Capítulo 6.

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22 de dezembro de 2018

Raquel Duarte corria pela rua quando um homem, na direção contrária, passa por si de bicicleta. A morena olha para trás e reconhece imediatamente Raphael, sorrindo como uma adolescente. Ao notá-la também, ele reverte o sentido da sua marcha e pedala até à corredora à sua frente.

— Corres todas as manhãs?

— Bom dia! — Ela cumprimenta com um sorriso óbvio. — E sim, gosto de o fazer.

— Que me dizes de uma corrida até ao rio? — O moreno propõe.

— O rio fica bem longe e tu estás claramente em vantagem! — A morena argumenta. Para além do mais, não o iria revelar, mas o seu corpo começava a mostrar sinais de fadiga por estar na atividade há mais de 25 minutos.

— Vá, nada de desculpas. Quem perder paga um lanche ao outro. Pode ser?

Raquel sabia perfeitamente que não iria ganhar, muito menos completar a prova, mas, no final de contas, não era tudo aquilo uma desculpa para, mais tarde, "terem" que ir lanchar? Então decidiu que não a iria desperdiçar.

— Pronto para perder?

— Como nunca perdi na minha vida! — Ele exclama, iniciando, de seguida, a contagem decrescente.

Dentro de poucos minutos, Raquel já quase não o via e aproveita-se disso para descansar no degrau da entrada de uma casa. Decide permanecer sentada, enquanto aguarda o regresso de Raphael.

Bebia um golo de água, quando o moreno chega ao pé de si, descendo da bicicleta.

— Não te tomava como uma desistente.

— Em minha defesa, estava no fim da minha corrida quando tu apareceste.

— Tenho que começar a acordar mais cedo então. — Raphael comenta, tomando o lugar, no chão do passeio a seu lado. Raquel não responde e apenas sorri, entendo o que queria dizer. Ofegante, o moreno tentava regularizar a sua respiração antes de falar.

— Tenho que ir para um duche. Está um gelo cá fora, não andes por aí muito tempo.

Ela acena afirmativamente e despede-se, deixando-se ficar só mais um pouco, observando-o partir. Desta vez a pé e com o transporte a seu lado.

Mais tarde ou mais cedo, os habitantes daquela casa iriam sair, pois naquela vila, como na maior parte das pequenas aglomerações do interior, o hábito era madrugar. Obriga-se, então, a levantar-se e dirige-se à padaria para levar o pão do pequeno-almoço.

— Eram quatro, se faz favor. — Ouve uma voz mais que familiar pedir. Estava virado de costas, mas a jovem sorri imediatamente quando o reconhece. Apercebe-se que, involuntariamente, sabia-o de cor.

— Olha quem está de serviço, hoje. — Raquel brinca, de modo a chamar a sua atenção.

Bernardo vira-se para trás sobressaltado, mas, à semelhança dela, um sorriso de imediato se forma na sua cara.

— É verdade. Quem me viu e quem me vê!

— Aposto que continuas o mesmo preguiçoso. Há coisas que não mudam. — A morena declara, chegando-se perto do balcão para fazer o seu pedido.

— Então e como explicas o facto de estar aqui, às oito e meia da manhã, a comprar pão acabadinho de sair? — Ele inquire.

— Hum... Eu posso quase garantir que há por aí uma justificação oculta. — Responde, enquanto recebe o troco do padeiro.

Bernardo ri-se com a suposição de Raquel e abana a cabeça. — Conheces-me demasiado bem. Tive que estar a pé cedo e, como não estava a fazer nada em casa, fiquei incumbido desta tarefa. — Explica, encolhendo os ombros.

Um Conto de Natal | Bernardo Silva, Rúben Dias & Raphael GuerreiroOnde histórias criam vida. Descubra agora