Parte 6

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O silêncio no outro dia era ensurdecedor. Desde que eu havia contado à minha familia sobre a minha decisão de voltar para Mainytown, eles sequer olhavam na minha cara. Eu tentava ser compreensiva, até porque eles passaram meses a fio acompanhando meu sofrimento por supostamente ter sido traída, mas eu também não estava feliz com o fato de que eu partiria no dia seguinte sem nem estar falando com minha familia: como eu mudaria de cidade sem a bênção das pessoas que eu mais amo na minha vida? O apoio deles era algo crucial em todas as decisões que eu tomava, mas, pelo menos daquela vez, eu provavelmente não o teria.

Eu havia combinado com Becca de encontrá-la no Belicious aquela tarde. Havia um tempo desde que eu à vi da última vez, e, para nós que não nos degrudávamos nem um dia, esse tempinho parecia uma eternidade.

- Vinte e dois anos... Você não tem vergonha nessa cara, Rebecca? Você quase que tem idade pra ser mãe do garoto. Além do mais, onde você o conheceu?

- Nós nos conhecemos no Soul Match, daí combinamos de nos encontrarmos naquele pub perto do shopping. Ele parecia ser mais velho na foto, e quando descobri que ele era novo desse jeito, já era tarde demais, eu estava envolvida. E ele não tem idade pra ser meu filho, a menos que eu tenha sido mãe com dez anos. Mas enfim, vamos deixar minha vida amorosa de lado e vamos falar da sua. Você esta convicta dessa mudanca repentina? Olha lá hein Claire, da última vez não terminou muito bem...

- A verdade é que eu fiz uma burrada daquela vez, eu fui precipitada. Não na minha decisão de mudar de cidade, era o que eu precisava naquele momento. Eu digo sobre ter saído de Mainytown daquele jeito: eu deveria ter pensado mais um pouco, ter procurado saber o porquê daquela situação e tudo mais. Mas eu acredito que dessa vez será diferente, eu estou indo, mais uma vez, por mim. Eu amo Klaus e me importo com ele de verdade, mas, se não der certo outra vez, eu vou simplesmente pensar direito e tomar uma decisão que me favoreça, não vou sair de lá chorando que nem uma maluca fazendo todo aquele drama, entende? Tenho que pensar mais com a razão.

- Eu entendo, Claire. E se você diz que essa é a melhor coisa a ser feita agora, você tem meu total apoio, como sempre. E se aquele idiota do Klaus Jones ousar fazer alguma coisa que te deixe triste, ele irá se resolver comigo. Mas enfim, o que seus pais acharam disso?

- Desde que eu falei pra eles, nem olhar na minha cara eles sequer olharam. Eu não me sinto no direito de julgá-los, sabe? Mas também queria que eles fossem mais compreensivos e me apoiassem.

- Relaxa garota, eles só foram pegos de surpresa, mas eles vão ceder. Eles te amam e vão te apoiar, tenho certeza.

- Espero que esse apoio venha o mais cedo possível, pois eu parto amanhã.

- Amanhã? Perai, você vai partir amanhã e eu só estou sabendo hoje disso? Agora é eu quem estou puta.

- Aquele dia eu não consegui te falar, e você tambem vive longe do Whatsapp... E você irá me visitar o mais cedo possivel para conhecer o meu apartamento.

- Achei que você ficaria na casa de campo outra vez.

- Eu até pensei em ficar, mas Klaus tem um apartamento perto da casa dele, em LightVille, então vou ficar por lá mesmo. Mas, falando da casa de campo, como está Jerry? Já faz um tempo que não nos falamos. Tentei contatá-lo mas a ligação sempre caía na caixa postal.

- Eu achei que eu tinha comentado com você. Jerry conheceu uma garota, uma tal de Maggie. Pelo que ele me contou, as coisas ficaram sérias e eles estam morando juntos. Eu tenho o novo telefone dele, se você quiser. Daí vocês podem combinar de se encontrar.

Assim que sai do café, fui direto à livraria resolver alguns assuntos da minha demissão, e me partiu o coração ter de deixar Madison. Eu havia me apegado à ela, e, nesse tempo em que trabalhei lá, nós criamos uma amizade um tanto quanto improvável. Improvável não seria exatamente a palavra, já que minha mentalidade e meu espírito que nada compatiam com a minha idade atraíam crianças e adolescentes.

Mr. Lovely JonesOnde histórias criam vida. Descubra agora