Capítulo Quatorze

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   Jaemin sentia os joelhos arderem, mas ele não tinha muito escolha quanto a levantar e cessar a dor. Ele agora era o cachorrinho de Hansol, e como o psicopata mesmo disse: "cachorros ficam de quatro, Jaemin. E eles também obedecem seus donos."

   Os braços presos do garoto tendiam a doer por segurarem o peso do próprio corpo, mas nada conseguia ser pior que a coleira de couro que o prendia a mesa. Estava no quarto de Hansol e por mais que quisesse, não tinha como lutar. Havia sido muito maltratado desde a chegada dos ingratos e já não tinha mais energias, nem físicas nem mentais.

   Havia prometido ser um garoto forte pela própria honra e pela honra de todos os seus amigos mortos ou vivos, mas tinha de fazer um esforço extra para não chorar.

   Se sentia traído e magoado, Jeno havia simplesmente pulado para o lado inimigo sem nenhum pingo de culpa no rosto. Tentava alimentar o ódio que agora sentia pelo garoto, mas tudo se tornava impossível quando Jaemin se lembrava do que passaram. Haviam sido amigos e talvez ainda mais que isso, haviam sobrevivido juntos e haviam passado semanas confinados no mesmo lugar.

  — Jaemin? — A voz soou doce do canto do quarto onde se instalava um banheiro. — Temos uma noite importante pela frente, espero que esteja pronto.

   Hansol se aproximou em passos rápidos antes de desamarrar a coleira da mesa e a segurar com força.

  — Bom garoto, ficou na posição que te pedi, hm? — Bagunçou os fios de cabelo de Jaemin. Já era esperado que o ruivo o tivesse obedecido, afinal, os joelhos ralados não eram fruto do acaso. — Vamos, agora tem permissão para ficar de pé.

[...]

   Era uma sala com temática medieval, mal iluminada por alguns candelabros e com trilhos do que antes era uma montanha russa passando por ali. Aquele era o salão de festas, pareceu perfeito quando o viram pela primeira vez, tinha mesa, iluminação e um pequeno bar. Para tudo se tornar melhor só tiveram que tirar os robôs e as fiações que antes encenavam ali.

   Hansol se sentou no que antes era um trono e obrigou Jaemin a se ajoelhar ao seu lado, agora só tinham de esperar os outros chegarem.

  — Finalmente chegaram, achei que fosse ter que os trazer à força. — Hansol riu animado vendo os seus melhores fieis entrarem. Xiao e Donghyuck entraram como extremos opostos sendo seguidos de mais alguns fieis. Por último Jaemin pode se maravilhar com a terrível presença de Jeno. — Jeno, agora posso finalmente utilizar seu nome correto, que prazer! Consegui um pouco de vinho, quero que me ceda a honra de o beber comigo.

   Jaemin ferveu da cabeça aos pés sentindo o aperto terrível que se iniciava em seu peito O ruivo fuzilou Jeno com o olhar até que esse percebesse. Pelo olhar desolado e extremamente puto de Jeno ele provavelmente não sabia das novas nem esperava que o garoto estivesse lá.

— Sentem, acho que vão gostar das novas, decidimos que vamos fazer a iniciação de Jeno ainda hoje. — Hansol disse e todos os fieis pareceram se animar, exceto Donghyuck e Jeno, o moreno ainda olhava para Jaemin com o mesmo olhar de antes.

— Hoje? Não acha melhor fazermos outro dia? Acho que Jeno está cansado... — Donghyuck olhou para Hansol tentando esconder o pânico.

— Já está tudo pronto! — Cortou o garoto batendo forte na mesa.

A porta do cômodo se abriu e então a expressão de Hansol mudou drasticamente para um sorriso agradável.

— Ele chegou, está tudo pronto? — O fiel que estava atrás da porta se pronunciou, mas voltou a fechá-la quando viu que Hansol queria mais tempo.

— Jeno, você prometeu devoção a mim, mas sabe como as coisas são, nunca se tem cem por cento de certeza até que se prove o contrário, e é por isso que criamos essa iniciação. — O homem mordeu o inferior antes de olhar a porta. — Tragam ele.

