Mr. Lovely Jones

Parte 8

"Eu dei uma saída pra ver se acho alguma coisa aqui por perto. Li nos classsificados que uma floricultura precisava urgente de atendentes e decidi dar uma passadinha lá. E vou aproveitar pra fazer uma cópia da chave pra você não ter que se preocupar mais em abrir a porta do apartamento pra mim. Volto antes das seis. Amo você"

Acordei às 8 da manhã com aquele bilhete pregado na geladeira. Klaus me pegaria ao meio-dia para almoçarmos, e disse ter de tratar de um assunto comigo. Minha ansiedade não me deixou dormir mais que cinco horas, e eu despertei ainda eram seis da manhã, rolando na cama as próximas duas horas que se seguiram.

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- Espero que esse assunto que você tenha para tratar comigo seja coisa séria. Não quero ter perdido sono por coisa boba. E à propósito, você fica espetacular de vermelho!

Eu nunca deixaria de me impressionar com a beleza de Klaus. Agora que ele estava com a barba e os cabelos grandes então, estava mais bonito do que nunca. Aqueles olhos azuis, a camisa vermelha marcando seu corpo escultural e o cabelo preso em um coque, confesso, me faziam ter pensamentos obscenos. Aquele homem parecia ter saído de um comercial. Ou melhor, de um filme de Hollywood.

-É bem sério, acredite. E você, acho que nem preciso dizer, está sempre espetacular!

- São seus olhos... Mas enfim, me diz, quem morreu?

- Por enquanto ninguém. Por acaso você se lembra do Gregory, que gerenciava o departamento financeiro da empresa?

- Aquele baixinho? Claro que lembro. Ele era muito simpático. Mas o que tem ele, morreu?

- Não, não foi isso. De uns meses pra cá, começamos a perceber algumas irregularidades nas contas da empresa. Do nada, os cálculos não batiam. Toda vez faltava algum dinheiro, uma quantia significativa. Como nós não tínhamos provas para acusar alguém de roubo, nós inventamos uma desculpa: dissemos estar cortando gastos e acabamos o demitindo.

- Eu nem consigo acreditar. Aquele homem era tão gentil e bondoso, não  parece do feitio dele roubar... Se bem que, ultimamente, não tenho colocado minha mão no fogo por ninguém! Bom, é uma pena que isso tenha acontecido, mas eu não entendi onde eu entro nessa historia.

- Eu andei pensando sobre quem poderia ocupar o cargo do Gregory, e cheguei a conclusão de que a pessoa mais competente e confiável para isso é você. O que me diz?

Eu não respondi de imediato. Eu estava ciente de que aquele emprego seria mais recompensador do que o que eu tinha antes na empresa, mas também exigia muita responsabilidade. Se qualquer deslize acontecesse, a casa poderia cair em cima de mim.

- Eu não sei Klaus... além de ser um emprego que exige compromisso dobrado e altas responsabilidades, eu não quero que ninguem pense que você está fazendo isso porque temos algum tipo de vínculo, entende?

- Você sabe que não é por isso, e é o que importa. Você é a pessoa mais dedicada e responsável que eu conheço, e exatamente por isso que eu estou te oferecendo essa oportunidade. Sinta-se à vontade para recusar.

- Eu não sei, Klaus. Não tenho uma resposta concreta para te dar agora, eu preciso de um tempo para pensar. Obrigado por pensar em mim e pela confiança. Amo você.

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O dia estava ensolarado até demais, e eu sentia que estava prestes a derreter. Me arrependi amargamente de ter usado calça jeans naquele dia, mas pelo menos, eu não estava com o casaco preto que havia quase se tornado parte do meu corpo.

Eu saira bem cedo para entregar curriculos em algumas lojas que estavam precisando de atendentes, e a última parada foi em uma floricultura que disse precisar urgentemente de alguém para atender.