Capítulo Dois

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   Foram longos dois minutos agarrados, se apertando cada vez mais de acordo com que escutavam aquelas risadas medonhas.

— As crianças... Jinsol não vai conseguir proteger todas. E a Yena, onde ela está? — Jaemin quebrou mentalmente por um instante, merda, já haviam passado por algo parecido, e na última vez haviam perdido mais do que poderiam.

— Cala a boca. — O loiro se levantou e então ajudou o mais velho a fazer o mesmo. Pegou a marreta jogada no chão e esperou por Jaemin na entrada da ex loja.

   O ruivo pegou seu taco de beisebol que se encontrava apoiado na grande vitrine antes de se agachar próximo a porta. Existiam milhares, milhares de adultos sangrentos e nojentos com suas barrigas gigantescas e cheias de úlceras. Todos passavam pela grande abertura — feita por um tijolo agora jogado no chão — na porta de vidro da entrada, o engraçado era que nenhum adulto tinha capacidade mental suficiente para jogar algo contra a a entrada, aquilo intrigava o líder.

— Não vamos conseguir sozinhos, eu, você, Yena e os outros guerreiros não somos suficientes. — O mais velho mordeu o inferior antes de encarar Jisung com um leve expressão preocupada. — Vocês precisam de tempo para fugir.

— Se você me vier com uma ideia absurda... — O loiro apertou com certa força sua marreta, ele já imaginava o que o amigo tinha em mente.

— Ache os garotos e cuide do que puder, eu vou dar uma voltinha com meus novos amigos.

   Jaemin não esperou uma resposta, mas pode ouvir todas as reclamações possíveis vindas da boca do amigo. Correu até estar de cara com todos aqueles monstros horrendos. Engoliu em seco sentindo todo o corpo tremer, olhou para Jisung, sorriu e piscou para o mais novo.

— Ei, seus merdas, eu estou aqui, não querem carne quentinha? — Esperou que tivesse a atenção de todos e então correu feito um louco. Podia ouvir todos os comentários completamente sem sentido dos adultos, mas não podia fraquejar. Era uma missão suicida claro, mas ainda era melhor do que colocar em risco a vida de todos aqueles que contavam com ele.

   Deu milhares de voltas, evitou ao máximo qualquer tipo de confronto, mesmo que uma hora ou outra tivesse de quebrar alguns crânios ou costelas. Era difícil, seu pulmão gritava pela falta de ar, mas a adrenalina não o permitia parar. Correu feito um louco até o lado de fora do Shopping e sorriu sôfrego ao perceber que a rua estava limpa, afinal, a maioria dos adultos seguiu o som do vidro quebrado e provavelmente adentrou o edifício. Jaemin só torcia para que todos estivessem bem.

   O ruivo se perdia nos pensamentos de acordo com que corria, mas seu maior erro foi não prestar atenção. Um maldito prego virado para cima adentrou o pé do líder assim que tomou mais um paço. Jaemin caiu no chão, e pela tamanha dor, sabia que era um daqueles grandes, fora que com certeza estava enferrujado. Gritou pela maldita dor e tratou de voltar a andar, mas o prego parecia romper mais e mais qualquer tipo de músculo presente ali, gritava de acordo com que sentia aquela dor aguda já sabendo que estava condenado. Virou-se para então ver cerca de vinte adultos se aproximando, era o fim.

   Suava pelo puro nervoso enquanto batia com o taco com toda a sua força na cabeça e costela dos adultos, mas apesar de ter derrubado cinco no mínimo, foi pego por trás. Sentiu uma dor insuportável sobre o ombro, uma dor que rasgava-lhe a pele, fora mordido.

— Merda! — Uma voz familiar gritou antes de que o adulto fosse jogado contra o chão. Jaemin estava tonto, mas pode ver ao longe que Mark estava parado ali e que um de seus guerreiros havia flechado o adulto no braço, e esse, agora estava caído. — Todos para dentro do Shopping, matem todos os adultos que puderem. — O líder de Westville olhou no fundo dos olhos de Jaemin e mostrou todo o seu respeito, sabia pelo o que o garoto estava passando, mas eram adultos demais, Jaemin não tinha como ser salvo.

  — Jaemin! — Jisung gritou antes de correr em direção do ruivo, sendo barrado por no mínimo três garotos de Westville, todos sabiam que Jaemin era um caso perdido. O líder sorriu feliz pelo amigo estar bem, mas não suportou muito tempo de pé, caiu sobre o chão aceitando que já havia feito o possível por seu grupo, havia comprido seu dever. E foi assim que tudo escureceu.

{...}

   Acordou sentindo as pálpebras pesarem, junto de um puta desconforto no ombro, não sabia exatamente onde estava, mas sabia que não estava morto. Não era exatamente um quarto, estava mais para um sala comum de reuniões, mas tinha um sofá e vários aparelhos de hospital, não eram lá os melhores mas ainda pareciam ser funcionais, imaginava que fora assim que cuidaram dele, afinal, não sentia quase nada em seu pé e ombro.

Sua cabeça doía e a barulheira do lado de fora não ajudava, milhares de pessoas gritando e rindo, pelo menos, foi isso que Jaemin conseguiu interpretar. Se levantou com certa dificuldade, mas quando tentou chegar mais próximo a janela, caiu, seus pés estavam acorrentados ao sofá. O garoto sentiu o coração falhar, onde estava e porque estava acorrentado? A corrente não era muito grande, mesmo com certo esforço, conseguiu puxar o sofá, não muito, mas o suficiente para mancar até a janela, e de lá, pode perceber que estava em Wonderland, o parque de diversões do que costumava ser a cidade. Mas o barulho vinha do pátio, pouco abaixo de si.

— Boa noite, guerreiros. — Um garoto de cabelos platinados sorriu erguendo as mãos, aparentemente tinha seus dezessete. — Todos estamos reunidos aqui pois houve um incidente. HyunJin matou um de nós e como já sabemos, tudo tem seu valor aqui. — Muitos vaiaram o garoto acorrentado, esse estava completamente acabado e espancado, não mostrava sinais de resistência, já havia desistido. — Antes do pior, gostaria de se desculpar? — O platinado se virou levemente para simplesmente receber um cuspe vindo do acorrentado.

— Te vejo no inferno, Hansol.

   Não demorou e em menos de três segundos, um longo facão cortou a cabeça do prisioneiro enquanto Hansol desviava seu olhar para Jaemin que observava incrédulo junto a janela.

— Espero poder contar com todos vocês para cuidar da minha pequena cidade sem leis. — Olhava fixamente para Jaemin, mesmo que estivesse falando com seu público. Umedeceu os lábios com a língua e sorriu ladino.

Jaemin se abaixou e se escondeu abaixo da janela. Ele precisava fugir de Wonderland o mais rápido possível.

Enemy | + Nomin (História sendo reescrita na @poemshy)Onde histórias criam vida. Descubra agora