Capítulo 02

341 45 136
                                    

"O Sol vai parar de brilhar em breve
E você será escuridão em minha vida
Sim, você terá ido, é tão simples quanto mudar de ideia
Mas eu não pensarei no futuro"

Elizabeth Tudor

Os dois cavalos se aproximavam, um negro e um imaculadamente branco, e encima deles Phillip e Francis que esbanjavam beleza e confiança.
Olhei de relance para Mary mas ela já não prestava atenção, seus olhos estavam focados no homem em cima do cavalo branco, seus cabelos claros e agora visíveis belos olhos azuis não deixavam dúvidas, que aquele era Francis. Mary o conheceu quando criança, que era um ponto para ela já que eu nunca havia visto meu prometido, mas pelo o que me parecia, isto estava prestes a mudar.

Os dois homens desmontaram-se de seus cavalos e meus olhos automaticamente e sem permissão voaram para o homem alto de cabelos escuros até o ombro que caminhava até onde estavámos, seu olhar fixo no meu e um pequeno sorriso arrogante.

— Meus filhos, quero que conheçam a Rainha Mary e Rainha Elizabeth, nossas aliadas.— Catherine anunciou com seu tom falsamente doce. Céus, ela era tão falsa. — Suas noivas.

— A lembrança que eu tenho de Mary é completamente diferente. Mudou muito, majestade. Espero que ainda lembre de mim.— Francis deu um passo a frente e pegando a mão de Mary deixou um leve beijo ali

— Com certeza eu lembro. — Mary respondeu com um sorriso.

Francis fez o mesmo cumprimento a mim

— Elizabeth, é uma honra conhecê-la. — ele disse. Acenei com a cabeça e lhe dei um sorriso.

— O prazer é todo meu, alteza.

— Irmão, deixe-me apresentar também. — Phillip parou ao lado de Francis, seus olhos ainda fixos nos meus me desafiando a desviar o olhar. Com certeza eu não iria.

— Rainha Mary, é um prazer tê-la aqui em nosso país. — Ele cumprimentou do mesmo modo que o irmão.
— E Rainha Elizabeth, meu prazer convosco é ainda maior. — O sorriso insolente dançando nos lábios quando soltou minha mão. — Mal vejo a hora de conhecer minha futura esposa melhor.

Dei alguns passos para trás, criando distância.

— Penso o mesmo, alteza, mas creio que agora a Mary e eu necessitamos descansar, foi uma viagem longa e cansativa.

— Claro, os aposentos já estão prontos, e arrumaremos um lugar para seus... soldados ficarem. — O tom desgostoso de Catherine foi claro mas logo tratou de disfarçar fazendo algo que mas parecia uma careta a um sorriso.

— Agradecemos, agora se nos derem licença. — Mary agradeceu e então seguimos uma criada que iria nos mostrar os quartos.

— E então, o que achou? — cochichei ao ouvido de Mary enquanto andávamos ao longo do corredor. Não queria que a criada ouvisse, afinal ela servia a Catherine.

— Achei Francis educado. Gentil. Não posso tirar muitas conclusões afinal só o conheci na infância, muita coisa mudou de lá para cá, nós mudamos.

— Ele parece ser uma ótima pessoa, você teve sorte, Mary.

—  E sobre Phillip, algo a dizer? — Mary continuou, sua voz ganhou um leve tom de curiosidade.

—  Olhar insolente, sorriso arrogante. Infelizmente esta aliança é necessária, não é mesmo? Nossos países acima de tudo e de qualquer coisa.

— Sempre. — Mary confirmou.

  A criada parou e indicou que aquele seria meus aposentos.

— Bom, nos vemos no jantar. — Me despedi de Mary e entrei no quarto.

Eu dormi o resto da tarde e só acordei por algumas malditas batidas em minha porta. Era um criado e tinha ido avisar que o jantar iria ser servido e que o rei gostaria de ter na mesa a nossa presença, mas o mesmo não havia esperado para mostrar qual caminho seguir, agora Ana, minha dama de companhia e eu andávamos ás cegas pelos enormes corredores.

 — Acha que estamos muito longe da sala principal? — perguntei dobrando um grande corredor.

 — Creio que sim, majestade.

A voz masculina me fez parar de imediato, olhei sobressaltada para Ana que me olhou timidamente enquanto Phillip se aproximava.

— Devo atribuír dar sustos aos costumes franceses? — Perguntei. Phillip jogou sua cabeça para trás em uma breve risada. 

— Não,  perdoe-me se lhe assustei, apenas a vi perdida e achei que pudesse ajudá-la. — Sorri levemente e assenti, recomeçamos a caminhar com Ana sempre ao nosso encalço, calada.

 — O que achou de seus aposentos, está confortável?

— Sim, a Rainha Catherine é uma ótima anfitriã. — eu disse. Phillip ficou calado por algum momento.

 — Porque saiu do convento? — ele perguntou. Fui pega de surpresa pela pergunta, achava que o rei e Catherine houvessem esclarecido tudo aos filhos. O que me parece que as coisas são muito encobertas por aqui.

 — Já está mais do que na hora de concretizarmos o compromisso, não acha? — Parei e virei em sua direção e ele fez o mesmo. O seu olhar era sério.

— Me desculpe, mas discordo. Tudo isso é uma loucura, nunca havíamos nos visto até hoje, somos diferentes de Francis e Mary que se conheceram ainda criança. — ele disse. O olhei incrédula, mas logo me recompus dando um disfarçado sorriso.

— Creio que o príncipe saiba que nosso matrimônio será apenas uma aliança, portanto não estou entendendo toda esta sua preocupação, já que sabia que isso iria acontecer mais cedo ou mais tarde.

 — Não posso me casar com você!

Phillip passou a mão pelos cabelos, olhando para os lados como se procurasse uma saída, dei um passo para frente entendendo agora toda sua aversão ao casamento.

— Oh, não me diga que está apaixonado por outra mulher! — Soltei uma risada, dando outro passo para ainda mais perto
— é por isso que não quer se casar comigo?

 — Creio que isso não lhe diz respeito. — Phillip cerrou a mandíbula demonstrando o quanto estava nervoso.

— Claro que diz respeito a mim, mas do que a qualquer um. Mas lamento em lhe informar meu querido, que o casamento ocorrerá, vossa alteza apaixonado por outra ou não. Ouça bem o que eu digo, não colocarei meu país em risco por um capricho do príncipe da França.— disse, um olhar selvagem se apossou dos olhos negros, e sua expressão se tornou dura. Me afastei olhando para minha dama de companhia que nos encarava com os olhos arregalados. — Vamos Ana, creio que conseguimos achar o caminho sozinhas.

Levantando levemente a barra do vestido, olhei novamente para Phiilip fazendo uma mesura exagerada.

— Com licença, príncipe.

— Eu vejo que nunca amou alguém. —
o ouvi falar.

— Por acaso acha que temos direito a sentimentalismo? Você é um príncipe, então aja como tal.— eu disse e saí com Ana ainda ao meu lado.

KarolaynAlves

 Between QueensOnde histórias criam vida. Descubra agora