Capítulo 2.

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— Mãe, vou dar uma volta! — Raquel anuncia, vestindo o casaco pendurado na entrada. Tinha saudades das ruas da sua vila. Sempre que voltava, adorava percorre-las sem destino e rever os cantos e recantos que tão bem conhecia.

— Está muito frio lá fora. Devias levar luvas e um gorro. — Uma voz aconselha-a. Raquel vira-se para encontrar Rúben encostado à cómoda da entrada com uma expressão séria.

— Obrigado pelo conselho. — Responde. — Não tenho nenhuns aqui e agora acho que não vou revirar tudo lá em cima para procurar.

Ele suspira e, sem mais uma palavra, sobe as escadas. Apesar de confusa com a atitude, a morena ignora o sucedido e continua a arrumar a sua bolsa para sair. Em dois minutos, o jogador regressa com umas luvas e um cachecol na mão, ambos claramente de rapaz.

— Leva. — Diz, entregando-lhe as peças.

— Mas isto-

— Bom passeio. — Interrompe-a, voltando para o jogo de PlayStation que parecia estar a decorrer na sala.

Mas quem é que ele pensa que é? Raquel odiava ser mandada por alguém em quem não reconhecia autoridade e, ainda mais, que lhe cortassem a palavra. Era rude e uma enorme falta de educação.

Ignorando o momento anterior, a jovem abre a porta e sente a temperatura a gelar cada extremidade do seu corpo. Se calhar as luvas e o cachecol até dão jeito, pensa. Raquel enfia as mãos nos bolsos e inicia a sua visita pela vila.

Estava tudo exatamente na mesma. Cada casa. Cada pequena loja. Por mais que o tempo passasse ali nada parecia mudar e isso era reconfortante. Aquele lugar era a sua casa a que podia sempre voltar.

A morena decide parar no mini-mercado para pedir um dos chocolates quentes, célebres entre os residentes de muitos anos.

Os seus olhos vagueiam pelos quatro corredores do estabelecimento, enquanto aguarda que a bebida seja preparada, até que param numa figura conhecida, agachada a retirar o produto de uma prateleira. Raquel aproxima-se para ter a certeza e não resiste em tocar-lhe levemente no ombro.

O rapaz vira-se perante o toque e um sorriso gigante forma-se automaticamente no rosto de ambos.
— Raquel! — Exclama, largando o cesto e abraçando a morena. — Não sabia que estavas por cá. Que bom voltar a ver-te!

— E a ti também, Bê. Que saudades! — Admite, soltando-se do abraço.

— Chegaste hoje? — O moreno questiona.

— Sim. Vim passar o Natal, como de costume.

— Fizeste bem. A família é para sempre.

— Só a família? — Raquel inquire curiosa.

— Não sei, Raquel. Diz-me tu. — O moreno pede, vagueando com o seu olhar no encontro com o dela.

— Há sempre algumas pessoas que deixam saudades. — Ela conclui.

Bernardo acena, concordando.
— Só algumas. — Ele reforça a ideia, pois nem todos os que ficavam no passado eram motivo de tristeza.

— Há coisas que nunca mudam, pois não? — A morena inquire com alegria espalhada no rosto. 

— Esteja onde for, quando te vejo, é como se nenhum tempo tivesse passado. — Bernardo admite de boca para fora e rapidamente desvia o rosto para cobrir o seu embaraço. Raquel achava adorável e estava derretida com toda aquela cena.

O momento é interrompido pelo chamar do empregado na caixa, ao anunciar que o pedido estava pronto. Raquel olha na sua direção e, de seguida, volta a fitar Bernardo. Era incapaz de esconder que tinha pensado sobre o reencontro na viagem de regresso à vila.

— Foi bom ver-te. Não desapareças. — A jovem pede com um sorriso. Esperava que se continuassem a cruzar, o que, felizmente, não era difícil numa vila acolhedora como aquela.

— Não há muito por onde esconder por aqui. 

Há quatro anos, Bernardo tinha emigrado para trabalhar em Manchester. Na altura, ficou triste com a partida de um amigo, mas desejou-lhe o melhor. Desde pequenos que tinha um pequeno fraquinho pelo moreno, mas a magnitude dos seus sentimentos era ainda relativamente controlável e pequena, ao que Raquel seguiu em frente quando ele partiu. Além do mais, a vida também a encaminhara noutra direção e rapidamente se ocupou com outras distrações. Tinha-se apaixonado e namorado, mas uma relação há dois anos terminada. Agora, ali em frente a Bernardo, perguntava-se se finalmente estariam prontos. Só o tempo diria.

Hello! Desculpem, desculpem, desculpem o meu desaparecimento para lá do suposto

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Hello! Desculpem, desculpem, desculpem o meu desaparecimento para lá do suposto. Foi mesmo impossível.
E não consegui adiantar muito da escrita. Só posso garantir que não desisti, nem tenho intenções de o fazer. Muitos beijinhos e boas leituras, as always! 💓

Um Conto de Natal | Bernardo Silva, Rúben Dias & Raphael GuerreiroOnde histórias criam vida. Descubra agora