Nós vivemos dias perfeitos nos próximos três meses seguintes. Bom, na verdade, os melhores dias perfeitos que alguém com câncer podem ter, mas foram ótimos.
Nos se apaixonava mais e mais a cada dia e não podíamos mais viver uma sem a outra. Passávamos a maior parte do dia juntas, conversando sobre absolutamente tudo, lendo sozinhas ou juntas, ou uma lendo para a outra, jogávamos vídeo game, onde eu sempre perdia, já que pareço ser um completo desastre nesses jogos de luta, futebol e corrida. Eu pedi para ela comprar um jogo onde poderíamos jogar juntas como um time e eu não perderia, então ela comprou um tal de GTA e quando eu percebi a gente estava no meio de uma guerra e eu morri em menos de um minuto, enquanto ela ria da minha cara de “Mas o que está acontecendo aqui?”.
Algumas vezes também íamos dar voltas em algum parque ou ver seu irmão jogar com seus amigos no fim de semana. Assistíamos a jogos de futebol, que eu aprendi a gostar, assistíamos diversos filmes, tanto em casa quanto no cinema.
Minha vida estava quase perfeita (câncer terminal lembra?) e meus pais estavam tão felizes por me verem alegre o tempo inteiro. Inclusive agradeciam por Demi ter aparecido em nossas vidas e ter me ajudado a sair da minha “DEPRESSÃO”, que eles insistiam que eu tinha, mas que ter Demi havia me curado. Talvez seja verdade, mas eu jamais saberei ao certo.
Estávamos tão inseparáveis que nossos pais tiveram que praticamente exigir tempo para eles, para a família, mas logo que estávamos dispensadas da pequena “REUNIÃO” corríamos para nossos quartos e começávamos a mandar mensagens intermináveis.
Foi em um desses dias de “reunião familiar” que nosso pequeno mundo quase perfeito começou a desabar. Meus pais haviam exigido um dia apenas para a gente, então havíamos ido para um piquenique no parque, depois demos uma volta pelo shopping e então fomos jantar em um restaurante japonês, o mesmo do meu primeiro encontro com Demi. Mal eu podia acreditar que já se passava quase seis meses que a gente se conhecia.
Seis meses e ela ainda continua me surpreendendo. Muitas vezes ela chegava com alguma flor, apenas uma, simples, mas tão romântico. Ela me ligava de noite e, antes que eu pudesse sequer lhe cumprimentar, ela recitava um poema ou começava a cantar uma música para mim. Me levava a encontros surpresas e até havia feito algumas serenatas para mim embaixo da janela do meu quarto.
Mas, enfim, eu mal podia esperar para chegar em casa e ligar para Demi, então ficaríamos horas no telefone, até alguém dormir. Mas meus pais puxavam milhares de assuntos, sobre filmes, livros e séries ou sobre o que eu andava fazendo naqueles dias. Como se eles já não soubessem, pois não me deixavam sair de casa sem antes perguntar para Demi onde ela me levaria e o que a gente faria. Se fosse uma surpresa, ela escreveria em um papel e entregaria para eles, enquanto eu tentava espiar por cima de seu ombro. Um dos problemas quando se tem câncer é que as pessoas acham que você vai quebrar com um vento qualquer, então ficavam mega protetoras.
Por fim, meu pai bocejou e essa foi minha deixa para acompanhá-lo, o que fez minha mãe dizer imediatamente que eu deveria ir para casa e descansar. Eu apenas balancei a cabeça dizendo que estava tudo bem, só estava ficando com sono. Mas não haviam chances de minha mãe me deixar ficar lá se eu estava sentindo qualquer outra coisa. Então nós finalmente fomos pra casa.
O caminho de volta demorou bem mais que o normal, já que o transito estava cheio por causa de um jogo de futebol. Tudo parecia conspirar para que eu demorasse ainda mais para chegar em casa. E talvez eu devesse ter demorado bastante mesmo.
Demoramos 45 minutos para chegar em casa e eu já tinha até planejado como eu iria cumprimentar Demi (Boa noite, DM Teco! (Eu a chamava de Teco graças à sua cueca box da nossa primeira vez)). Eu praticamente pulei do carro e fui andando para a porta e foi quando a vi, sentada e escorada na porta, uma mão segurando o rosto, apoiada no joelho, e a outra segurando sua coxa. Ela se levantou rapidamente quando nos viu, mas seu rosto estremecia a qualquer movimento.
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•Demally• √ U͜͡n͜͡r͜͡e͜͡a͜͡c͜͡h͜͡a͜͡b͜͡l͜͡e
Fanfiction01 • C̳̳o̳̳m̳̳p̳̳l̳̳e̳̳t̳̳o̳ • ✓ ➪ ᴄʀᴇ́ᴅɪᴛᴏs ᴘᴀʀᴀ ᴄᴀᴘɪsᴛᴀ ➪ CamzLolo S̾I̾N̾O̾P̾S̾E̾ Quando você tem câncer, a primeira coisa que acontece é a pessoa sentir pena de você. E para qualquer pessoa com câncer, é a pior coisa que pode acontecer no mundo...