13. cold cold cold

3.1K 376 808
                                    

O rosto de Adrien ficou quente.

— Você não pode namorar esse menino. Ponto final!

O loiro abriu a boca para protestar. Queria pisar o chão de mármore com força e abrir um buraco no chão. Seu pai não podia estar falando sério, não agora que as coisas começaram a dar certo. Sentia-se como as folhas do outono, caindo aos pouquinhos até não restar mais nada além do frio congelante.

— Você nunca vai entender, não é, pai? — disse em um tom suave. Não queria começar uma briga por mais que estivesse com raiva. — Isso não é só por não gostar dele. Eu sou o problema! Sempre fui uma pedra no seu sapato!

— Não invente essas coisas. Eu só quero o melhor para você — Gabriel reposicionou um enfeite em cima do piano no quarto do loiro e o encarou. — A sua mãe...

— A mamãe morreu, pai. Ela se foi — uma facada leve atravessou o peito do homem. Adrien não gostava de dizer aquelas coisas por ser assunto delicado. O problema é: todos os assuntos eram delicados. Os dois não conversavam sobre nada. — Se ela estivesse aqui me apoiaria não importa quem ou o que gosto.

Ambos olharam o piano enorme no meio do quarto amplo. Adrien se sentia em uma prisão mesmo sendo o lugar dos sonhos. Faltava alegria e cor em sua vida e, quando conheceu Luka, tudo mudou. Ele adorava a sensação de sentir o frio na barriga toda vez que o guitarrista acariciava sua mão. Ele se sentia especial só com o simples gesto de um beijo no nariz ou comentários sarcásticos sobre como a vida de ambos era diferente. De algum jeito, ele não sabia como, aquilo funcionava. E Adrien queria continuar. Ele queria ser amado.

— Eu estou feliz, pai. A banda, ele, tudo!

E se não fosse apenas pelo jeito de Luka? Se tivesse algo a mais? Não era possível que Gabriel Agreste rejeitasse o relacionamento do filho pelo mesmo ser gay.

Gabriel arrumou os óculos e caminhou até a porta do quarto em silêncio.

— Quando eu sentir que é seguro para você, talvez abra uma exceção. Pode continuar na banda, mas a partir de hoje o Gorila vai te deixar e buscar onde quer que vá.

Adrien abriu a boca. Desde os quinze anos era como se o mesmo tivesse uma doença que não o permitisse sair de casa. Agora o pouco de liberdade que tinha se foi.

Ele olhou para os próprios pés em tristeza. Gabriel estava certo de tudo e, ao que parecia, não sentia um pingo de tristeza.

— Chega de dormir na casa do seu amigo Nino, chega de caminhadas sozinho no parque, festas ou ensaios até tarde. Vou te vigiar. E se souber que estava a sós com aquele Couffaine eu acabo com ele, entendeu?

— Vou ter que terminar? — Adrien sentiu o rosto ficar mais quente. A visão começou a se embaçar e sentiu os lábios mais úmidos.

— Acho que ambos sabiam que, uma hora ou outra, a brincadeira terminaria.

O loiro virou o rosto. Não queria alimentar o ego do pai com mais uma vitória. Kagami tinha razão, ele precisava fazer alguma coisa. Deixar o homem controlar a vida como queria era uma idiotice. Mas Adrien sentia-se tão indefeso e com medo de tudo. Gabriel era a única família que tinha. Era terrível como o mais velho não entendia.

— Semana que vem tem uma festa que Chloe Bourgeois está preparando. Vou fazer uma fantasia para você.

— Agora preciso ir em uma festa de halloween? — fungou e teve vontade de rir, sarcástico. Ergueu o semblante abatido para o pai. — Eu não quero!

— Adrien, isso são negócios. Conhece Chloe desde crianças e sabe que a família Bourgeois é muito rica e influente, tanto o prefeito quanto a mãe dela. Vista a fantasia, vá na festa, sorria, tire algumas fotos e volte para casa. Não deve ser tão difícil — Gabriel abriu a porta e olhou para o chão por alguns segundos. Seus ombros caíram e Adrien jurou ouvir um suspiro do pai. — Seus amigos estarão lá, então aproveite enquanto pode.

For Kiwi • Miraculous (Lukadrien)Onde histórias criam vida. Descubra agora