Parte 7

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Eu estava exausta da viagem e só queria cair na cama. Chegamos às 6 da manhã em Mainy, e, assim que eu saí do carro, um palio preto estacionou logo atrás da gente. Minha cara de surpresa e o susto simultâneo que eu levei quando vi quem saiu do banco do carona foram impagáveis. Com uma mochila nas mãos, enquanto pegava a mala que o motorista lhe entregava na outra, Madison se dirige a mim e, quando percebe que estou em estado de choque, começa a falar:

- Antes de você gritar comigo, escuta o que eu tenho pra te falar. Eu fugi de casa, eu sou uma idiota, inconsequente... eu sei de tudo isso. Mas eu não poderia continuar lá, e a primeira coisa que me veio na cabeça foi te seguir até aqui. Então, eu paguei 50 dólares pro G. Terry me trazer. Mal sabia eu que aqui era tao longe! 11 horas de viagem? Se eu soubesse, tinha reconsiderado.

Ainda em estado de choque, eu respondi, após ficar um tempo olhando pra cara dela tentando entender o que estava acontecendo:

- Você pirou de vez, Madison? Como você foge da sua casa e vem parar aqui em Mainytown atrás de mim? Seus avós devem estar mortos de preocupação.

- Eles sobrevivem. Além do mais, nem devem ter dado falta de mim.

- Entre que eu vou ligar para eles e avisar que você está aqui. E depois a gente vê o que faz.

Maddie se ajoelhou, botou as malas de lado, e falou, em tom de misericórdia:

- Por favor, deixar eu ficar com você. Eu prometo que não vou te incomodar. Você nem vai lembrar que eu tô aqui, permanecerei muda se você quiser.

- Madison, se coloca na minha situação: como eu vou abrigar uma adolescente na minha casa, em outra cidade inclusive, sem mais nem menos? Além do mais, se seus avós ficarem sabendo, o que uma hora precisa acontecer, eles vão ficar com muita raiva de mim.

- Eles não precisam ficar sabendo. Não agora. E também, eu prometo que eu vou mandar notícias pra eles, dizendo que está tudo bem e que eles não precisam se preocupar. Claire, por favor, é só por alguns dias, eu prometo.

- Tá bom, eu deixo você ficar por um tempo. Agora vamos entrar, nós precisamos conversar.

O prédio LightVille Residential não tinha muita coisa de especial em relação aos outros prédios de Mainy, tirando a cor borgonha das paredes contrastando com a decoração em dourado, que dava uma certa sofisticação ao ambiente.

Fomos recebidos pelo porteiro, Sr. Miller, um senhor muito simpático, que logo tratou de nos ajudar com as malas.

Quando Klaus me disse que há muito tempo não visitava o apartamento, eu imaginei que lá estivesse sujo, e já estava me preparando psicologicamente para ficar o dia inteiro limpando. Mas, assim que cheguei percebi que, além de incrivelmente grande, estava impecávelmente limpo. Madison ficou admirando as obras que ornamentavam a sala de estar, e após repousar as malas numa poltrona, disse:

- Meu Deus, isso aqui dá dois da minha casa. Não imaginava que seria tão grande. E olha, eu não entendo muito dessas coisas, mas quem foi o decorador que fez esse trabalho incrível? Parece até um museu... mas agora vamos pra parte que realmente interessa: onde é meu quarto?

♡♡♡

- Primeiro de tudo: não quero que você use entorpecentes enquanto estiver aqui, nem um cigarro de nicotina se quer. Não quero bagunça: roupa espalhada, quarto sujo, louças no chão do quarto... Não quero visitas sem consulta prévia. E, pra terminar, você não pensa que vai ficar o dia inteiro em casa sem fazer nada. Vou te dar duas opções: se matricule em uma escola ou arrume um emprego.

- Só isso?

- Por enquanto sim.

- Seu desejo é uma ordem. Agora eu vou ali no meu quarto arrumar minhas coisas.

Mr. Lovely JonesOnde histórias criam vida. Descubra agora