Devido ao grande estresse da noite anterior, além de ter despertado com uma terrível dor de cabeça, Fernanda também estava atrasada. Saiu dos lençóis em um pulo, para tomar banho. Aquele horário era para estar a caminho do colégio.
Diante disso, a professora acelerou o passo, e seguiu para o colégio, torcendo para que não encontrasse alunos emburrados, queixando-se do seu atraso.
*.*.*
Ainda de dentro do táxi, Fernanda avistou o ônibus de viagem no estacionamento e na janela do veículo havia dúzias de alunos com a cabeça para fora, rindo e gritando algo. Do lado de fora, Rafael e Tereza pareciam ansiosos.
Sob o olhar reprovador de Tereza, Fernanda aproximou-se, segurando a pequena bagagem e forçou o seu melhor sorriso, embora seus olhos estivessem inchados, condenando a noite mal dormida.
Após acomodar-se em uma das poltronas, ao lado de Rafael, Nanda buscou com o olhar pela presença de Heloísa, porém não havia sinal da mulher, sendo assim, achou reconfortante pensar que ela estivesse em um dos dois ônibus que já haviam seguido viagem.
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Era pouco mais de dez horas da manhã quando o ônibus chegou à cidade vizinha, parando em uma rua estreita, de paralelepípedo, em frente a pousada que havia sido escolhida para aquela ocasião.
Em meio aos alunos agitados, Fernanda passou por eles, pedindo que se organizassem em fila, e foi nesse momento que seu olhar cruzou com o de Heloísa. Ao fim da fila, ela se mostrava mais recolhida e cabisbaixa, como se não quisesse ser vista.
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Após a organização dos alunos, distribuição dos quartos e tarefas, reuniram-se no refeitório da pousada para café da manhã.
Em uma das mesas estava o grupo composto por Rafael, Fernanda e outros professores. Porém Heloísa manteve-se distante, evitando qualquer tipo de contato visual com os colegas.
— O que houve com a Heloísa? — Rafael sussurrou para Nanda, sentada ao seu lado. — Ela parece que está nos evitando.
Com seriedade, a professora encarou a mulher, porém a enfermeira não conseguiu manter a conexão.
Então, por fim, Nanda suspirou e disse:
— Ah, na verdade, Rafa, ela está me evitando. Ontem, acabei contando que sou bi — sussurrou de volta. O professor elevou as sobrancelhas, exibindo um perfil admirado. — E bem... — dessa vez, ela arqueou as sobrancelhas. — A reação dela não foi das melhores.
— Ah, mas quanta besteira — mexeu a cabeça, inconformado. — Já falo com ela.
A professora pensou em impedi-lo, mas se absteve. Enquanto saboreava o desjejum, acompanhou de longe toda a cena. O rapaz aproximou-se da enfermeira de um modo discreto, mostrando um sorriso bonito e acomodou-se ao lado dela.
— Por que não sentou com a gente, Helô? Aconteceu alguma coisa? — Rafael a questionou.
O coração dela disparou, fazendo-a erguer os olhos para um contato visual com Fernanda, do outro lado do refeitório. Por fim, retribuiu o sorriso do rapaz, sorvendo um gole de suco.
— Ah, é que... Achei melhor ficar na minha, Rafa. Vocês estão atarefados com as atividades. Não quis atrapalhar — as bochechas estavam rubras quando desviou o olhar para encará-lo.
— Sabe que não atrapalha. Pensei que estivesse com algum problema com a Nanda.
— Não! — Franziu as sobrancelhas, como se ele houvesse dito algum absurdo. — De onde tirou isso?
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Pecado Vermelho (DEGUSTAÇÃO)
RomanceA enfermeira Heloísa vivencia sua rotina monótona, dividindo o tempo entre o trabalho, a igreja e o casamento, até que a professora Fernanda desperta na mulher sentimentos incompreendidos, fazendo-a questionar a sua sexualidade, sua sanidade e suas...