Capítulo 26

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Pov Breno

Fiquei ali observando a Paulinha ir embora com um aperto no peito, a minha vontade era pedir ela em namoro desde a hora em que a vi chegando na sexta-feira, mas não consegui e sabia exatamente por quais motivos.

Primeiro, eu não conseguia pedir ninguém em namoro, meu senso de homem, não me permitia, e eu sei o quanto isso é ridículo. Segundo, a Paula não me dava toda essa abertura, achava ela muito mulher, muito madura e tinha medo de propor algo mais sério e ser rejeitado e terceiro e mais importante, eu não consigo me declarar pra ninguém, nunca consegui com facilidade e depois da separação dos meus pais e do meu último término ficou quase que impossível, a verdade que sobrepõe todos esses pontos é que eu morro de medo de sofrer, de me machucar, e isso soava bem clichê, mas era a mais pura verdade.

Quando percebi que seu avião já tinha decolado e eu continuava ali parado absorto nos meus próprios pensamentos é que me dei conta que talvez eu não a veria mais tão cedo, e que a Paula não era o tipo de mulher que ficaria me esperando, então talvez a melhor decisão era esquece-la de uma vez, embora eu não estivesse muito seguro que isso seria tão fácil.

Fui para casa, tomei um banho, jantei pizza com minha irmã e deitei para descansar, foi um fim de semana bem agitado e meu corpo precisava dormir umas oito horas seguidas, fato não entendido pela minha cabeça que continuava a fervilhar e não me deixava simplesmente desligar. Quando estava convencido de que não conseguiria dormir, resolvi olhar se a Paula estava online, e para a minha grata surpresa, tinha acabado de ficar, então resolvi mandar uma mensagem.

"E ai Loirão, chegou bem?"

Acabei de mandar a mensagem e estava me sentindo um adolescente esperando o bilhete de volta da menina na sala de aula, sorri com a lembrança e já imaginei o quão mais fácil seria se eu e a Paula morássemos na mesma cidade e estudássemos na mesma escola, talvez até já estaríamos namorando agora, sem distância. BRENO SIMÕES, VOCÊ ESTÁ PASSANDO DOS LIMITES! – falei pra mim mesmo, me repreendendo, quando vi que chegou uma mensagem.

"Cheguei bem sim Xênon, mas já estou com saudades desse trem lindo que deixei em Goiânia".

A Paula era realmente muito direta, e eu amava isso nela, ela não escondia o que pensava ou o que sentia, era muito transparente, e isso ao mesmo tempo em que me passava segurança, me dava um pouco de medo também.

"Eita mulher conversada! Eu também já estou aqui pensando que vou sentir falta da minha mochilinha (emoji de carinha triste)."

Eu definitivamente estava passando dos limites.

"Menino, nem fala, eu estou me batendo aqui na cama sem conseguir dormir, sem as costas largas cheia de sardas lindas pra eu me encostar, tem certeza que não tem planos de abrir uma filial em solos mineiros? Estou sabendo que esse negócio tem futuro aqui!"

Sorri feito um idiota ao ler a mensagem, pelo menos isso significava que ela queria tanto como eu que não existisse essa porcaria de incompatibilidade de CEPs entre nós.

"Olha que é uma proposta tentadora hein! Vou precisar de moradia e alimentação..."

"Isso eu garanto, pode ficar tranquilo!"

"E vou precisar de companhia também, já que não conheço muita gente ai, você terá que ser no mínimo minha guia."

"Mas moço, você vai acabar enjoando de mim, porque sem duvida eu vou querer me aproveitar muito de você!"

E mais uma vez lá estava nos meus lábios, aquele sorriso besta, se eu não estivesse vendo minha barba e minha cara que escancarava meus trinta anos, ia achar que viajei no tempo e sou um menino de novo, encantado com a primeira namorada, porém nem agora a Paula era a minha namorada.

"Essa proposta fica cada vez mais tentadora. Mas agora falando sério, quando vamos nos ver novamente?"

