Capítulo 4.

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21 de dezembro de 2018

— Foda-se! Olha por onde vais. — Raquel reclama, acreditando ser o irmão que quase embatia contra si e os seus milhares de frascos de creme hidratante.
Contudo, tem uma surpresa ao encarar Rúben em vez de João.

— Uh, peço imensa desculpa. Eu... não queria falar assim. O meu irmão é que às vezes ainda aí como um animal e eu pensei...— O atrapalhamento da jovem diverte o moreno, que apenas a fita em silêncio, com um sorriso discreto.

Raquel apercebe-se, então, que estava somente enrolada na toalha do banho e uma onda de constrangimento percorre-a, dando uma nova cor às suas bochechas.

— Tens tendência a corar muito, tu? — Ele inquire, não se movendo um centímetro para lhe ceder passagem.

— Não me parece que sejam contas que te tenha de prestar.

— De todo, mas noto que tem sido um hábito.

— Talvez devesses ocupar melhor o teu tempo. — Raquel sugere e sente dois olhos castanhos a vaguear pelas partes expostas do seu corpo.

— Há, de facto, umas quantas formas mais interessantes de o fazer. — Rúben admite, concordando.

— Posso passar ou é para ficar aqui eternamente? — A irmã mais velha de João pergunta, sentindo-se um pouco ansiosa pela possibilidade do aparecimento súbito de alguém. O benfiquista afasta-se.
Raquel revira os olhos perante a infantilidade, passando por ele de rompante. Contudo, um fio da toalha prende-se na cómoda a que o jogador estava encostado, subindo o tecido mais que o suposto.

Quando ouve um risinho atrás de si e sente algo a puxá-la para trás, Raquel apercebe-se da situação. Não conseguia acreditar que ele, em vez de ajudar, tinha ficado ali, de braços cruzados a ter exatamente o que queria.

— Dás-me cabo dos nervos, Rúben Dias! — A morena exclama, frustrada.

— Agora diz isso sem um sorriso a querer escapar-te desses teus bonitos lábios.

Raquel fica chocada com o atrevimento e não responde, limitando-se a exibir o dedo do meio antes de entrar no seu quarto. Mas que confianças teria dado àquele rapaz para ele achar que tinham alguma proximidade? Tinha de admitir que a sua confiança e físico eram bastante atraentes, mas não se deixava guiar por aparências. Eram promessas cheias de nada.

Veste-se prontamente e, em poucos minutos, Raquel está a fechar a porta de casa e a iniciar o seu passeio matinal. Tinha por hábito ir comprar o pão fresco para o pequeno-almoço, para além de que valorizava o momento de tranquilidade a sós. Permitia-lhe começar o dia de forma mais calma.

Geralmente, corria um pouco. Preocupava-se com a saúde e não queria arrepender-se anos mais tarde de não ter feito o que podia para estar em boa forma. Aquele dia não era exceção, pois, ao contrário do ano anterior, não se esquecera dos ténis em Lisboa.

De súbito, o seu corpo embate contra outro, igualmente em grande velocidade.
— Peço imensa desculpa.

— Só se me deixar pagar-lhe um café. — A vítima, um jovem rapaz com as feições mais queridas que já tinha testemunhado, propõe. O seu rosto demonstrava claramente que tinha achado engraçado o embaraço da morena pelo encontrão.

— Somos praticamente da mesma idade, de certeza. Trata-me por tu — Raquel pede-lhe. Tendo em conta o frio que se faz sentir, acaba por aceitar a bebida quente.

— Como se chama mesmo? Desculpa! É hábito. Como é que te chamas? — Ele inquire, após auto-corrigir-se com um sorriso. Estaria ele sempre a sorrir?

— Hábitos que me fazem sentir uma mulher de meia-idade. Só tenho 22. Sou a Raquel. E tu? — Devolve a pergunta, enquanto caminham lado a lado.

— Guerreiro, Raphael Guerreiro.

— É um prazer conhecê-lo, Guerreiro, Raphael Guerreiro. — A morena ri-se.

— Isto vai ser um café interessante.

Raquel sai do estabelecimento com um sorriso na cara que não conseguia disfarçar. A conversa fluía sem esforço e entendiam-se como se de velhos amigos se tratassem, embora somente se estivessem a conhecer. Ele era tão sorridente que se tornava contagiante, ainda para mais com um riso melodioso.
Tinha a impressão que aquela não seria a última vez que se viam. Embora nada estivesse combinado, ponderava se na corrida da manhã seguinte teria o prazer de o encontrar novamente.
Raquel, para com isto. Ainda agora se conheceram. E há o Bernardo...

Finalmente o terceiro e último concorrente ao coração da nossa Raquel

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Finalmente o terceiro e último concorrente ao coração da nossa Raquel. Queria-vos perguntar o vosso favorito até agora, mas o Raphael ainda não teve oportunidade de se apresentar propriamente. Deixo para o próximo. Espero que tenham gostado. Muitos beijinhos e boas leituras! 🎄

Um Conto de Natal | Bernardo Silva, Rúben Dias & Raphael GuerreiroOnde histórias criam vida. Descubra agora