Capítulo 10.

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15:00, 26 de Dezembro de 2018

Raquel chega ao final das escadas quando ouve a campainha soar.
Dirige-se até à porta e abre-a com esperança de encontrar um Bernardo com aquele sorriso tímido do costume. Em vez disso, depara-se com um rapaz mais alto, de sorriso presunçoso e mala ao ombro. Rúben.

Mostra-lhe um sorriso falso e afasta-se para que o jogador possa passar.

— Bom dia para ti também, linda.

— Bom dia. É Raquel.

— Para quê tanta hostilidade com um convidado?

— Um convidado irritante que faz questão de me chatear durante as minhas férias com a minha família que devia estar a aproveitar. — A morena acusa de braços cruzados. Sentia-se uma menina mimada a cada palavra, mas ele dava-lhe vontade de explodir. Tudo tornava-se demasiado intenso perto dele.

— E estou a impedir-te disso como? — Rúben inquire curioso. Contudo, Raquel não tem oportunidade de responder, visto que a cabeça de João surge da sala.

— Bem me pareceu ouvir a voz do futuro capitão das águias! — Afirma, antes de se dirigir até ao central e cumprimentá-lo com um daqueles apertos de mão impercetíveis.

— Como é que foi esse Natal, puto? Esperava ver um Rolex nesse pulso.

Raquel continua o seu caminho inicial até à cozinha e deixa-os à conversa. Antes de entrar, olha para trás e encontra o olhar de Rúben. Revira os olhos de imediato e segue para a divisão.

[algumas horas mais tarde]

Raquel lia "O Grande Gatsby" de F. Scott Fitzgerald sentada contra a cabeceira da sua cama, quando batem à porta.

— Pode entrar.

No entanto, arrepende-se assim que concede a permissão, ao constatar a figura de Rúben surgir pela sua porta.

— O que é que tu-

— Tenho uma coisa para te entregar. — O moreno explica, fechando a porta atrás de si. Dá alguns passos mais perto da cama para onde atira uma caixa azul escura com um laço no topo. — É o teu presente de Natal, embora com algum atraso.

— Rúben, não era preciso teres- Quer dizer, eu não... não estava à espera de nada. — Raquel, certamente, tinha sido apanhada completamente de surpresa. Porquê oferecer-lhe algo?

— Abre primeiro e agradece-me depois. — Pede, entretanto encostado à porta com os braços cruzados.

A morena larga o livro e pega, então, na caixa. Com algum cuidado, puxa a tampa para cima. Assim que se depara com o conteúdo, olha-o confusa. Rúben rebenta à gargalhada automaticamente e Raquel empurra a caixa para o fim do colchão.

— Tu tens noção que és um idiota completo, certo? — A jovem questiona, tentando conter um pequeno riso. Inacreditável.

— Calma, tem uma justificação óbvia. É uma corda para o Chiquinho subir e vir visitar a sua Julieta. — O central esclarece, claramente divertido.

— Talvez a use para te atar a uma árvore.

— Eu sei que gostavas de me poder fazer tudo o que quisesses.

Um Conto de Natal | Bernardo Silva, Rúben Dias & Raphael GuerreiroOnde histórias criam vida. Descubra agora