achernar

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"Tentava escrever mas eu nunca consegui achar uma caneta"

— Eu já estou indo! — grito da cozinha assim que tocam a campainha.

Já faziam três dias desde o incidente com Kile, ele se recuperou bem e me garantiu que está tomando o remédio nos horários certos e se alimentando direito. Era a minha vez de planejar o que iríamos fazer, e como eu tinha o prometido um jantar era isso que aconteceria hoje.

Com os ingredientes que compramos na feira eu fiz o meu melhor para ser o melhor jantar da vida do homem: se iniciaria com um tartar de bacalhau com ervas finas, seguindo ao prato principal que era uma deliciosa salada de indivisa com alface e molho de cream cheese e creme de leite fresco, com duas opções de proteína, uma pancetta ou um salmão. Na sobremesa optei por uma torta desconstruída de chocolate com frutas vermelhas. Logicamente para autentificar o sabor de tudo isso um vinho branco antigo que eu tenho guardado faz um tempo.

Termino de colocar os pratos na mesa, passo minha mão pelo meu vestido tubinho preto simples, meus sapatos de salto também pretos e meu cabelo preso em um meio coque dando um toque mais moderno. Caminho até a porta e abro um sorriso ao ver Kile parado ali vestindo um terno que o deixava ainda mais bonito.

— Você está sorrindo! — ele falou antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, me deixando ainda mais "boba". — Acho que eu caprichei então.

— Com certeza! — digo e abro espaço na porta. — Vamos entre, está ventando aí.

O mesmo posiciona seu bastão na frente para que o mesmo o guie e entra em casa sem dificuldade.

— A sala de jantar é a direita. — digo mais alto para o mesmo que segue o caminho enquanto eu fecho a porta.

Vou em passos rápidos até a cozinha onde pego a garrafa de vinho e as taças, voltando logo para a sala de jantar. Abro a garrafa e sirvo as duas taças com quantidade generosas.

— Obrigado. — ele agradece quando o entrego a taça e já a estreia com um gole.

— Espero que esteja com fome pois tem bastante comida. — sorriu enquanto sirvo um pouco da entrada em seu prato.

— Eu estou sim e esse cheiro maravilhoso só está me dando ainda mais fome. — ele riu pelo nariz.

— Vamos brindar! — eu digo levantando minha taça. — Vamos brindar pela ótima noite que está sendo, pelo céu que está incrivelmente azul escuro e profundo quase como um roxo, em uma lua minguante que ilumina nosso jantar como se fossem velas.

— E também a sua incrível descrição. — ele sorri levantando sua taça e batemos uma na outra.

Termino de servi-lo e me sirvo também me sentando ao lado do mesmo. O ajudo com o que sei que ele precisa e também quando ele me pedi. Terminamos a entrada é o prato principal entre conversas e rimos, estávamos nos divertindo tanto que eu nem sabia que horas eram, olha que já estávamos na nossa quarta taça.

— A comida está deliciosa, onde aprendeu a cozinhar assim? — Kile perguntando dando um colherada na torta.

— Com a minha mãe, ela é uma cozinheira de mão cheia. — dou uma pausa para tomar um pouco de vinho. — Quando éramos menores e estava a noite, nosso pai nunca estava, então mamãe nos levava até a cozinha e fazíamos biscoitos amanteigados para ele, além de cookies e bolos.

— Seu pai trabalhava longe? — ele perguntou e eu respirei fundo.

— Bom era o que ele dizia para nós. — retiro o guardanapo do meu colo e o coloco em cima da mesa. — Mas quando fiquei mais velha descobri que ele na verdade traia a minha mãe, ela já sabia sobre isso mas nunca deixou de cuidar dele e demonstrar pra gente que estava mal. Quando conversei com ela sobre isso, ela me disse que isso era um problema do casal e não de nós, que tínhamos que amar e respeitar nosso pai na mesma intensidade.

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