"Você nunca pôde sentir a minha história
É tudo o que você sabe
Não vou ceder
Ela está no controle de tudo
de tudo
e de todos
Eu não vou desistir"Mary Stuart
Escócia, 1555.
Antes mesmo de completar meus sete anos de idade, fui prometida ao próximo rei da França o qual vi apenas uma vez. Devíamos nos casar para fortalecer a nossa aliança e os nossos países. Inglaterra e Escócia sempre manteram a paz, sendo separadas apenas por religiões diferentes. Nós, escoceses, somos católicos e os ingleses protestantes e isso até agora não venho a ser um problema. A França é um dos países mais poderosos dos últimos tempos, assim como eu, Elizabeth, minha prima, foi prometida ao príncipe Philip irmão de Francis. Vi minha mãe apenas uma vez, a mãe de Elizabeth morreu quando ela ainda era pequena e desde então fomos criadas juntas em um convento para nossa própria proteção até o dia do casamento.
Um barulho imenso vinha de um dos quartos do convento, muita conversa e agitação. Uma de nossas provadoras havia morrido.
— O que aconteceu? — Elizabeth perguntou assustada.
— Por que estão a pegar as nossas roupas? — eu disse enquanto elas pegavam e colocavam todas em um baú.
— A sua provadora morreu envenenada, Mary, quem sabe a próxima não será Elizabeth!— Lúcia nos informou, nervosa. Ela era uma das freiras mais antigas e a que cuidou de nós desde o começo disso tudo.
— Meu Deus!— Elizabeth estava horrorizada assim como eu.
— Vamos manter a calma. — segurei sua mão. — Não podemos ir assim.— olhei para a freira a nossa frente.
— Podem e devem, os guardas estão lá fora.— Lúcia nos abraçou. — Foram mandados por sua mãe e ela pediu que não os despeça sem ter a certeza que estão seguras na corte Francesa. Ela não tem tal confiança na rainha.—
explicou.— Então vão nos tirar daqui e nos levar para um lugar que talvez seja mais perigoso?— Elizabeth perguntou
— Não será, vocês são importantes para eles. Eles não podem quebrar a aliança, se fizerem mau a vocês haverá guerra.— Lúcia tentou nos manter calmas.
As carruagens estavam nos esperando cercadas de guardas, nos despedimos de todas as amigas que fizemos naquele lugar e agora iríamos dar um novo rumo a nossa história, ao nosso destino, iríamos conviver com pessoas que nunca vimos antes. Iríamos casar com pessoas que sequer conhecemos.
A França era linda e verde, os campos do castelo estavam radiantes, não tínhamos essa oportunidade no convento. Ao menos não a de conhecer lugares novos. Cada vez que se aproximava da entrada o meu coração doía.
— Eu estou muito nervosa, Mary.— Elizabeth disse com as mãos entrelaçadas umas nas outras.
— Vai dar tudo certo e se não der, nós estamos juntas. Somos família.— eu falei.
— São muitas pessoas torcendo para que qualquer uma de nós cometa qualquer erro, apenas uma falha. — ela disse olhando todos os franceses em frente ao castelo. A carruagem parou e descemos com a ajuda de um dos nossos homens.
— Isso não vai acontecer.— assegurei. Eu precisava acreditar nisso, meninas de apenas dezoito e vinte anos com responsabilidades enormes. Não são apenas as nossas vidas que estão em risco, mas também as nossas nações. Enquanto alguns tocam instrumentos musicais, um francês grita:
— Saudem Mary Stuart, rainha da Escócia e Elizabeth Tudor, rainha da Inglaterra! — Aplausos foram ouvidos e sorrisos falsos estampados em rostos desconhecidos.
— Finalmente, chegou a hora.— O rei aproximou-se com a sua rainha, Catherine. Eu os vi há muitos anos atrás, mas saberia reconhecê-la mesmo depois de mais duas décadas. Sempre ostentando seu olhar e pode confiante.
— Foi uma bela recepção, rei Henry. — Elizabeth elogiou e eu concordei.
— Aqui estarão sobre a nossa proteção, sejam muito bem-vindas.— Catherine nos abraçou e retribuímos o abraço.
— Suponho que estão a espera de nossos filhos. Eles devem estar chegando, foram cavalgar.— Henry explica.
Francis foi o único rapaz que eu tive algum tipo de amizade durante os meses que passei na corte. Ele era gentil e muito bonito. Por isso, eu estava ansiosa para vê-lo. Sei que Elizabeth sentia-se assim com Philip, mas eles nunca se viram antes e para ser honesta nem eu mesma lembro-me de suas feições. Nem as dele, nem as de Francis. As memórias não permanecem intactas. O pai de minha prima e Henry organizaram todo o acordo, enquanto ela estava ainda na Escócia, no convento.
— Conheceremos quando for a hora.— disse.
— Espero que não tenham se interessado por outros rapazes.— o rei brincou.
— Com todo respeito, meu rei. Em um convento não temos muitas opções.— Elizabeth falou, e eu ri.
— Espero que eles não tenham encontrado outras opções, pois, aqui é bem diferente de onde viemos. — Falei, o castelo parece cercado por moças lindas.
— Como rainhas devem saber que os reis não respondem as suas esposas.— Henry quis lembrar.
— Então que bom que não somos as suas esposas. — eu disse.
— Acho que não aprenderam bons modos por lá.— Catherine manteve um sorriso falso. Tenho motivos para acreditar em minha mãe.
— Acho que deveríamos entrar, se não se importam, a viagem foi longa.— Elizabeth encerrou a pequena quase discussão.
— Sim, claro.— Catherine disse a abriu espaço para que entrássemos, nossos guardas estavam prontos a nos seguir quando foram impedidos pela rainha.
— Algum problema, majestade? — Elizabeth virou-se.
— Eles não deveriam voltar a Escócia? — questionou.
— Não, eles estão aqui por nós. —
Elizabeth respondeu.— Eu já disse que estão sobre a nossa proteção. Agora vão. — Ela mandou e todos os homens permaneceram no mesmo lugar. — Não estão ouvindo a rainha da França falar?
— Minha rainha, esses guardas respondem a nós.— eu disse.
— Mas estão na França, e aqui as regras são nossas.— Ela expressava raiva.
— Metade deles são escoceses e a outra são ingleses. E adivinha rainha da França? As rainhas deles estão bem aqui na sua frente.— eu disse. Por dentro estava morrendo de medo, mas eu precisava demonstrar que não.
— Minha prima, tem toda razão. Esses guardas não dão um passo para trás ou para frente sem a nossa permissão. — Elizabeth falou.
— Isso não é necessário.— Henry disse.
— Ah, sim é! Tentaram nos envenenar. Não iremos colocar a nossa aliança em risco, se é que o senhor me entende. — Elizabeth disse.
Fomos treinadas e programadas a vida toda para isso: proteger e cumprir a aliança. Devemos colocar o acordo em primeiro lugar e esquecer de todo o resto.
— Como quiserem. — O rei disse descontente.
— Henry!— Catherine repreendeu, Elizabeth abriu a boca para falar alguma coisa, mas antes mesmo de se pronunciar foi interrompida. Lá estavam os príncipes da França, o futuro da Escócia e o da Inglaterra, que por sinal vinham a cavalo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Between Queens
RomanceMary Stuart, rainha da Escócia e Elizabeth rainha da Inglaterra, são primas e ambas são mandadas a França para cumprir suas alianças destinadas a elas desde crianças. Na corte Francesa provarão do amor ao ódio. Dá traição à vingança ao lado dos belo...