vega

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"Não podemos nos prometer uma vida sem dor e perdas. Porque a dor faz parte da vida, ela nos torna quem somos."

— Tem certeza que ainda vai ficar mais esperando? Acho que ele não vem. — Robert me diz se aproximando da mesa que estou sentada enquanto tira seu avental. Concluo que seu turno acabou.

— Eu não sei. — digo logo após dar um suspiro fundo e checar novamente o meu celular.

Após termos combinado que faríamos o rodízio tínhamos trocado os números um com outro, e eu esperava Kile sentada na mesma mesa da lanchonete, já estava escurecendo e nada do mesmo aparecer o que acabou até me deixando preocupada.

— Senta aí. — digo para Robert enquanto afasto a cadeira da frente com o pé debaixo da mesa.

— Tudo bem. — ele sorri mostrando os dentes e senta na cadeira, ajeitando ela próxima à mesa.

— Acha que eu tô forçando? Tipo, o forçando a fazer essas coisas comigo sem ele querer? — contraio o lábio apoiando meu rosto na minha mão apoiada na mesa.

— Um pouco talvez. — ele dá de ombros. — As vezes ele não quer alguém que esteja fazendo essas coisas com ele por pena por ele ser cego. 

— Eu não faço isso porque tenho pena dele. Gosto dele. — digo e Robert me encara com a sobrancelha arqueada. — Não desse tipo gostar de verdade, eu gosto de ter ele como amigo, companheiro sei lá.

— Qual é Ashlee, cá entre nós você só foi falar com ele porque ficou irritada dele derrubar chá quente em você soltar uma besteira e por pena. — ele fala com ênfase à parte do "por pena". — O convidou pra tomar café com você.

— Eu... — me interrompo quando escuto o meu celular tocar, olho para o mesmo e vejo que é uma ligação de Kile. Sorriu imediatamente mesmo sem querer e vejo Robert revirar os olhos. — É ele, eu já volto.

Me levanto rapidamente pegando minha bolsa no chão e apoiando no meu ombro, saiu pra fora da lanchonete em passos apressados, logo atendendo a ligação do mesmo.

— Você está mais de uma hora atrasado, não se pode deixar uma mulher esperando não aprendeu isso na escola de boas maneiras? — digo um tanto estressada tentando usar um tom de brincadeira, sem nem mesmo cumprimentá-lo antes.

— Em uma escala de erros completamente imperdoáveis em que escala esse está, britânica chata? — ele diz, parecendo ofegante, do outro lado da linha me fazendo soltar um riso pelo nariz.

— 10, não na escala mais alta, 1000 se essa existir. — digo e escuto ele rir distante.

— Me desculpa eu gostaria de ter ido, mas tive um imprevisto me desculpa mesmo. — ele responde.

— Qual? Correr uma maratona? Porque parece muito ofegante. — digo apoiando minhas costas na parede da frente da cafeteria.

— Bem que... — ele dá uma pausa um tanto comprida parecendo estar com dificuldade de respirar.

— Kile, você está bem? — pergunto mais alto demostrando minha preocupação.

— Nós podemos mudar para amanhã, Ash? De verdade eu sinto muito, não queria te deixar brava. — ele respondi parecendo cansado.

— Eu não to brava, acho que mais preocupada agora, você está bem mesmo? — pergunto.

— Podemos mudar para amanhã, Ash? — ele repeti a pergunta me ignorando completamente e eu respiro fundo.

— É claro que podemos. — digo e respiro fundo pensando no que Robert me falou agora pouco. — Ei Kile, não quero que pense que estou fazendo isso por pena.

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