Capítulo 36

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Camila point of view

O relógio bateu exatos uma e meia da madrugada quando acordei e confirmei o motivo assim que olhei para a cama, Kiara não estava ali. Me levantei e sai do quarto, já tinha uma noção de onde estava. Já se passou um tempo que estamos na ilha, essa semana em específico estava sendo difícil, Kiara voltou a ter pesadelos muito fortes e reais depois do julgamento de Matthew. Ela quase não está dormindo e isso está me preocupando cada vez mais.

O julgamento foi tenso e estressante, foram 8 horas dentro do tribunal, foi bem polêmico e precisamos sair da paz da nossa ilha para voltar para New York. Kiara está estressada desde antes julgamento. Muitas pausas foram feitas, testemunhas, defesa, acusação, no final deu tudo certo. Matthew e todos os envolvidos receberam prisão perpétua. A equipe de advogados que representou minha namorada sugou até a última gota para dar as piores penas para eles.

Antes de sair para o lado de fora, eu vesti com um casaco e peguei um extra, em seguida sai para a praia. De longe, eu a vi sentada na areia, sem estar bem agasalhada contra o frio. O Rio de Janeiro era predominante sol na grande parte dos dias, são poucos que chove, mas a noite faz frio por conta da maresia do mar e a vegetação amazônica. Eu amava, não podia negar.

- Vai pegar o resfriado assim - Me sentei ao seu lado e coloquei o casal sobre seus ombros.  Kiara fungou uma risada e se inclinou para o lado, descansando a cabeça no meu ombro.

- Não adianta mesmo sair da cama sem você perceber, sai não faz nem cinco minutos. - Apenas ri e entrelacei nossas mãos.

- Meu corpo sempre sente quando você não está na cama. Pesadelo de novo? - Pergunto, beijando sua cabeça. Kiara não gostava de me incomodar quando estou dormindo, mesmo que eu sempre diga o contrário. Desde que me acordou de madrugada com um grito de pavor por conta de um pesadelo, ela criou o bloqueio.

- O mesmo daquele dia... Ele pegou você... Fazia tudo na minha frente... - Ela não conseguia contar o sonho, eu sei por partes e deduzi algumas coisas. Kiara sempre trava quando tentar contar algum pesadelo.

Tanto ela, quanto eu estamos fazendo o nosso melhor em nossas consultas individuais com psicólogos, estamos seguindo bem a indicação de alimentação e estamos voltando a prática exercícios físicos juntas, mas há coisas que não controlamos. Ir ao julgamento desencadeou uma série de gatilhos na minha bela mulher e isso me deixa tão triste. A minha psicóloga estava me auxiliando no que devo fazer nesses momentos, estou fazendo meu melhor.

- Estamos seguras.

- Verdadeiro, meu amor. - Abraço seu corpo com mais forçar. E toco sua cabeça, sentindo-a quente - Está com a cabeça doendo?

- Tomei um chá, já está passando. - Sussurra.

- Quer tentar dar um cochilo? Posso te fazer cafuné. - Negando, ela se afastou e endireitou a postura, e arrumou os cabelos para trás. Seu corpo ainda estava marcado por algumas cicatrizes, mas grande maioria estava sumindo graças a um creme.

Kira continua gostosa, está ficando mais ainda agora que está voltando a fazer academia e se exercitando para o bem da sua saúde física e mental. Eu também estou fazendo o mesmo.

Nossa vida sexual continua inexistente, mas isso não quer dizer que não nos provocamos, Kiara tenta evitar me tocar com sua mão trêmula, mas não deixo que faça isso. Eu vejo como sofre por conta da lesão, vejo em seus olhos a dor e o medo de não conseguir mais segurar um bisturi. Matthew merece morrer.

- Quero dar um mergulho, me acompanha? - Se levanta e estende a mão boa. Atualmente, sua mão está bem melhor do que no início, a fisioterapia está ajudando muito, apesar de não gostar nem um pouco da profissional que a acompanha, mas para voltar a comandar uma mesa de cirurgia levaria tempo.

Minha MédicaOnde histórias criam vida. Descubra agora