Capítulo 8.

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Após chegarem à banca improvisada para servir de bilheteira, Bernardo paga as entradas e, de seguida, agarra na mão de Raquel de modo a não se perderem entre a multidão que tentava encontrar o seu lugar. O anfiteatro estava, sem dúvida alguma, lotado para aquela noite.

Contudo, mesmo após terem encontrado os respetivos assentos, o aperto dele não se desfaz e a morena desvio o rosto para o lado oposto da sala numa tentativa de ocultar o sorriso envergonhado.

O filme é passado assim, com a mão dela entrelaçada na dele apoiadas sobre a perna do moreno, só se separando pela ida à casa de banho durante o intervalo.

Quando regressa, Bernardo exibe um sorriso de quem fez algo que não devia e senta-se, de novo, ao pé dela sem uma palavra.

— O que é que tu fizeste? — Raquel inquire, tentando lê-lo, mas sem qualquer sucesso.

— Nada. — O residente em Inglaterra declara, encolhendo os ombros.

As luzes descem e o "Sozinho em Casa" recomeça com Kevin a gritar graças ao creme de barbear.

Raquel adorava aqueles filmes e fazia sempre questão de ver pelo menos um nesta altura.

— Antes que o Harry e o Marv sejam apanhados... — O moreno sussurra, pegando na mão de Raquel e abrindo a sua palma. Lá deposita o que antes guardava no bolso, chocolates e caramelos até mais não.

—Tu não sabes as regras?!

— Não te vão expulsar por comeres uns chocolates. Isso era um escândalo demasiado bom para a CMTV. — Ele contrapõe.

[Após o final do filme, na saída]

— Eu vou só à casa de banho, volto já. — Bernardo deixa um beijo na testa de Raquel antes de voltar para dentro do teatro.

A morena aguarda, observando as caras conhecidas que saíam do cinema. Uma delas destaca-se com olhos cor de avelã e um sorriso que fazia derreter o que quer que fosse.

O moreno já tinha reparado nela e estava a fitá-la antes de Raquel sequer o encontrar. Quando os seus olhos se cruzam, caminha até ela.

— Raphael, por aqui? — Cumprimenta-o com um sorriso.

— Parece que sim. A minha irmã mais nova quis vir, porque, segundo ela, "o ecrã não tem nada a ver" com o do computador. E tu? — Ele questiona.

— Vim com um velho amigo. — Seria?

— Agora também voltas a correr para casa ou...?

Raquel solta um gargalhada antes de responder. — Não, não. Isso fica só para de manhã.

— Mano, anda! Se nos despacharmos ainda apanho o novo episódio das Winx no canal Panda. — Uma menina pequena puxa a mão de Raphael com toda a força que consegue juntar. O irmão revira os olhos, sem responder.

— O dever chama. — Ele afirma, recebendo um sorriso encorajador de Raquel. — Vemo-nos de manhã?

— Já é quase tradição, não é? — Ela sorri e agacha-se para cumprimentar a irmã, que se apresenta como Carolina.

— És muito bonita.

— Obrigada. Tu também, fazes-me lembrar as princesas. — Raquel responde, causando o surgir de um sorriso envergonhado no rosto de Carolina.

— És a namorada do meu irmão, não és? Já não era sem tempo!

A morena dirige o seu olhar até Raphael que, de imediato, dá uma chapada na sua própria face. Ela sorri com a ingenuidade da menina e responde. — Não, desculpa. Por agora nós somos bons amigos.

Um Conto de Natal | Bernardo Silva, Rúben Dias & Raphael GuerreiroOnde histórias criam vida. Descubra agora