Adrien terminou o café da manhã e olhou para o Gabriel sentado à sua frente. Não pôde conter um sorrisinho da vitória. O pai quase nunca participava de refeições com ele.
— Seus amigos já devem estar chegando — o homem disse. Adrien viu o relógio. Ainda tinha um tempo.
O mais novo queria sair de casa. A primavera estava chegando e os fios rosa já não eram tão escuros. O pai ainda não entendia bem o filho e aos poucos iam se aproximando e fazendo atividades simples como tomar café e conversar. Ambos sentiam que depois da morte de Emilie Agreste os dois não se conheciam mais, e apenas quase quatro anos depois as coisas finalmente estavam mudando.
— Vocês vão fazer um piquenique no parque? Ainda está meio frio.
— Meio frio. Vamos olhar as primeiras flores desabrocharem. Acho que não devia ter comido tanto — Adrien riu. Gabriel conseguiu dar um sorrisinho, algo que deixou o menino mais radiante.
— Leve um casaco e volte antes de ficar escuro, já que vão ensaiar pela tarde não é? Ah, e divirta-se.
Adrien sorriu. Na mesma hora a campainha tocou e soube que era Nino. O loiro se levantou e foi até o pai, deu um beijo no topo da cabeça dele e agradeceu.
Foi até a sala onde o casaco estava jogado no cabideiro. Vestiu o mesmo, não tão quente, e olhou um quadro na parede que mostrava a foto de Emilie abraçando o filho esboçando um sorriso e seus belos olhos verdes. Eles eram praticamente iguais.
Ele ficou feliz de vê-la mesmo sabendo que a verdadeira não estava ali. Sentiu um calor bom no peito de saudade, e certo conforto. Emilie sempre esteve ao lado dele e sempre estaria.
— Tchau, mamãe.
Então ele saiu de casa, correu um pouco pelas escadas e entrou no carro do amigo estacionado. Foi para o banco de trás.
— Oi.
— Oi — o amigo o cumprimentou de boca cheia. Nino mastigava alguma coisa, e Kagami acenou também no banco da frente com um sorriso que destacava seus olhos castanhos e puxados. Adriene achava aqueles olhos uma gracinha.
— Oi — Luka disse ao seu lado e o beijou rápido. Não pôde evitar um pequeno arrepio. Eles estavam tão casuais desde o baile, mas mesmo assim cada toque era como o primeiro.
— Como nós vamos fazer um piquenique se vocês já estão comendo? — disse o rosado, com um sorriso sarcástico nos lábios.
— É só o meu café da manhã — disse Nino, e a menina e riu. Ele deu a partida no carro e seguiram para o parque. — Então, é um pouco de férias que temos e vamos aproveitar. Não quero ficar em casa esses dias. Planos?
— Minha irmã vai fazer uma apresentação em um restaurante na quarta-feira. — Luka disse. — Nós vamos. Acho que até a Chloé também.
— Como? — Nino perguntou meio perplexo. Por sorte o carro não saiu da rua.
— Acontece que desde o baile ela está muito gentil com todo mundo e acabou virando amiga de mais gente. Ela não falou nada maldoso sobre nós — Adrien disse. O 'nós' se referia à ele e Luka. O garoto segurou sua mão e acariciou a ponta dos dedos levemente.
Ninguém falou nada. Não precisava.
Desde o baile as pessoas passaram a fofocar sobre o casal, alguns comentários bons e outros ruins, mas sempre seria assim. Eles já não se importavam. Era bom segurar a mão de Luka pelos corredores sem medo, e Adrien nunca se sentiu tão vivo e amado.
Alya filmou a apresentação da banda no baile e divulgou no blog da escola e outras redes sociais. Depois de uns dias muitos restaurantes e festas começaram a ligar contratando a For KiWi para tocar. Até chamaram a atenção de algumas faculdades com cursos de música por Paris para Luka e os outros, mas principalmente ao mais velho.
Marinette e Chloe se tornaram mais próximas de Lila e Sabrina e a rivalidade finalmente havia acabado, ou quase, pelo menos. As quatro tinham muitas coisas em comum, mais do que imaginavam.