Quando a porta se abriu Jeno olhou de forma sutil, mas se levantou da cadeira quando viu que quem entrava era bambi amarrado da cabeça aos pés. Os olhos vermelhos do loiro deixavam claro o quanto havia chorado.

Jaemin se levantou bruscamente do chão, mas se engasgou com a coleira assim que Hansol a puxou. O ruivo queria gritar, acabou engasgando e nem sequer pode se auxiliar com as mãos.

— Cachorro não levanta sem permissão, Jaemin. — Hansol repreendeu.

Jeno cerrou os punhos e com a maior raiva estampada na cara se voltou para o psicopata.

— Você tem devoção completa a mim, não tem? — Olhou nos olhos do Zumbie enquanto puxava a coleira de Jaemin para próximo do trono. Jeno não tinha o que fazer.

Bambi parecia intensificar o próprio choro a cada instante e Jaemin parecia ficar mais inquieto a cada barulho que o loiro fazia.

— O pequeno bambi desobedeceu as regras, ele se revoltou contra um de meus fieis só para salvar o ruivinho, foi realmente comovente. — Hansol riu mordendo o inferior. — Uma pena que não deu certo, precisamos de um castigo para ele, mas se não acharmos nada de bom acho que terei de levar ele e a causa do problema para a decapitação. É realmente uma pena, bambi e o ruivo são dois belos garotos.

— Você não pode fazer isso! — Jaemin gritou simplesmente indignado procurando no olhar de Jeno algum tipo de relutância, o garoto que antes era seu amigo não podia simplesmente concordar com isso.

— O deixe na solitária por uma semana. — Jeno havia neutralizado a feição.

— Não me faça rir, todos sabemos que isso não é nada, quero algo melhor. — Hansol disse se levantando do trono.

— O Jeno deve o chicotear! — Xiao gritou animada.

— Não acho que isso seja necessário... — Donghyuck disse arregalando os olhos.

— Não, é uma boa ideia, providenciem um chicote. — O psicopata sorriu vendo que um de seus fieis saia da sala a procura do objeto. Xiao parecia extremamente feliz por ter dado uma ideia tão horrível.

— Todos sabem que o bambi não fez nada, porque ninguém fala?! — Jaemin gritou e foi possível ver as veias de seu pescoço sendo amaçadas pelo material de couro que o envolvia. — Qual o problema de vocês?! — A forma como o ruivo olhava diretamente para Jeno deixava óbvio que ele queria que o moreno o ajudasse e mostrasse que não era um monstro.

— Nem sequer bambi está reclamando, porque você está? — Hansol disse olhando fixo para Jaemin, mas isso chegava a ser injustiça, a boca de bambi estava amordaçada e o garoto não tinha como falar. — Faça um favor a todos e fique quieto. — Puxou a coleira mais uma vez.

   Por um momento tudo se tornou silêncio, mas então o barulho de nada foi substituído pela porta sendo aberta.

  — Aqui. — O homem estendeu o chicote mas antes que qualquer um o pegasse Xiao o agarrou.

— Tirem a blusa do bambi e o ajoelhem, cavalheiros. — A loira parecia tão feliz quanto no dia em que decapitou japa.

Bambi chorava baixinho agora que já havia aceitado o próprio destino, Jaemin gritava tentando chamar atenção de alguém, mas Hansol cobria a boca de seu cachorrinho com maestria.

Jeno segurava o chicote de forma fixa se lembrando que uma vez já esteve no lugar de bambi, lembrando o quão arcaico aquilo soava, o que se tornava um tanto irônico se lembrassem a temática da sala onde se encontravam.

— Jeno, você não pode fazer isso! — Jaemin conseguiu fugir da mão de Hansol e se levantou ainda com os braços presos atrás do próprio corpo. — Por favor, eu imploro...

   A voz de Jaemin sumiu completamente quando o chicote bateu pela primeira vez contra as contas de bambi.

[⛩🎐]
Boa tarde, o capítulo de hoje fica por aqui.
Obrigada por esperarem esse meu momento difícil, realmente não tive como escrever para vocês, mas saibam que não abandonei nada.
Perdoem a falta de capa, realmente não tive como fazer.
Bjs, moon.

Enemy | + Nomin (História sendo reescrita na @poemshy)Onde histórias criam vida. Descubra agora