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O tempo passou sem que Ansel pudesse distingui-lo. Agredir um nobre foi a pior escolha que o pelejador poderia ter tomado. Arrastado pelos guardas, foi trancafiado, sem prazo para a sua audiência.

Nem os ratos o incomodavam mais, surrupiando parte da péssima comida que lhe ofertavam, através da brecha na expeça porta de ferro.

Sua letargia, resultado de uma dieta desproporcional ao seu condicionamento físico o fez delirar em certos momentos. Johanne surgia em seus vagos pensamentos e se perguntou se um dia deixaria aquela cela. Seu ato de impulsividade poderia ter sido o fim de uma vida que nunca existiu, entre ele e a jovem escrava.

Os ouvidos de Ansel captaram uma marcha. Passos ágeis percorriam as galerias do conjunto de celas até a abertura da porta que o mantinha isolado.

Soldados adentraram o espaço, encontrando o pelejador em um estado deplorável.

— Ele está péssimo! — Disse um dos soldados.

— Não podemos nos preocupar com isso, retirem as correntes! — Ordenou o oficial.

— Ele defecou em sua própria roupa... — Notou o soldado quase vertendo o seu desjejum.

— Se recomponha soldado! — Ordenou o superior. — Ansel, acorde! — Disse dando-lhe umas tapinhas no rosto. — O Conde reivindica sua presença no grande salão imediatamente. — Ordenou, recebendo de Ansel um olhar ausente.

— Acho que ele precisa se lavar... não? — Sugeriu o soldado.

— Você tem razão... cuide disso soldado! — Ordenou.

— O quê? — Disse o soldado, tentando conter o vômito.


O PRIMADO CAVALARIANO (2020) - LIVRO (Apenas os capítulos iniciais)Onde histórias criam vida. Descubra agora