Rose e Juleka se tornaram uma dupla e de vez em quando abriram alguns shows da FK ou até se apresentavam sozinhas. A loira cantava enquanto a outra tocava qualquer instrumento. Juntavam um bom dinheiro e Juleka deixou um pouco da timidez de lado. Luka nunca ficou tão feliz em ver a irmã bem consigo mesma.
E, depois de tudo, os ataques de bullying na escola diminuíram. A Couffaine mais nova informou à coordenação da escola sobre os ataques homofóbicos e outros tipos que sofria, e Marinette a ajudou. Ambas começaram um clube para ajuda e vários alunos apoiavam e evitavam que mais violência acontecesse.
Kagami teve uma conversa com a mãe. Ela continuaria a tocar baixo e outros instrumentos, além de continuar a praticar os esportes que a mãe mandava, isso se ela tirasse notas boas e não precisasse ir aos eventos e festas chiques que detestava. Depois de ver Adrien confrontar o pai ela tomou uma atitude e disse à Tsurugi mais velha que as coisas nem sempre seriam do jeito que ela queria.
Nino continuou como DJ em festas. Ainda tinha mais um ano até a faculdade, mas sabia que faria música, talvez até produtor musical ou algo no ramo. Ele amava estar ali, e desde que fosse perto dos amigos estaria bem.
O moreno ligou o rádio. Kagami foi mudando as estações até parar em uma que tocava um pop antigo, já no fim.
Outra canção começou. Adrien sentiu uma sensação boa no peito ao ouvir as batidas familiares. Ele conhecia aquela música desde pequeno.
— K, aumenta esse volume agora! — Luka disse como se lesse os pensamentos dele e chegou mais perto do banco. A menina concordou e fez. Ele cutucou Nino.
— Vocês lembram dessa música? Deve ser mais velha que a minha avó! — disse o baterista. Os quatro riram e assentiram. Não tão antiga assim.
— Minha mãe costumava ouvir e cantar por horas lá em casa — Adrien lembrou facilmente de Emilie dançando pela cozinha e o puxando para repetir os movimentos desajeitados. Ela não estava ali agora, mas ele quase sentiu-a perto naquele momento. Conforto. Alegria. Amor.
Kagami começou a cantar alto. Nino estava dirigindo, mas conseguiu dançar um pouquinho. Adrien também a acompanhou e Luka seguiu a letra.
Talvez fosse só uma música entre milhares que o grupo cantasse, e talvez eles não se lembrem daquele momento com clareza, mas os quatro conseguiram o sentimento nostálgico diferente dentro deles. Os instrumentos ao fundo, o cheiro do lanche na cesta de pique, pequenos sinais do início da primavera, a paisagem através do vidro. Tudo.
Adrien olhou para o menino ao seu lado. Luka sorriu exibindo suas pequenas covinhas e outras marcas do rosto. O cabelo ainda estava escuro e mais longo precisando de corte. Os fios quase batiam nos olhos e atrás na nuca. Adrien sentiu um calorzinho de novo.
Luka segurou a mão dele delicadamente. A dele era mais áspera, bem ao contrário de Adrien. Ambos eram totalmente opostos. Um casal improvável mas que de algum jeito funcionava.
— Ei, o que foi? — ele perguntou baixinho. O loiro viu seus dedos com anéis e unhas pintadas de rosa e sorriu. — No que está pensando?
Adrien acenou com a cabeça e sorriu.
— Em você.
Então Luka puxou a mão de Adrien e depositou um beijo ali mesmo.
Ambos seguiram olhando a vista de flores coloridas nascendo por todo os lados. Como a primavera, era apenas o começo.
. . .
Agradecimentos no próximo capítulo <3
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For Kiwi • Miraculous (Lukadrien)
FanfictionA banda For Kiwi (Luka, Kagami e Nino) precisa de um novo membro, e Adrien Agreste é a opção perfeita. Ainda inseguro, Adrien faz uma tentativa e percebe que seus sentimentos por Luka eram mais fortes do que pensava Começo: 5 de novembro de 2018 Fin...