"Então a gente não estava falando sério moço? (emoji rindo). Eu não sei, por mim amanhã, ou hoje mesmo, mas esses quilômetros todos não nos permitem né? Mas eu vou pra São Paulo daqui 01 mês resolver umas coisas da empresa e ouvi você comentando que teria que ir pra lá também, poderíamos marcar a mesma data né? O que você acha?"

Eu já disse o quanto amo que a Paula seja direta? Pois sim, eu amo isso nela!

"Eu acho ótimo, mas 01 mês ainda é bastante tempo né? Tem nada pra fazer aqui antes?

"Não Xênon, infelizmente só beijar sua boca e isso pra mim é um ótimo motivo, mas minha empresa não pensa igual!"

"Que pena! Mas vai passar rápido. Eu espero né. A gente vai se falar todos os dias né, ou você vai esquecer de mim?"

"Claro que vamos nos falar, e você é que é rodeado de meninas, tá mais fácil você me esquecer."

"Nem se eu quisesse, a mineira invadiu meus pensamentos, e ainda tem o dom de me relaxar, acho que vou dormir, olhei aqui e já esta quase de madrugada e você também deve estar cansada. Boa noite Loirão! Beijos na boca!"

"Estou cansada mesmo, boa noite gostoso, durma bem e até amanha!"

Eu sabia algumas cantadas e até me considerava bom de lábia, mas eu estava realmente sendo sincero, estava feliz e relaxado depois de falar com a Paulinha, ao mesmo tempo que ela era um furacão, era também a calmaria que vinha depois dele.

Já havia se passado uma semana e eu e a Paula nos falávamos todos os dias, eu mandava mensagem de manha, e ela me ligava a noite, isso quando não conversávamos durante o dia sempre que acontecia alguma coisa de diferente e queríamos compartilhar um com o outro, e mesmo assim eu ainda tinha uma saudade absurda dela, do cheiro, do toque e principalmente do olhar.

Nós continuávamos saindo com os amigos, porque o idiota aqui não conseguia dar nenhum sinal de que queria algo mais sério, mas só a ideia dela ficando com outra pessoa já me deixava nervoso.

Depois de duas semanas as ligações e mensagens já não eram mais suficientes e nós começamos a nos falar por vídeo chamada, o que permitia que a gente se olhasse, mas não possibilitava ainda que eu a tocasse e inalasse aquele cheirinho de Paula Carolina que estava me viciando, ou melhor que eu já havia me viciado né.

Então, naquela sexta-feira, depois de exatos 20 dias e sim, eu estava contando, abri o meu notbook e comprei uma passagem de ida para Belo Horizonte no sábado de madrugada, o voo sairia as 5:30 e eu já tinha a certeza que não dormiria de ansiedade. Queria fazer surpresa por isso falei com a Rafa, que me garantiu que Paula não tinha compromisso nesse fim de semana, inclusive para garantir marcou de irem juntas para o sitio da família dela. Foi um suplicio falar com ela naquela noite e não contar que logo logo estaria beijando sua boca e todo o seu corpo, e no fundo eu acho que ela percebeu que tinha alguma coisa de errado, mas como sempre me deu espaço e não quis me pressionar, e isso é mais uma coisa que eu amo nela, ela nunca me cobra nada, sempre me dá o tempo que eu preciso.

Depois de falar com a Paula, arrumei uma mochila com algumas peças de roupas e outros objetos que ia precisar e me deitei, mas, como previ não conseguia dormir, então me levantei e fui adiantar uns projetos que tinha para a semana que vem, enquanto aguardava a hora de ir para o aeroporto, eu queria a todo custo inventar uma desculpa para todo esse meu comportamento, mas a verdade era uma só: Eu  estou completamente apaixonado pela Paula!

Notas:

Ah gente que lindo! Nosso menino homem está apaixonado... Pena que só ele não sabia né! hahahaha

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