rigil kentaurus

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"Você entrou na minha vida quando eu mais precisei de alguém. E me apaixonei."

— O céu está claro, muito mais claro do que nos últimos dias que a gente se encontrou e o sol está mais quente também, é possível ver sua luz bem no centro. É um dia quente de verão. — digo enquanto caminho de braço dado com Kile enquanto o descrevo o céu.

— Consigo imaginar perfeitamente, ainda mais porque o sol está queimando a minha pele. — ele diz rindo e eu também o faço.

Tínhamos nos encontrado na cafeteria depois do meu trabalho e agora estávamos começando com nosso primeiro dia de "rodízio". Era Kile quem iniciava e eu não fazia ideia de onde ele estava me levando, só seguia o barulho do seu bastão batendo no chão assim como ele também fazia. Ele vestia uma calça jeans azul escuro e uma camiseta preta que destacava o seu cabelo também preto, o deixando deslumbrante. Eu estava com um dos meus clássicos vestidos vintage, ele ia até abaixo do meu joelho, era branco com bolinhas pretas e todo rodado, calçava uma sapatilha baixa nos pés, óculos escuros por causa do sol e meu cabelo estava solto sobe meus ombros.

— Chegamos. — ele diz encostando na maçaneta e abrindo a porta, nem ao menos olhos para onde entramos, talvez porque goste dessa sensação de surpresa.

Assim que ele abre a porta e adentramos o local, noto que é uma grande biblioteca, suas paredes todos preenchidas com livros de diversos temas, algumas mesas espalhadas com pessoas lendo e estudando, no centro um balcão onde uma mulher, que eu julgo ser a bibliotecária, está concentrada no seu computador. Observo tudo tão atentamente que nem percebo que o mesmo já saiu andando. Apresso meus passos o alcançando, quando paramos de andar vejo que estamos em uma estante cheio de livros em braile, "para cegos" leio mentalmente a plaquinha de indicação e um sorriso de canto se abre no meu rosto.

— Vamos, escolhe um livro, qualquer um. — ele me diz.

Contraio o lábio observando todos ali, passo meus dedos lentamente por eles enquanto procuro algum. Acabo puxando um qualquer com uma capa verde água tão linda que chamou tanto minha atenção, que mais tarde acabei encomendando um lenço dessa mesma cor. Assim que pego o livro caminhamos até uma mesa próxima e nos sentamos nele, coloco o mesmo em cima da mesa.

— Como funciona isso? — pergunto enquanto o mesmo abre o livro.

— Tá vendo isso aqui? — ele aponta para os pontinhos em relevo no livro, no caso eram o braile. — Essas são as nossas letras. Vocês que enxergam são capazes de ler e ver as coisas nós não, então como não obtemos o sentindo da visão temos um jeito de adapta-lo.

— Com o tato. — digo fascinada e o mesmo sorri.

— Sim, com o tato. Nosso tato, olfato, paladar e audição substituem a visão, por exemplo. — ele dá uma pausa para engolir a saliva. — O braile estimula nosso tato, com ele somos capazes de ler as escritas e ver as imagens. O bastão estimula nossa audição, quando batemos ele no chão escutamos os barulhos ao nosso redor e sabemos onde estamos indo. O olfato e paladar nos fazem saber o que estamos cheirando e comendo.

— Ai meu Deus, isso é muito legal. — digo sorrindo largamente enquanto passo meu dedo lentamente pelo braile.

— As pessoas acham que os cegos não enxergar, mas nós enxergamos sim, não com os olhos mas com os nosso outros sentidos. — ele respondi.

— Tem razão, isso é muito legal eu não fazia ideia que fosse possível. Meu Deus, o ser humano é fantástico. 

— É, ele é sim. — ele diz meio rindo de ver toda a minha animação.

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