saturn

procyon

"Acredito que quando se ama alguém e é recíproco você se torna um pouco vulnerável. Eles têm o poder de te machucar de um jeito que ninguém pode"

Era a quinta ou sexta vez que eu trocava de vestido, meus sapatos pareciam não combinar com nada e o meu cabelo? Ah, o meu cabelo não estava lutando do mesmo lado que eu.

Estava na vez de Kile escolher para onde iriamos e ele disse que viria me buscar em casa, "coloque uma roupa bonita" essas foram as palavras dele. Acho que nunca me senti tão ansiosa para um encontro antes era como se meu coração fosse saltar pra fora da boca e eu não sabia bem o porquê.

Essa seria a minha última troca de roupa, eu prometi para mkm mesma. Estava vestindo uma camiseta de manga curta, com as mangas e a parte acima do busto em vermelho, e o resto dela em um tom dourado brilhante um tanto transparente. Milagrosamente eu usava calças, ela eram preta em um estilo social e um salto vermelho de ponta fina. Meu cabelo estava todo liso e jogado para trás com gel, aquele penteado que fica tão bonito nas estrelas de hollywood mas eu me sentia muito feia. Minha maquiagem era clara e minha boca preenchida por um gloss.

Eu estava esperando Kile a um bom tempo e ele não aparecia, sou meio paranoica com pontualidade mas tolero pequenos atrasos, aquele estava longe de ser um pequeno atraso. Olhei novamente no meu celular e nenhuma mensagem. Me levantei andando de um lado para o outro, a demora me deixava cada vez mais paranoica, será que ele tinha me dado um bolo? Minha roupa estava feia? Eu enchi demais ele?

— Chega! — eu falei alto mais como um alivio para mim mesma. — Eu vou até a casa dele, não tem pro b nela né? Eu não vou parecer louca!

Bom, eu estava parecendo louca. Em um gesto rápido peguei minha bolsa na comoda e me levantei indo até a porta e saindo de casa. Fui até meu carro, entrando e ligando o mesmo enquanto dirigia até o local que minha memória se lembrava bem onde era.

Não demorou muito para eu chegar até o local e descer do carro. Ajeitei minha roupa pensando em uma boa desculpa para ter ido lá, sem parecer tão desesperada. Assim que me aproximei notei que a porta estava aberta, estranhei a situação mas simplesmente adentrei o local.

— Olá, tem alguém em casa? Kile? — digo enquanto caminho pelo hall de entrada indo até a sala em conceito aberto com a cozinha. — É a Ashlee, você tá aí?

Continuei caminhando sem saber ao certo se deveria, já que tinha entrado sem autorização de ninguém. Me aproximo da mesa da cozinha e vejo um bilhete ali, puxo para mais perto de mim e leio mentalmente: "Kile, fui no banco e voltarei logo, tranca a porta se for sair. Beijos, mamãe!". 

Contraio o lábio pensando se ele também saiu e deixou a porta aberta. Deixo o bilhete na mesa e assim que olho atrás do balcão o vejo caido com um pequeno corte rente ao cabelo - acho que por conta da batida -. Solto um grito alto jogando minha bolsa no chão e em um gesto rápido me aproximo, me abaixando para ficar na altura do mesmo.

— Ei, Kile! Fala comigo por favor, fala comigo.— digo puxando seu corpo para mais perto de mim e repousando sua cabeça em meu joelho. — Por favor acorda, eu tô aqui vai ficar tudo bem!

Sinto meu respiração falhar e meu coração bater tão forte sendo possível ver seu movimento atraves da minha camiseta. Minhas mãos tremem e eu não consigo pensar em nada, puxo o celular do meu bolso trasseiro ligando para a emergência.

Jsjsklskskksldkxkkfdjjsksjdi

Olho ao redor. Esfrego minhas mãos uma na outra. Me levanto. Ando até o final do corredor. Volto até onde eu estava. Chacoalho os braços. Me sento de novo tentando colocar minha cabeça no lugar.