Capítulo 14

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A partir do momento em que me vi apaixonada por ela, cada segundo na presença de Regina Mills e Daniel eram um suplício. Então eu me afogava em qualquer líquido que tivesse um teor alcoólico acima de 60 por cento. E naquele dia não era diferente.

Estavam todos sentados no mezanino no The Cannibal. August, Zelena, Ally, Daniel, ela, Ruby e eu.

Por mais difícil que fosse, eu tentava inutilmente não encontrar os olhos dela. Os dois juntos me davam náuseas, e Daniel não conseguia manter a maldita boca afastada da dela. O pior de tudo era aguentar as olhadelas furtivas de Ruby para mim. Conseguia ouvir claramente a voz dela retumbando em meu cérebro com um: "A culpa é inteiramente sua, agora, aguente".

Não, Ruby. A culpa não era minha. Eu não posso fazê-lo sumir, simplesmente. Adoraria ter poderes para isso. E por mais que, dificilmente, tentaria algo a mais com ela, era melhor do que vê-la com alguém. Egoísmo? Talvez, afinal, o ciúme, algo que eu nunca havia sentido me consumia. E fazia doer em partes do meu corpo que eu nem sabia que existiam.

- O que você tem? - August sussurrou em meu ouvido. Provavelmente eu estava olhando meu copo vazio sem expressão.

- Nada - eu sussurrou de volta, encarando aquela terrorista que nem ao menos me deixava dormir.

Ele soltou uma gargalhada fazendo-me despertar da minha bolha de sofrimento e encará-lo. Certamente ele sabia, que meu "nada", tinha nome e sobrenome.

August tinha essa mania, de rir extremamente alto e chamar a atenção toda para si. Naquele caso para mim, já que nos encarávamos e todos olhavam para nós.

- Qual é a piada? - Zelena perguntou tamborilando os olhos azuis de mim para August. Eu queria sair dali, pois todos achavam muitíssimo engraçado, o fato de Emma Swan, perdidamente apaixonada por uma mulher. Algo inédito em minha, insuportável, existência. Aparentemente ela "pegou" algo no ar e me deu o sorrisinho mais cínico do mundo – Ah!

Eles estavam me torturando. Fazendo planos mirabolantes para que eu falasse com Regina. Se eles tinham tanta certeza que isso funcionaria, porque EU que teria que tomar atitude? Porque ELES não convenciam ELA de falar comigo.

- O que foi? - ouvi a voz de Regina enquanto eu fuzilava Zelena e Ruby e minha frente, que ainda sorriam debilmente para mim. Ao menos ela não estava entendendo nada.

- Tudo bem, para mim já chega - falei indo até o bar a passos largos.

Na história da humanidade, não havia registros sobre o que se fazer quando não se sabe o que quer. Eu a queria, porém não tinha certeza se era recíproco. Então, certamente eu sofreria uma rejeição. Ou seja, eu a queria, mas não estava psicologicamente preparada para um fora. Até porque ela parecia feliz, com o senhor perfeição.

Nunca me imaginei sufocando de amor por alguém. Logo eu que, me achava vazia e que esse sentimento jamais me preencheria. Logo eu que, era uma defeituosa em questões do coração e não acreditava nesse tipo de sentimento. Agora eu estava ali, sentindo a garganta embargar e me perguntando quando foi que comecei a gostar dela mais do que a mim mesmo. E o porquê eu era tão obtusa e não ter percebido que ela estava ali o tempo todo.

- Emma, não é? - a bartender questionou-me enquanto eu tentava ignorar o chamado dos meus supostos amigos para voltar a mesa.

A garota era bonita, cabelos castanhos curtos acima dos ombros e levemente bagunçados. Usava o uniforme vermelho padrão de todos os garçons dali. E mesmo assim, ficava extremamente atraente neles. E quase desmaiei quando ela sorriu para mim, lindamente, e eu não senti vontade alguma de beijá-la.

Definitivamente, eu estava fodida. E não era no sentido bom da palavra.

- Sim - limitei-me a responder, sem estranhar o fato dela saber meu nome.

Não foi à Primeira VistaOnde histórias criam vida. Descubra agora