Capítulo 1.

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20 de dezembro de 2018

— Cheguei! Está alguém em casa? — A morena questiona, limpando as botas molhadas ao tapete da entrada.

Dali ouvia o som da lenha a queimar na lareira e é invadida por uma sensação nostálgica de "casa".
Rapidamente, observa dois corpos aparecerem na soleira da porta e um outro a descer as escadas numa velocidade estonteante. É instantaneamente envolta num abraço por parte dos pais e o irmão junta-se no meio.
— És um invejoso, João Miguel. — A irmã acusa, despenteando-lhe os cabelos assim que se largam.

— Mas estavas cheias de saudades deste invejoso. — Afirma presunçoso, enquanto pega em algumas das malas e as carrega até ao andar de cima.

Raquel agradece e segue o seu olfato que a conduz até à cozinha.

— Que cheiro maravilhoso é este? Isso são bolachas? — Pergunta à claramente atarefada Sra. Duarte.

— Daqui a uns vinte minutos podes vir prová-las. — A mãe garante-lhe. — Como é que está tudo? Como tem sido lá no Banco?

— Tem corrido tudo bem, felizmente. É cansativo, mas vale a pena. Sabe bem estar de volta. — Admite sentando-se no banco alto junto à bancada da cozinha.

— Cheira bem, senhora Duarte. — Uma figura alta e desconhecida adentra pela cozinha, provocando um susto a Raquel.

— Quem és-

— Sou o Rúben, muito prazer. — O bonito rapaz apressa-se a apresentar-se e a esticar-se para a cumprimentar. — Deves ser a Raquel, irmã do João.

Nesse preciso instante, o irmão entra na divisão. — Oh, vejo que já se anteciparam. Ia procurá-lo para vos apresentar. — Declara. — O Rúben também vem passar o Natal a casa e é de uma terra aqui perto. Agora vive em Lisboa e raramente nos vemos, então convidei-o para passar cá uns dias. Somos grandes amigos do futebol. — Esclarece.

A irmã mais velha acena em concordância e repara nos abdominais que ficam à vista após o moreno apoiar os braços esticados na bancada. Meu Deus, Raquel. — Bem me parecia que a tua cara não me era completamente desconhecida. — Revela, dirigindo-se a Rúben e causando um sorriso no seu rosto.

— Jogo no Benfica. Pela equipa principal, mais recentemente. — O futebolista conta e ela acena.

Entretanto, João inicia uma outra conversa com a mãe e, enquanto isso toma lugar, Raquel sente dois olhos a observá-la. A morena parece receber um choque elétrico só do simples ato de o constatar, fitando-o de volta nos olhos.

João era dois anos mais novo, mas, Rúben aparentava ter exatamente os seus vinte e dois anos ou, pelo menos, possuía corpo disso.

Decide deixar a cozinha e ir arrumar a bagagem que trouxera consigo, assim como descansar da longa viagem desde Lisboa.

— Volto mais tarde. — Diz, recebendo um beijo no cabelo do irmão, que faz por o despentear depois.

Três horas passadas e uma sesta dormida, Raquel emerge do quarto ao mesmo tempo que a porta ao lado dos aposentos do irmão é aberta. De lá sai Rúben, que fecha a porta atrás de si muito cuidadosamente.

— Pensei que ainda estavas a dormir. — Justifica-se.

— Nunca me aguento muito tempo. Se não, ficaria acordada toda a noite. — Raquel revela enquanto percorrem juntos o corredor e se dirigem até ao andar debaixo.

— Mas isso é fácil arranjar-mos formas de nos entreter. — O benfiquista contrapõe piscando-lhe o olho. A resposta faz com que Raquel pare de caminhar a meio da entrada chocada. Estaria ele...?

— Há tantos jogos. Monopólio, Pictionary, cartas, gestos... — O central enumera, continuando a andar. De repente para, apercebendo-se que Raquel não o acompanhava. Ao olhar para trás, entende pela expressão da morena tudo o que ela tinha entendido.

— O que é que tu pensaste? — Inquire falsamente inocente. Ele sabia perfeitamente o que lhe tinha vindo à ideia, pois era exatamente isso a que, na brincadeira, se referia.

— O João nunca arranja amigos decentes, pois não? — Raquel desvia a pergunta, soltando um suspiro e caminhando à sua frente até à sala.

O central ri-se sozinho e segue-a até à divisão. Pairavam no ar expectativas de umas férias interessantes, para dizer o mínimo.

 Pairavam no ar expectativas de umas férias interessantes, para dizer o mínimo

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E é isto. Espero mesmo que tenham gostado. É uma pequena história um pouco mais descontraída, apesar de conter um quadrado amoroso, mas sem drama qual era a ideia? Boas aulas, dias de trabalho ou o que for que tenham esta semana. Beijinhos e boas leituras!

Um Conto de Natal | Bernardo Silva, Rúben Dias & Raphael GuerreiroOnde histórias criam vida. Descubra agora