O Pequeno e a Gigante das Terras Vulcânicas

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"Dentre todas as terras orquestradas por nós, deuses da luz, a mais renegada e perigosa é com certeza os vales e montanhas negras de Oclidean. Obra mais poderosa de Tilanus e Spatius, eles não fizeram aquela região para abrigar a vida e sim para testá-la até o limite de seus corpos. O produto da evolução resultou na mais brutal luta pela sobrevivência, os humanoides que ali se arriscaram a viver tiveram bruscas mudanças em seu físico, adquiriram uma linguagem ríspida e simplória baseada em grunhidos e verbos simples, sua comunicação era limitada a própria tribo e possuíam diferentes culturas pouco desenvolvidas, por isso genericamente os chamamos de Orcs. Os frequentes saques e conflitos impediam que uma civilização centrada se desenvolvesse mais, mesmo que tenham inteligência para isso. Mesmo assim, no meio do calor da lava, perigo e tensão, até mesmo esses carvões podem gerar diamantes únicos que seriam prestigiados sobre outras perspectivas."

Livro da Sabedoria Espécies de Millinar, Parágrafo 8.



Mais uma vez acordo sob peles de animais em minha cama de ossos, coço meus olhos apenas para ter uma visão da rústica e tribal cabana compartilhada com meus sete irmãos, todos importantes na tribo, bem, todos menos eu. Sempre que abro meus olhos vejo minhas mãos esqueléticas, músculos definhados, a pele cinzenta tem escoriações de treinos simples que meus irmãos e irmãs passariam facilmente e que fracassei por ser fraco demais, por mais que eu tentasse, eu não conseguia ter o mesmo vigor que os outros.

Eu sou o mais inútil de todos os Orcs. Não é vitimismo ou algo do tipo, apenas a realidade. Aqui é a força bruta e a quantidade de batalhas vencidas que determinam os lideres, os gloriosos guerreiros e caçadores de feras. Não tem lugar para um orc que usa inteligência para se manter vivo, ou talvez eu só esteja vivo graças a piedade que minha irmã e irmão, Sarak e Uruk, tem de mim, se não fosse a pouca afeição que eles conseguem ter, eu seria alimento para os cães selvagens de Oclidean, os Caraghors.

Excluindo meus dois irmãos, meu único companheiro é uma flauta de ossos que meus irmãos trouxeram de um dos saques dos assentamentos humanos, por mais que eu seja encantado pela música, ninguém aqui quer saber disso, o que me faz ser um forasteiro em minha própria terra.

— Você acordar tarde, Pequeno. — Diz uma voz grossa e feminina, com certeza era Sarak, pois ela e meus outros irmãos me chamava de pequeno, já os outros da tribo Strentor me chamam de apenas inútil, a maioria esqueceu meu nome... É Urog para caso de curiosidade.

— E por que teria que acordar cedo? Sou recusado em todos os trabalhos da tribo.

— Urog, você reclamar demais, se quiser ajudar vêm. Trabalho pra todos, pode colher frutas na montanha. — Me impressiona o fato de eu ter uma linguagem tão diferente em comparação aos meus irmãos... E todo o resto da tribo.

Não me entenda errado, eu aprendi a ler e escrever com os raríssimos livros que existem na tribo, agora 90% dos meus companheiros de espécie parecem crianças de 10 anos tentando falar corretamente. Não é necessário dizer que a linguagem rústica e infantil causou muita confusão e desentendimento entre as tribos.

Ela está me esperando na porta, não posso evitar pensar que a diferença entre nós é gigante, ela é uma Orc imponente, respeitada pelos outros e eu, um pequeno e estranho orc, indesejado por todos. Além disso, existe a diferença na nossa linguagem, era muito diferente, como eu disse antes, consegui aprender o básico da língua comum graças aos poucos livros que ela me dava e as poucas canções que eu aprendia, já ela, como os outros, não sabia sequer conjugar verbos, mesmo irmãos éramos tão diferentes.

Sarak é enorme, cheia de músculos e cicatrizes em sua pele cinzenta, seus olhos vermelhos eram ameaçadores para aqueles que não a conhecem, ouso dizer que a amadura feita de couro de caraghors realça seu espírito tribal. Caraghors? Eles são cães ferozes de quase um metro e meio de altura e sempre com os caninos para fora, coisa que não tive a benção de ter como muitos orcs têm.

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