15 - Mais algumas pistas

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Kabuto caminhava tranquilamente pelas ruas da capital egípcia naquela tarde quente e carregada de areia, logo após um almoço simples, porém apetitoso feito num típico restaurante do país. Ambiente acolhedor, comida boa, em grande quantidade e relativamente barata, um bom chá depois e então a caminhada tranquila de um bom estudante que gostava de estar perto de livros que contavam com tamanha riqueza de detalhes sobre a história do país.

Ele adentrou uma das muitas bibliotecas da capital, passou por um pequeno corredor até se dirigir ao balcão onde duas atendentes o cumprimentaram com uma vênia. Ele devolveu o gesto muito simpaticamente e seguiu então para o espaço maior que se abrira diante de seus olhos. O complexo da biblioteca contava com dois andares e diversos corredores criados pelas estantes grandes de carvalho e pelas mesas redondas que preenchiam o restante do espaço.

A parte de história egípcia ficava no segundo andar e o Oficial seguiu para lá, adentrando um dos últimos corredores onde os livros sobre a mitologia e seus deuses estavam organizados pela ordem alfabética de sobrenome do autor. Casualmente pegou um dos títulos que falava sobre a deusa Isis, parando próximo ao final da estante.

- O último informante disse que algumas coisas agitaram o governo. – Disse um homem, tateando entre os livros por algum sem importância. – O General de Guerra aposentado morreu e o filho está em posse de uma espécie de livro. Ao que parece, o secretário de defesa disse se tratar de anotações que provam a existência de um minério raro que pode tornar milionário qualquer homem.

- E o que algum dinheiro extra poderia ter de importante para o departamento de segurança?

O homem pegou dois livros antes de se virar para Kabuto.

- Ao que parece esse minério foi retirado de nosso próprio país.

Kabuto sentiu as mãos gelarem e suarem frio. O livro em suas mãos quase caiu, sendo necessária uma força maior para que ele conseguisse manter o exemplar rente a suas vestes.

- Existe alguma prova disso?

- Eles ainda não sabem me dizer. Ao que tudo indica precisam do livro para confirmar a veracidade.

- E estão próximos de conseguir isso?

O homem pediu licença para Kabuto antes de sair do canto do corredor. Apesar do livro em seu braço, ele tateava em busca de outo, qualquer um que pudesse fazer peso enquanto a conversa acontecia.

- Não exatamente. O filho do ex-general é casca grossa.

- Isso não me põe medo. – Kabuto pegou um segundo livro. – Quem é esse homem?

- O Almirante de Guerra da Marinha dos Estados Unidos.

Pela segunda vez os livros bambearam nas mãos do oficial. Ele não sabia de onde estava tirando forças para sustentar o peso e a ideia de que eles pareciam incrivelmente mais pesados em seus braços gélidos e paralisados pela surpresa.

- Madara Uchiha?

- O próprio. Vai ser difícil, mas estamos mantendo contato. Talvez nos próximos dias eu consiga uma resposta junto do novo relatório vindo da Alexandria.

- Por enquanto é suficiente. Obrigado pela ajuda.

Kabuto pegou dois livros. Mostrou para as atendentes, sentou-se numa das mesas bem próxima as duas e ficou por ali por pelo menos meia hora. De esguelha viu o informante sair do prédio antigo e depois de algumas anotações e um momento de falsa reflexão ele devolveu os títulos para seus respectivos lugares.

As anotações pendiam debaixo de seu braço, guardadas dentro de uma pasta de plástico.

- O senhor pode pegar os livros emprestados se tiver uma carteirinha.

Sua atenção fora tomada para uma das atendentes. A mais nova das duas tinha um sorriso simpático e mostrava para o Oficial uma simples carteirinha de papel com espaços bem objetivos para identificação.

- Ah... Quer dizer, obrigado pela informação. – Ele devolveu o sorriso inocente, mas ainda se sentia atormentado. – Eu precisava de algumas poucas anotações, mas vou me lembrar de fazer a carteirinha em uma próxima oportunidade.

- Fique a vontade. – Disse a outra atendente. – Pode ficar até uma semana com cada livro e para renovar basta voltar aqui com a carteirinha. Não há complicações.

Ele sustentou o sorriso simpático até sair das vistas das duas mulheres. Seus passos, no entanto, eram incertos e ele precisou de algumas quadras de caminhada para cadenciar seu movimento e não parecer um suspeito em potencial. Passou por alguns policiais, comerciantes, turistas e moradores locais, camuflado por uma roupa comum que ocultava sua posição perante os outros.

Ele já estava adentrando o prédio do gabinete de Orochimaru quando precisou ocultar parte do rosto. Um policial saía pelo hall de acesso e ele preferiu se utilizar das escadas até o último andar. Não era um edifício tão grande, mas a labuta impedia as pessoas de usarem o movimento mecânico, preferindo a tecnologia dos elevadores.

Quando ele encontrou Orochimaru o mesmo bebia um copo de gim.

- O que há dessa vez Kabuto?

- O informante dos Estados Unidos disse que um ex-general do exército veio a falecer na semana passada. Com isso, eles conseguiram descobrir que o homem guardava um livro no banco há quarenta anos e que fora recuperado pelos filhos.

Orochimaru o encarou em sua costumeira feição séria e de desdém.

- Continue Kabuto.

- Ao que parece, nesse livro existem anotações sobre um minério antigo que com apenas uma grama pode tornar um homem milionário.

- E que interesse tenho nisso?! – Orochimaru esbravejou de repente e o copo fora de encontro a parede clara, despedaçando-se. - Eu já tenho dinheiro Kabuto.

- Eu tenho certeza disso senhor, mas ele me disse que esse mesmo minério, ao que parece, foi retirado de nossas terras.

Orochimaru ficou subitamente mais sério, como se isso fosse realmente possível. Ele se ergueu com tamanha força que sua poltrona se chocou contra a estante, deixando alguns livros caírem.

- O que? E como se chama esse minério?

- Eles ainda não têm todas essas respostas. Ao que parece o filho desse ex-general é poderoso.

- Que coincidência. – Uma risada de escárnio preencheu a sala do capitão. – Eu também sou poderoso e não tenho medo de qualquer americano e sua hipocrisia descarada. Quem é esse homem?

Kabuto ergueu levemente a cabeça, apenas para admirar a expressão de seu capitão.

- O Almirante de Guerra da Marinha americana Madara Uchiha.

Orochimaru crispou os lábios. Não recuou um passo fisicamente, mas em pensamento sim. Em seguida um sorriso estranho surgiu em seu rosto, não podia perder sua pose confiante.

- É mesmo? Então parece que vamos brincar com armamento pesado agora. – Ele sorriu para o horizonte projetado pela janela. – Kabuto, entre em contato com Nagato. Nós vamos dar ao Almirante o que ele tanto gosta. Quero ver se esse título justifica toda aquela pose arrogante e se ele realmente gosta tanto de guerra quanto faz parecer.

O oficial sim recuou um passo fisicamente.

- Na-Nagato? O Comandante russo?

Orochimaru sorriu, mostrando todos os dentes.

- É hora de virar esse jogo Kabuto. Se eles estão entrando com esse armamento pesado nós vamos devolver as coisas na mesma moeda e recuperar o que é nosso por direito. Faça isso de uma vez.

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