Capítulo 15

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Nós cinco chegamos mais cedo, em Miami. Regina disse a Zelena que iria, porém eu não tinha tanta certeza. Então pegamos o voo das 16 horas e às 19 e meia já estávamos a caminho da minha casa de praia.

A casa estava do mesmo modo que deixamos na virada do ano. Organizada e limpa, o que contribuiu para largarmos as pequenas bagagens e correr para o supermarket mais próximo e comprar os suprimentos necessários para o fim de semana.

Eram por volta de dez horas quando Regina chegou, e bom... Não veio sozinha.

Quando eu praticamente implorei que ela visse passar o feriado conosco, não imaginei que ela traria bagagens desnecessárias.

Travei o maxilar assim que os vi descer do carro. De longe a presença dele me incomodava, então o que seria de mim enquanto eu tivesse que aguentá-lo por dois dias? DOIS DIAS INTEIROS.

Ruby e Zelena me encararam se desculpando, e eu revirei os olhos. Eu tinha consciência de ninguém ali tinha culpa de nada, então por que eles me olhavam com aquelas caras? Eles, porque se já não bastasse, August, o engraçadinho da turma, olhando para mim como se estivesse em um enterro, agora até Alysson tinha o mesmo olhar.

- Faz as honras da casa - disse a Ruby dando as costas para o grupo - vou dar uma volta. - e segui a passos largos em direção a garagem.

A chave da moto estava em minha jaqueta preta, na garagem. E me agradeci mentalmente por ter deixado-a ali na última vez, já que nem morta entraria em casa agora.

Mais do que depressa, coloquei o capacete, vesti minha jaqueta e liguei a Ducaty, saindo dali o mais depressa possível. Usei uma pequena passagem lateral da casa, para não ser obrigada a cruzar com eles, e peguei a via para esquerda, indo de encontro ao meu refúgio. O farol.

Fiquei observando o mar por uma meia hora. Tentando me acalmar com os conselhos de D. Mary, "Respire devagar", ela dizia quando me encontrava igual um peixe fora d'água em busca de oxigênio.

Eu tinha que dar um jeito de voltar a ser a Emma de antes. Sem Reginas e Daniels. Aliás, sem tudo isso, esse sentimento babaca que eu não ousava nomear.

O problema é que eu já tinha dito a tal palavra que começa com "a" e terminava com "paixonada" em voz alta. E depois disso, tudo parecia mais forte, e os sentimentos quase palpáveis.

Meu consolo era de que eu nunca fui muito emotiva e chorona, do contrário eu andaria desidratada por aí.

Fiquei pensando em como eu me meti nisso. Provavelmente foi no dia do meu aniversário, talvez no dia em que tivemos nossa primeira conversa íntima, ou o dia em que inventei de ensiná-la a dirigir meu bebê.

Nada fazia sentido e tudo doía como o inferno.

Meu subconsciente levou-me para casa, porque eu sequer lembrava de que caminho tomei para chegar até aqui.

A garagem já estava aberta, e o motor da moto fez ecoar aquele ronco magnífico. Tirei as chaves e coloquei no bolso da jaqueta novamente, se eu precisasse de uma ligeira escapatória ali estaria ela. Coloquei o capacete na bancada e virei-me para pendurar a jaqueta junto com as outras. Senti aquele perfume que tanto amava invadir minhas narinas e fechei os olhos, me amaldiçoando, eu só poderia estar louca. Eu já imaginava Regina em todos os lugares, como se ela fizesse parte de mim.

Contudo quando virei-me em direção a saída, ela realmente estava ali. Usando um vestido solto, os cabelos levemente bagunças pelo vento, os lábios pintados de vermelho, me dando o maior sorriso de todos, aquele que até mesmo, seus olhos sorriam. Linda. Como sempre.

Não foi à Primeira VistaOnde histórias criam vida. Descubra agora