30h quando eu desisti e fui tomar banho, enquanto minha mãe mexia no meu guarda roupa tentando achar algo “sociável para um encontro” como ela disse. Eu demorei o máximo no banho, mas acabei me cansando e tive que sair. Minha mãe me secou, já que eu estava meio ofegante, penteou meu cabelo, fazendo uma trança com meus cabelos loiros, e colocou em mim um vestido branco tomara que caia, que ia até um pouco abaixo do joelho. Estava fresquinho, mas mesmo assim minha mãe me deu um casaquinho para levar. Ela estava me torturando (me fazendo maquiagem) quando eu ouvi a campainha tocando. Olhei no relógio e eram exatamente 19:00h.
Meu pai abriu a porta e eu só podia imaginar o que ele conversava com Demi.
Eu só desci às 19:10h, quando minha mãe achou que já era atraso o suficiente. A escada, meio comprida para meus pulmões, parecia mais curta do que eu queria e logo que estava de cara com Demi, que usava uma camisa branca com as mangas arregaçadas até o cotovelo, um colete de terno cinza, calça social preta, all star e um chapéu panamá cinza com desenho xadrez. Por um momento eu me perguntei se todas as roupas que ela usava tinha que ter algo xadrez.
Demi estava sentada em um dos sofás, conversando animadamente com meu pai sobre futebol, mas se levantou assim que eu terminei de descer as escadas. Ela me estendeu uma mão, pegou a minha e levou minha mão até seus lábios, onde ela depositou um beijo suave, antes de soltá-la e endireitar o corpo, me entregando uma única rosa branca.
Eu peguei a rosa e acabei sorrindo um pouco, o que resultou em um sorriso maior de Demi. Minha mãe cumprimentou ela, pegou a rosa e foi para a cozinha colocá-la em um vaso. Quando ela voltou, foi logo enchendo Demi de perguntas. Eu esperava que ela ficasse constrangida, mas ela respondia com tanta facilidade como se já estivesse preparada para aquelas perguntas.
“Posso saber aonde vai levar minha menina?” Minha mãe perguntou, eu revirei os olhos.
Demi sorriu e acenou. “Um restaurante japonês e depois vou levá-la dar uma volta em volta do parque aqui perto.”
Essa garota tinha algum talento incrível, só pode. Ela ia me levar a um restaurante japonês. Comida japonesa era minha preferida e eu não mencionei isso em nenhum momento.
“Tome cuidado, Ally tem um câncer pulmonar em tratamento.” Minha mãe avisou, preocupada.
“Não se preocupe, senhora.” Demi falou, acenando com a mão. “Provavelmente vamos dar uma volta de táxi, eu não consigo andar muito também.”
“Câncer pulmonar também?” Minha mãe perguntou, com um olhar triste. Como eu odeio esses olhares.
“Não me olhe assim.” Demi riu. “Só faz parecer que eu vou morrer mais cedo do que pretendo.” Ela brincou e era incrível a semelhança com a qual pensávamos. “Mas respondendo sua pergunta, não. Eu tenho um rabdomiossarcoma alveolar nas minhas pernas, os músculos não estão inteiros, então não consigo ficar muito tempo em pé.”
“Faz tratamento em que hospital?”
“Mãe.” Sussurrei em aviso.
Demi respondeu mesmo assim. “No Central, mas comecei no Pediátrico.”
“A quanto tempo tem esse rabdomiossarcoma?”
“Cinco anos diagnosticado, mas eu devia estar com ele a quase um ano quando fiz o exame.” Ela respondia tão facilmente...
VOCÊ ESTÁ LENDO
•Demally• √ U͜͡n͜͡r͜͡e͜͡a͜͡c͜͡h͜͡a͜͡b͜͡l͜͡e
Fanfiction01 • C̳̳o̳̳m̳̳p̳̳l̳̳e̳̳t̳̳o̳ • ✓ ➪ ᴄʀᴇ́ᴅɪᴛᴏs ᴘᴀʀᴀ ᴄᴀᴘɪsᴛᴀ ➪ CamzLolo S̾I̾N̾O̾P̾S̾E̾ Quando você tem câncer, a primeira coisa que acontece é a pessoa sentir pena de você. E para qualquer pessoa com câncer, é a pior coisa que pode acontecer no mundo...