CAPÍTULO SETE

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Era fim de expediente e o vento soprava frio pelos corredores do colégio, evidenciando que noite seria gélida. Alguns alunos caminhavam apressados pelo pátio úmido, com o objetivo de chegar aos dormitórios e tomar um banho quente e demorado.

Fernanda e Rafael conversavam sobre o campeonato de futebol que haveria no colégio enquanto seguiam para o auditório. Dali a alguns minutos, Tereza iniciaria uma reunião com os funcionários, para enfim, anunciar seus planos.

Após acomodarem-se, Heloísa surgiu na entrada do auditório. Os cabelos estavam presos em um coque improvisado. Ainda usava o jaleco impecável com o brasão do colégio bordado no bolso superior esquerdo. Fernanda riu enquanto Rafael acenava para a mulher.

— Você está melhor, Nanda? — Helô logo indagou, pousando a mão por sobre a da moça, no apoio da cadeira ao lado.

— Sim, estou — a professora não a encarou. — Nada melhor do que você pra me fazer rir.

Um forte calafrio envolveu o abdome de Heloísa e ela gargalhou forte.

— Fico feliz que esteja melhor — falou, embora estivesse desajeitada. — Apesar de não entender o porquê de ter feito você rir tanto...

— Já se esqueceu da nossa conversa? — Fernanda provocou. Um sorrisinho sarcástico era exibido.

Heloísa pensou em responder, porém antes que tivesse a chance de dizer algo, Tereza subiu no palco, ligando o microfone, aproximando-se do púlpito.

Rafael e seus amigos foram os primeiros a se voluntariarem à equipe responsável pela organização da viagem, afinal, seriam quatro turmas e o restante ficaria responsável por orientar os adolescentes sobre o assunto.

— Você não vai participar, Heloísa? — Rafael indagou ao perceber que a mulher se preparava para sair do auditório.

— Não posso — suspirou, abaixando o olhar. — Como viajo assim, deixando o Roberto doente em casa?

O professor, embora desapontado, concordou com a enfermeira.

Antes que Heloísa pudesse sair do auditório, Tereza aproximou-se da mulher.

— Gostaria que você fosse, Helô — a mulher comentou tocando os ombros da enfermeira, que desabotoava o jaleco. — Seria interessante ter uma enfermeira nos acompanhando, caso ocorra alguma emergência, além de que, seria bom você sair um pouco.

A mulher desviou o olhar para o horizonte gélido e forçou um sorriso desanimado para a cunhada.

— Tê, eu queria muito, mas não conseguirei ficar em paz deixando o Roberto sozinho... — a diretora segurou suas mãos em um gesto solidário. — Desculpe-me.

Tereza assentiu com o olhar e a enfermeira despediu-se da diretora, seguindo com passos largos e pesados ao estacionamento.

*.*.*

Quando Heloísa chegou a sua casa, Roberto se recuperava do mal estar que sentiu, sendo amparado pelo seu cuidador. Havia tido fortes dores de cabeça, seguido de vômitos.

Nesse momento, os olhos dela marejaram e uma tremenda angústia apertou-lhe a garganta. Era como se um sentimento confuso de culpa a preenchesse. Quis fugir daquela situação. Por um breve momento, recordou-se de Fernanda.

Aproximou-se do homem e o abraçou, sentindo seu coração bater forte. Fechou os olhos. Não quis encará-lo. Teve medo que a culpa estivesse evidenciada em seus olhos.

*.*.*

Horas mais tarde, no quarto do casal, Heloísa e Roberto se preparavam para deitar.

Pecado Vermelho (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora