Capítulo 12.

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29 de dezembro de 2018

Raquel tinha passado o dia a tentar evitar todos, por isso saía do quarto somente quando fosse estritamente necessário ou tivesse garantia que a costa estava livre.

A jovem acreditava não ser capaz de encarar qualquer pessoa naquela casa sem adquirir um rubor nas bochechas, graças ao sucedido na noite anterior.
Ela e Rúben. Tinha acontecido.

Ainda para mais, onde ela jurara que jamais praticaria tal ação.
O que é que se passa contigo, Raquel?

Após o envolvimento entre ambos, Rúben ficou uns minutos a conversar durante a madrugada. Contara-lhe um pouco sobre si mesmo e a morena teve oportunidade de perceber que o central não era tão mau assim e, muito menos, uma vedeta.

Depois, abandonou a cama dado que não acordar no quarto de João seria motivo de alarme suficiente. Apanharem-nos era sinónimo de um impensável cair do Carmo e da Trindade.

— Boa noite, boneca. — Rúben desejara-lhe antes de fechar a porta atrás de si.

Como desculpa para o seu afastamento, Raquel afirmara ter saído a nova temporada de uma série bastante aguardada por si. Pareceu-lhe plausível e nem com o irmão levantou dúvidas.

Na verdade, tinha o portátil aberto na cama e os fones colocados caso alguém aparecesse, mas a única coisa em que se concentrava era entender o buraco onde a sua vida se tinha decido enfiar.

Pegava numa das adoradas bolachinhas de chocolate (culpadas da perdição da noite anterior), quando o seu telemóvel recebe uma chamada.

Era Bernardo a ligar pelo FaceTime. Tu consegues.

Raquel respira fundo, ajeita o seu cabelo e camisola e pressiona o botão de atender.

— Olá!

— Uau, olá! Diz-me uma coisa, estás sempre assim tão bem?

A morena cora imediatamente, mas esperava que ele não notasse.

— És demasiado querido, obrigada. — Tenta disfarçar com um sorriso. — Mas a que devo a honra desta chamada?

Bernardo ri nervosamente com a pergunta e coça a parte de trás do seu pescoço.

— Bom... era porque... queria convidar-te. Vamos fazer a passagem de ano com uns amigos cá em casa e gostava muito que viesses. —
Ela sorri. Existiria alguém mais querido e genuíno que aquele rapaz?

— Adorava! Preciso de conversar com a minha família sobre o que planeiam fazer para te dar uma resposta definitiva, mas muito obrigada por pensares em mim.

— Ora essa. Admito que o faço várias vezes. — O vizinho, inusitadamente e sem querer, confessa. Todavia, apressa-se a mudar o assunto de modo a dissipar o embaraço sentido, para grande diversão de Raquel. — Fico à espera para saber que contamos contigo.

— Direi algo mal saiba. — A morena promete. Mal saiba o que ando a fazer, pensa para si.

— Está bem. Beijinhos! — Bernardo despede-se, acompanhando com um aceno.

— Beijinhos! Vemo-nos em breve!

Mal desliga a chamada, Raquel não contém um pequeno guincho de contentamento. Poderia significar o que ela estava a pensar? Quereria ele tê-la como o seu beijo da meia-noite?

A noite ainda nem tinha acontecido e já parecia mágica. Semelhante às dos contos de fadas, onde Bernardo era o príncipe encantado com o dom de a fazer sentir-se uma autêntica Cinderela. Talvez por isso, Raquel sentia-se gradualmente culpada pelo envolvimento com o Rúben.
Se estava arrependida? Não. Era conflituoso.
O benfiquista era a tempestade num copo de água, daquelas que nos sacodem da melhor maneira possível para a vida.

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⏰ Última atualização: Dec 10, 2022 ⏰

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