— Changbin, está tudo bem? — Jisung perguntou pela quarta vez no dia. Estavam indo buscar o Minho na aula de dança, mas sem o Chan, já que ele ia buscar a namorada para que não ficasse de vela na Consagrada desse mês.
— Hum? Estou sim, por que?
— Você está agindo estranho desde quarta feira — diz, suspirando e abraçando o mais baixo pelos ombros. — Voce sabe que pode contar comigo, né? Somos amigos desde que você chegou em Seul, não precisa me esconder nada.
— Eu sei Jisung, mas tipo... não é algo que eu me sinto confortável em falar agora — respondeu, se sentindo um pouco culpado.
— Tudo bem nenê, a opção é sua — deu um beijo casto na têmpora do mais velho. — Vai contar pro seu namoradinho, pelo menos?
Changbin sorriu um pouco bobo, mas carregando certa melancolia. — Vou... eu só não sei como.
— Não esquenta a cabeça com isso, lembra que esse australiano bobão te ama demais.
— Não é como se ele deixasse eu esquecer — ri, por fim, acabando o assunto.
A amizade dos dois era tão consistente que não se importavam com o silêncio, apenas se concentravam no tufão de pensamentos que rondavam sua cabeça.
Jisung estava preocupado, óbvio, mas também sabia que Changbin não era um bebê. Ele já passou por muita coisa sozinho e, mesmo que sua mentalidade tenha melhorado muito nos últimos anos, ainda haviam lacunas na história do mais velho que ele não tinha compartilhado com ninguém.
Já Changbin? Só conseguia pensar nas malditas mensagens do ex, de como sentia nojo dele e desejava do fundo do coração que tudo o que ele mandou fossem apenas blefes – mas tinha suas dúvidas, afinal, aquele cara era quase um sociopata.
Logo estavam no estúdio de dança, no andar da sala de aula de Minho. Estavam acabando de treinar a última parte da coreografia para depois repassarem quando os outros dois chegaram.
Seo ficava impressionado sempre que via Felix ensinando. Ele tinha um olhar gentil, uma voz calma, mas sabia repreender quando necessário. Era dócil e fazia brincadeiras para divertir os alunos e, quando dançava, céus! Era quase um anjo e um demônio habitando o mesmo corpo. Pediu para os alunos repassarem a última parte algumas vezes e foi para a porta, abrindo um sorriso enorme para o baixinho.
— Changbin, Jisung, oi! — disse, animado. Queria abraçar seu namorado mas estava todo suado. — A aula já está acabando, podem entrar pra assistir se quiserem.
— Certo! — o mais novo dos dois amigos disse, já entrando e se sentando de frente para o grupo enquanto dava um oi geral. Todos o conheciam por ser namorado de Minho.
Como estavam distraídos, Changbin se colocou na ponta dos pés e deu um selinho em Felix, que abriu um sorriso enorme com as bochechas meio vermelhas.
— Eu não posso te abraçar agora! Não me tente desse jeito!
O mais velho riu, entrando na sala. — Pode me abraçar o quanto quiser mais tarde.
— Já estou ansioso — respondeu.
O resto da aula passou bem rápido. Os alunos repassaram a dança quase que perfeitamente, todos bateram palmas, beberam água e foram se despedir do australiano.
Não pode deixar de notar que Hyunjin e Elio estavam de mãos dadas enquanto davam tchau e desciam as escadas de metal. Eram tão fofos juntos.
— Então, vamos? — o australiano pergunta, depois de desligar os ar condicionados e as caixas de som. Minsung já estava em sua própria bolha, rindo bobos e conversando animadamente sobre algum assunto aleatório, e os outros dois acabaram ficando juntos, trancando as portas devidas e saindo todos juntos do instituto.
— Desde quando vocês se conhecem? — Felix pergunta, se referindo ao Jisung.
— Desde um pouco antes de eu vir pra Seul — responde, com um sorriso, entrelaçando seus dedos nos do australiano. — Ainda quando eu morava em Daegu eu escrevia histórias amadoras em um site qualquer, eu tinha depressão na época e ela basicamente refletia nos meus textos, e então ele me chamou pra conversar e acabamos nos tornando muito amigos.
O coreano olhou para o melhor amigo, com certa melancolia.
— Por que você morava sozinho em Daegu? — Felix perguntou, logo se corrigindo. — Digo, você disse que morava lá e sem família nem amigos, de onde era o Jisung, por que seus pais não estavam lá? Se não for problema responder, claro!
— Bem, a família da minha madrasta é inteira de Seul, e ela queria voltar. Na época eu estava apaixonado, até gostava da minha vida, então eu preferi me emancipar e ficar em Daegu. Sempre fui responsável, então eles não viram problema. Já Jisung, ele era um amigo virtual, e só entrou na minha vida depois que eu já estava destruído.
— Me desculpa por tudo o que você passou — Felix suspira, abraçando o mais velho de lado e lhe dando um beijo na cabeça. — Você não mereceu nada daquilo, você é incrível. Merece uma vida incrível, um reconhecimento incrível, e um amor incrível que eu vou lutar com garras e dentes pra te dar.
— Você já é um amor incrível, seu bocó...

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@darkking
Fanfiction@darkking é uma conta extremamente famosa no Instagram: conta com milhares de seguidores, sendo que seu administrador nunca mostrou a cara. Felix Lee é só mais uma pessoa normal que recebeu @darkking em seu feed como "talvez você conheça", e acabou...