Noite da Pizza

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Cansada, depois de um dia exaustivo de trabalho, o que eu mais queria era um banho e a minha cama.

Contudo, quando se tem uma irmã insuportável, todas as suas vontades são deixadas de lado.

Eu ainda não tinha engolido aquela palhaçada do vídeo, por isso dei um jeito de sumir com aquele CD. Depois de me certificar que não existiam cópias, o quebrei em pedacinhos, e joguei no lixo.

Confesso que fiquei em dúvida entre tocar fogo e depois jogar no lixo, mas a ordem dos fatores não alteraram o produto. E enfim eu tinha me livrado daquela vergonha.

De qualquer forma, nada me impedia de olhar torto para Zelena toda vez que eu lembrava do circo que ela havia montado em cima daquilo. Por isso evitei-a por uns dias, e devo acrescentar que não obtive muito sucesso. Afinal era Zelena e o seu objetivo, nesta vida, seria me infernizar o quanto ela pudesse.

Depois daquela cena na casa dela, eu e Emma começamos a nos certificar de que elas estavam vestidas antes de entrar em qualquer lugar. Sempre atentas a ruídos ou barulhos estranhos e contínuos.

O fato de pega-las no flagra uma vez não nos incomodava, o problema é que já passava e muito, de uma única vez. E isso acontecia quase que diáriamente.

E eu não tinha me acostumado ainda. E muito menos queria ouvir as gracinhas de quando isso acontecia. Como quando abrimos a porta do quarto de Ruby, estranhando a demora das duas e as pegamos no ato.

- Estamos atrasadas, vocês não podem fazer isso depois? - perguntou Emma assim que lacrou a porta, completamente irritada com a irresponsabilidade das duas. Já que ir ao cinema estava quase fora de cogitação a uma hora dessas.

- Você só esta estressadinha porque não estava fazendo o mesmo com a Regina. - Ruby berrou do outro lado da porta. O que resultou em uma Emma constrangida e vermelha. E eu sem saber aonde enfiar minha cara. Embora eu tenha achado, secretamente, a loira envergonhada a coisa mais fofa do mundo.

Hoje, eu resolvi não correr nenhum risco. Ocupei uma mesa, e pedi um café enquanto me martirizava por ter aceitado a carona de Zelena e ter parado no The Cannibal ao invés de ir para casa.

Mesmo como todas essas situações constragedoras, eu estava feliz por Zelena, fazia muito tempo em que eu não a via sorrir sozinha. E agradeci ao universo por ter posto meus novos amigos em nossos caminhos.

A tal da Sophia me entregou um café expresso, toda sorridente. Limitei-me a agradecer meneando levemente a cabeça. Fechei os olhos e tentei entender o porque a garçonete me irritava, sendo que ela nunca me fez nada. Muito pelo contrário, ela exercia seu trabalho muito bem, e nunca deixando de ser educada.

Ela ia de uma mesa a outra sorrindo, igual uma garotinha cínica, me fazendo revirar os olhos, de tão enjoante que ela era. Sophia me despertava um estress desnecessário, apenas por encará-la. Eu nem sabia da onde vinha esse ódio gratuito.

Ultimamente eu estava trabalhando essa coisa de ser uma pessoa mais educada e menos histérica e grosseira. Só que ela... Ela não estava na minha lista.

- Ei, não sabia que você vinha. - eu não precisava encará-la para saber de quem se tratava, e instantaneamente, meu cérebro parou de trabalhar em coisas inúteis, e a única coisa que eu sentia era alívio por encontrá-la ali. Como se fizesse anos em que eu não a via. Como se meus dias fossem um borrão, e só voltassem a nitidez quando nos encontrávamos. - Ao menos não tomei um bolo sozinha.

Emma beijou minha bochecha e ocupou o lugar em minha frente. Eu sacudi a cabeça, finalmente entendendo o sentido da frase dela, ou melhor, não entendendo nada.

Não foi à Primeira VistaOnde histórias criam vida. Descubra agora