六十

3.2K 584 547
                                        

   — Eu vim assim que pude — a voz feminina ecoou na sala branca com um eco ensurdecedor. — Como ele está? O que houve?

   — Sana, agora não... — Chan pediu, colocando a mão no ombro da Seo mais velha. — Felix é o único que sabe o que aconteceu, mas ele realmente não está bem pra falar agora.

   — Chan, meu irmão está dentro daquele quarto de hospital, eu preciso saber o que aconteceu e em quem eu tenho que meter o processo! Além disso o Jisung falou alguma coisa de outra pessoa...

— O Hyunki — Jisung falou, baixinho. Ele estava sentado em uma das cadeiras da sala de espera, roendo as unhas da mão e olhando para a parede branca com cara de morte enquanto Minho fazia carinho nos seus cabelos e dizia que tudo ia ficar bem.

— O que esse desgraçado está fazendo aqui? Aonde ele está?? Eu juro que eu vou cortar o pau dele fora, gratinar na manteiga e dar pro cachorro do vizinho comer, aquele filho de uma-

— Ele não veio no hospital — Chuu, que estava no canto tentando animar Felix, junto de outros três garotos, finalmente se pronunciou. — Deve estar na delegacia agora...

   — Delegacia? — murmurou, baixinho para si mesma. — De qualquer forma, por que tem tanta gente aqui??

   — O Felix me ligou, eu liguei pra você, pro Chan e pro Minho — Jisung se pronunciou.

   — Eu liguei pra Chuu, pro Taeyang e pro Hyunjin — Minho falou, apontando para os dois no fundo que haviam parado de prestar atenção no australiano para ouvirem a conversa, e para Tae, que estava roendo as unhas junto com Jisung.

   — Eu liguei pro Jeongin, pra Jimin, e o Felix também ligou pros irmãos dele, o Woojin e o Seungmin — Chan concluiu, aproveitando o carinho da namorada em sua mão.

   — Tá, tá, que caralho, quando aquele nerd fez tantos amigos? — murmurou pra si mesma, feliz pelo irmão ter tantas pessoas que se preocupam consigo, mas ainda estava brava com tudo aquilo, então ficou andando de um lado pro outro e mandando uma mensagem para Sunhee e para Dahyun sobre o que tinha acontecido.

   — Lee Yongbok? — uma enfermeira chamou, fazendo o moreno a encarar com os olhos arregalados. Ele apenas levantou, quase derrubando sua cadeira no chão, que foi segurada por Hyunjin.

   — Sim? — se pronunciou pela primeira vez desde que chegou no hospital, saindo do fundo da sala, fungando e respirando fundo.

   — Você gostaria de checar o estado de seu... marido? — disse com os olhos serrados em dúvida de como chamá-los.

   Sana arregalou os olhos e pensou em contestar, perguntando desde quando caralhos eles estavam casados, mas sentiu um tapa forte ser disferido na sua coxa e olhou para Chan como se ele fosse louco. O australiano apenas arqueou as sobrancelhas e disse algo como "esses mosquitos", em tom de ironia.

   Felix concordou com a cabeça, feliz por não terem pedido nenhuma prova do "casamento" deles, uma desculpa para que pudesse ficar na sala de espera e entrar quando chamassem por família.

   Normalmente não mentiria na cara dura, mas não sentia ter outra opção.

   Precisava ver seu baixinho.

   Seguiu a mulher por corredores com cheiro de remédio e lavanda, até que entraram juntos num quarto de paredes brancas e móveis de madeira bege clarinha, com cortinas em amarelo bebê e um par de lírios em um vaso de plantas.

   Changbin estava na cama, debaixo das cobertas marrons clarinhas, dormindo com um tubinho de oxigênio passando pelas suas narinas. Havia pontos de costura desde a parte de trás da sua orelha até sua nuca, e uma parte do seu cabelo foi cortada para facilitar os pontos. As batidas do coração estavam estabilizadas e o soro que ia para sua veia parecia ser o que o fazia dormir.

   — Ele acordou no meio do processo de pontos perguntando de você, então tivemos que anestesia-lo para que tudo parasse de doer. Agora ele está só dormindo, deve acordar em algumas horas, mas achamos que seria bom notifica-lo disso. O que é mais preocupante na situação atual, entretanto, é uma contusão pulmonar no paciente que não estava prevista aí. Acreditamos que o motivo tenha sido uma batida forte em algum móvel da casa, e como ele possui o quadro de um fumante, a entrada de oxigênio estava se tornando ainda mais complicada. Porém não há nada extremamente grave, já que a pancada que levou sangrou muito, mas não atingiu um local crucial nem rachou o crânio.

   Todo o ar que Yongbok segurava pareceu deixar seus pulmões. A tensão em seus ombros se foi sem demora e as lágrimas de alívio desceram como uma catarata, enquanto um sorriso tomava conta de seus lábios.

   — Eu fiquei tão preocupado, seu boboca — murmurou, se aproximando da cama do namorado e se ajoelhando no chão perto do mesmo. — Eu falei que fumar ia foder seu pulmão, e olha só aonde viemos parar — brincou, limpando as lágrimas com a manga da jaqueta. — Eu tive tanto medo...

A enfermeira soltou um sorriso honesto, genuíno. Era difícil ver demonstrações de amor tão fortes quanto a daqueles jovens.

— Seu marido é um jovem muito forte, Sr. Lee — ela disse, admirando a cena.

— Você não imagina o quanto — o mais novo respondeu, beijando a mão direita do amado.

— Vou deixar que tenham um tempo sozinhos, devo notificar os outros?

— Sim, muito obrigado! — respondeu sorrindo, enquanto a mulher ia andando para o lado de fora. — Espera! — chamou-a, logo recebendo sua atenção. — Na verdade, nós não somos casados...

A enfermeira sorriu mais uma vez e concordou com a cabeça. — Pois é, eu imaginei que não, até porque, que tipo de casal não divide um par de alianças?

— Então por que você deixou...

— Vamos deixar isso apenas entre nós, certo? — a mulher disse, piscando para o mais novo que sorriu e concordou com a cabeça, agradecendo novamente.

@darkkingOnde histórias criam vida. Descubra agora