13- D O R

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Demorou algum tempo até eu conseguir localizar exatamente onde eu estava, mas não por falta de tentativas da minha parte

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Demorou algum tempo até eu conseguir localizar exatamente onde eu estava, mas não por falta de tentativas da minha parte. As ruas por onde eu agora caminhava me eram desconhecidas, mas não mais do que os rostos que me encaravam com medo e nojo. O medo eu até estava habituada a ver, mas o nojo que eu via nos rostos dos desconhecidos foi o que mais me alarmou.

Eu não era tão má assim de olhar, então alguma coisa estava errada. Chegando a essa conclusão os alarmes do meu cérebro dispararam me fazendo apertar o passo e caminhar com mais urgência. Algumas pessoas retiraram celulares dos bolsos para filmar e outras para fazer chamada, provavelmente pra polícia. Sem me importar com a dor que agora queimava os meus músculos, comecei a correr pela rua tentando achar algum prédio familiar que pudesse me indicar onde eu estava.

Parando pra respirar, me apoiei em alguma parede ao meu alcance e levantei o olhar me deparando com uma vitrine de vidro.

Mas não foi a vitrine em si que me chamou atenção, mas sim o reflexo nela. Com um olho roxo começando a inflamar, lábios e sobrancelhas cortados, um hematoma se formando na bochecha esquerda, e o rosto e pescoço coberto de sangue, eu finalmente percebi o que tanto enojou as pessoas na rua.

Ali estava, o reflexo de todos os meus medos. Por fora parecia apenas uma mulher espancada e coberta de sangue mas na verdade era mais do que isso. Estava ali uma mulher quebrada, aquele vidro refletia a casca de um ser que um dia foi cheio de vida, a casca que o meu antigo eu repudiaria.

Sem família, sem amor, e sem sequer saber quem eu sou, eu era apenas mais um corpo que vagava por aí. As únicas coisas que eu conhecia eram dor, raiva, prazer e uma sede de vingança que até aquele preciso momento nunca havia me abandonado.

Nesse preciso momento, tudo o que eu conseguia sentir era dor, decepção e luto. Luto por quem eu fui um dia e luto por quem eu perdi.

Voltando a andar, deixei os meus pensamentos consumir a minha mente cada vez mais. Eu não sei exatamente quanto tempo havia passado, mas provavelmente horas, até que eu finalmente vi o primeiro edifício familiar. Chegando até ele, eu finalmente consegui me orientar e comecei então a minha caminhada até casa.

Quando eu finalmente cheguei até ao meu lar já era noite.

Infelizmente por ter perdido todos os meus pertences quando fui abduzida, tive que usar a minha saída de emergência que era pela rede de esgotos da rua de trás. Removendo a tampa do esgoto, deslizei o meu corpo pela abertura e comecei então a caminhada pelo túnel. Um minuto depois, vi a grelha do ventilador do meu banheiro. Com o pouco de energia que ainda me restava, dei um chute na grelha e deslizei pela entrada emergindo no meu banheiro.
Coloquei a grelha no lugar e caminhei até a minha banheira e suspirando de alívio.

Me inclinando, abri as torneiras da banheira que imediatamente começou a ser preenchida. Retirando aquelas roupas, entrei no box do chuveiro, girei a torneira e comecei a enxaguar o meu corpo. Aplicando uma boa quantidade de gel de banho no palmo da minha mão, esfreguei delicadamente o meu corpo, tendo cuidado extra para não piorar o que já não estava tão bem. Após lavar o meu corpo e cabelos, finalmente saí do box e me fundei na banheira agora cheia de água extremamente gelada. Imediatamente, o meu corpo retesou e tremeu devido a temperatura, mas após alguns minutos finalmente senti os músculos e os hematomas pararem de doer e fechei os olhos relaxando.

Não sabendo exatamente quanto tempo havia passado, voltei a abrir os olhos piscando os olhos para espantar o sono. A essa altura o meu corpo já estava todo enrugado.

Saindo da banheira, peguei uma toalha e fui secando o meu corpo. Caminhando até ao meu quarto ainda em passos lentos e cautelosos, para não piorar a dor em meu corpo.

Perdida em pensamentos, não havia notado a sombra sentada na minha cama em meio a escuridão até ouvir uma voz dizer: _Azarya.

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