11- M O R T A L

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Mortal e Fatal

M O R T A L

Acordei dando um suspiro que poderia sugar todo o ar do quarto, se não fosse pelos meus pequenos pulmões. Meus olhos estavam esbugalhados e meu coração estava a mil. Sentia todos os meus sentidos super aguçados e o sangue escorrendo por todas as minhas veias.

Sentei-me na cama em um movimento rápido sentindo a necessidade de me mexer urgentemente e olhei ao meu redor. Meus olhos e ouvidos captaram um movimento, me fazendo virar rapidamente a cabeça e me deparei com uma mulher. Alta e esguia, vestida com um jaleco, usando máscaras e luvas de hospital também. Ao olhar para as suas luvas registrei em sua mão uma seringa.

Automaticamente senti uma dorzinha no lado esquerdo do meu peito como se a bem pouco tempo tivesse sido injetado algo ali e entendi. Adrenalina. Ela havia injetado em mim adrenalina. Agora, o motivo eu teria que descobrir, e ia fazer isso agora mesmo.

Eu estava furiosa, estava cansada dos  jogos doentes em que estava a ser submetida e não ia me segurar mais, pensando naquele plano estúpido. Eu estava mandando meu auto controle para os céus, onde era o seu devido lugar.

A princípio, eu nunca devia ter me contido, por essa razão eu estava aqui presa e acuada. Mas eu ia mudar isso, eu precisava de sangue e não iria piscar ou hesitar. Eu teria isso de um jeito ou outro.

Me movimentei para sair daquela estúpida maca que me mantinha aprisionada, mas senti mais uma picada no antebraço e me deparei com uma seringa. Segui o olhar até onde dava e me deparei com um balão de soro. Sem pensar duas vezes, arranquei a merda da seringa dos meu braço e ignorei o sangue que escorreu por causa do movimento brusco.

Levantei da cama e me dirigi lentamente até a minha vítima. Meu sangue bombeava tão depressa, que mal senti meus movimentos, a adrenalina me dominava e eu estava gostando. Provavelmente se não a tivesse correndo por mim, nem conseguiria me levantar devido a falta de movimentos pelo tempo que ali fiquei deitada.

Os olhos da enfermeira se arregalaram ao notar a expressão de fúria em meu rosto e ela correu tentando alcançar a porta mais eu fui mais rápida chegando a ela e prendendo-a pelo pescoço à parede. Seus olhos continham tanto medo que isso me fez sorrir internamente. O monstro dentro de mim apreciou isso, se sentiu mais forte, estava se alimentado do terror da pobre alma que eu segurava.

– O que você injetou em mim vagabunda? – Perguntei em um rosnado, e minha voz saiu um pouco mais rouca do que o habitual por causa da falta de uso. Eu precisava ter a certeza do que era aquilo e talvez usar ao meu favor.

Seus olhos se encheram de lágrimas por causa da falta de ar que meu aperto proporcionava a ela, por isso afrouxei um pouco para que me respondesse. Ela iria morrer, mas não agora.

– A-Adrenalina Senhora. – Ela respondeu com dificuldade e as lágrimas caíram de vez provavelmente porque ela viu em meus olhos o que eu estava prestes a fazer com ela.

– Porquê? Posso saber?– Voltei a perguntar em um tom mais baixo e irônico, sentindo o sangue em minhas veias ferver e tentando ignorar o anjo em minha mete dizendo mata-a, mata-a logo, nós precisamos de sangue. Eu queria mata-la com todo o meu ser, e vingar pelo menos um pouco daquilo que eu havia passado naqueles últimos dias, mas eu ainda precisava de respostas. – Aproveite, e me diga tudo o que sabe. Você não vai durar muito tempo sabe? Eu quero matá-la, eu preciso matá-la. Mas estou lhe dando uma oportunidade de mudar a minha opinião. – Acrescentei em um tom mais ameno e suavizei os meus olhos para que ela tivesse esperanças. Mas eu sabia que ela já estava morta.

– Eu re-recebi ordens para fazer somente isso senhora, eu preciso deste dinheiro para pagar a minha faculdade, por favor. O acordo era cuidar de si durante toda esta semana. Eu apenas troquei os balões de soro da senhora e alimentei-a por uma sonda para que se recuperasse a tempo para hoje. – Respondeu tremendo completamente, notei que se esforçava para não gaguejar, mas não podia evitar as abundantes lágrimas que escorriam pelos seus olhos verdes. – Eu tinha que injetá-la com a seringa para que acordasse, fazê-la vestir-se e levá-la até a arena. É tudo que eu sei, eu juro, sou somente uma enfermeira senhora. Disse apontando para uma cadeira no canto da sala com os dedos trêmulos e eu quase tive misericórdia dela.

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