Capítulo 7

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Se eu soubesse que passaria fome durante aquele encontro, teria marcado por mim mesma, o restaurante. De preferencia um fastfood, que ai não teria erros. Não que o Applebees Grill & Bar fosse ruim, muito pelo contrário, eu apreciava a comida do lugar. O problema era fazer o pedido por mim.

Eu realmente odiava pessoas intrometidas, e Hellen mais do que rapidamente se tornava a primeira da lista. Assim que abriu a boca ao pedir SALADA.

Obriguei-me a comer uma coisa verde, morna e pegajosa com frango grelhado. Fiz um esforço sem tamanho para engolir aquilo, bebendo litros de água para ajudar a Depo

Nós mantivemos uma conversa amistosa ao passo em que comíamos. Fingi muito bem, para meu orgulho, que estava interessada nas gravações daquela porcaria de série que ela estava acompanhando.

Sim, porcaria. Porque, hoje, tudo que viesse dela era uma bela porcaria.

Regina permaneceu completamente muda enquanto eu conversava com Hellen sobre algumas pequenas mudanças no texto e deixando claro que se ela não gostasse poderíamos chegar em outro acordo. Contudo para meu agrado, ela foi resiliente e sequer contestou minha edição. Afirmei, assim que estivesse pronto nos encontraríamos novamente. E talvez pelo meu olhar hostil quando nos despedimos, ela não voltou a dar em cima de mim. O que, obviamente, agradeci. Desse modo ela não me envergonharia na frente da minha chefe.

Lembrei-me da minha mãe enquanto pensava nisso, caminhando pela calçada em direção ao carro. Ela me empurraria sem pestanejar para Hellen. O que de um modo ou de outro seria engraçado.

A noite estava fria e silenciosa, de modo que nossos saltos ecoavam pela rua deserta. Andávamos lado a lado, como que sincronizando os passos e segurando firme o casaco em volta do corpo em uma tentativa inútil de nos aquecer naquele lugar.

Ouvi uma musica alta assim que chegamos ao carro. Olhei para esquina e lembrei que o 108 Buster's abria aos sábados a noite. Tinha música ao vivo e comida descente.

Meu estômago revirou quando encarei Regina, que esperava ao lado da porta do passageiro. A fome não deixava que eu agisse com coerência enquanto meu olhar tamborilava entre ela e o estabelecimento de meu interesse sem tomar qualquer atitude.

Até que ela arqueou a sobrancelhas me perguntando silenciosamente se ficaríamos naquela situação para sempre. Ou eu assim julguei.

Ela olhou para trás seguindo o ponto de meu interesse e disse:

- Então?

- Você já comeu tacos? - perguntei timidamente, incerta de que ela comesse algo desse tipo. E sem querer explicar que eu continuava com fome.

- Claro que já. - ela disse antes de revirar os olhos.

- Então você gostaria de ir até ali? Eu meio que preciso, desesperadamente, tirar o gosto de salada da minha boca - falei passando a mão pelo cabelo nervosamente.

Ela não pareceu espantada com a minha confissão. Então sem dizer "sim ou não", apenas deu as costas para mim seguindo em direção ao Buster's.

Suspirei aliviada, enfim poderia comer algo descente.

E quando entramos, Regina se encaminhou para uma mesa mais afastada, onde se podia ter uma ótima visão do lugar.

Sentei-me em sua frente assim que um garçom apareceu nos entregando o cardápio. Eu já sabia o que pediria. Então aquele ritual tornou-se desnecessário, dispensei o menu e pedi tacos de carne, e molho de guacamole.

Ela entregou o seu cardápio também e pediu um Martini.

- Você não vai comer nada? - indaguei indignada, tacos eram ótimos para serem recusados.

Não foi à Primeira VistaOnde histórias criam vida. Descubra agora