Miranda saiu do elevador jogando a bolsa e o casaco sobre a mesa de Emily, e entrou na sala.
— Emily!
— Sim Miranda.
— Mande trazerem as fotos que foram tiradas no Central Park esse fim de semana, mande Jocelyn trazer as peças de roupas que lhes foram entregues no início dessa manhã, avise que quero o livro para essa noite, às oito, ligue para trazerem meu almoço às doze em ponto, traga os textos para serem avaliados e os desenhos que mandei deixarem separados ontem, ligue para o consultório de Andrea Sachs e marque uma consulta para amanhã às duas da tarde, isso é tudo — Emily saiu da sala e seguiu em direção a mesa, ligou para todos os lugares que Miranda havia mandado.
— Consultório da doutora Sachs, bom dia.
— Bom dia — Disse séria — Quero marcar uma consulta no nome de Miranda Priestly para amanhã às duas da tarde.
— Não será possível, a doutora Sachs está com a agenda cheia, mas posso encaixa-la para sexta às sete, não posso encaixa-la nem antes e nem depois disso, pois a doutora não estará disponível no final de semana.
— Droga.
— Posso encaixa-la para sexta às sete?
— Sim, sexta está bom.
— Certo, tenha um bom dia — Emily desligou.
— Emily!
— Sim Miranda.
— Marcou a consulta? — Perguntou tirando os óculos e os colocando em cima da mesa.
— Sim, mas ela não poderá atende-la amanhã, apenas na sexta às sete.
— Traga os croquis, isso é tudo.
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Andrea jogou a bolsa em cima da poltrona do quarto e respirou fundo, seguiu para o banheiro e começou a se despir, estava cansada da correria e dos tantos pacientes que havia atendido naquele dia, entrou no Box abrindo a água e deixando que molhasse todo seu corpo.
Minutos depois desligou o chuveiro e puxou a toalha começando a secar o corpo lentamente, cobriu-se e seguiu para o quarto entrando no closet em seguida, procurou uma roupa leve e a vestiu, seguiu para a cozinha começando a preparar algo para comer quando escurou a campainha.
Seguiu para a sala estranhando o porteiro não ter anunciado a chegada da suposta visita, abriu a porta sem olhar quem era por pensar que poderia ser a vizinha do andar de baixo.
— Nate — Disse assustada — O que faz aqui?
— Podemos conversar?
— O que faz aqui? Como subiu? Como soube que eu moro aqui? — Disparou nas perguntas.
— Por favor, Andy, me escute.
— Eu não vou ouvir porcaria nenhum, saia daqui e pra você é Andrea — Disse séria.
— Me escuta, você precisa me escutar.
— Eu já disse que não vou escutar nada, saia daqui antes que eu chame a polícia e o denuncie por invasão.
— Não vou sair até que me escute.
— Pois fique do lado de fora, na minha casa você não entra — Disse fechando a porta e trancando-a.
— Andy, nós precisamos conversar, abre a porta, por favor.
— Martin, é Andrea Sachs, da cobertura — Disse ao pegar o telefone após entrar na cozinha.
— Sim senhorita Schas?
— Há um senhor aqui na minha porta, mande, por favor, alguém vir tira-lo daqui e não deixe-o subir mais.
— Mando agora mesmo senhorita Sachs e perdão por deixar alguém passar despercebido.
— Não faz mal, apenas mande alguém tira-lo daqui o mais depressa possível — Desligou o telefone e olhou para o início do preparo quase intocado e saiu da cozinha indo para a varanda do quarto, sentou-se na poltrona e perdeu-se em pensamentos soltando o ar que prendia.
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Miranda olhou para as gêmeas que comiam em silêncio.
— Querem mais um pouco das batatas?
— Não — Cassidy disse em um sussurro sem olha-la.
— Eu já estou cheia — Caroline disse passando o garfo pelo prato.
— O pai de vocês virá busca-las na sexta à noite.
— Já sabemos — A editora afirmou em um aceno de cabeça e bebou o suco que havia na taça.
— Podemos subir? — Cassidy perguntou olhando para a mãe.
— Sim — Sussurrou sem olha-las, apenas escutou o barulho das cadeiras sendo arrastadas, os passos logo tornaram-se distantes, confirmando que ela estava sozinha outra vez.
Miranda levantou e seguiu para a pia colocando toda a louça que havia sido utilizada e subiu, entrou no escritório seguindo em direção a pequena mesa com bebidas e se serviu com whisky, sentou na poltrona em frente a janela deixando o silêncio da sala falar por si só e a pouca claridade que o abajur permitia que a escuridão não habitasse por todo o cômodo.
Tomou seu líquido escuro em doses pequenas, deixando o amargo habitar em seu paladar por longos segundos fazendo com que seus pensamentos fossem além do que gostaria e muito além do que se permitia.
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Andrea saiu do elevador entrando diretamente em sua sala, estava com enxaqueca aquela manhã, havia dormido mal, seu corpo ainda pedia cama e era apenas quarta-feira.
Assim que sentou atrás da mesa a morena abriu o notebook, respirou fundo fechando os olhos enquanto o aparelho ligava e escutou o barulho do celular, o procurou dentro da bolsa.
— Quero saber porquê não me ligou, Andrea Sachs.
— Bom dia pra você também, Doug — Disse divertida.
— Nada de bom dia, como assim foi jantar com o Nig e não me chamaram, dá pra me explicar?
— Foi um jantar rápido, desculpa por não ter avisado, por que não vai até meu apartamento hoje a noite? Podemos beber alguma coisa e conversar.
— O que aconteceu? Ta com a voz estranha — Andrea olhou para Sophie que apareceu na porta.
— Eu te espero às oito e conversamos melhor, pode ser? Eu tenho um paciente agora.
— Tudo bem, até mais tarde.
— Até — Andrea colocou o celular na mesa — Pode falar.
— A senhora tem uma consulta a mais na sexta, ontem eu não pude dizer, pois a senhora estava muito ocupada.
— Com quem é a consulta?
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Miranda jogou algumas peças de roupas em cima de Veronica.
— Mande guardarem essas, eu não as quero nas fotos, mande separarem bolsas e sapatos da Dior e fazendo fotos apenas com elas, quero todas bolsas e sapatos em tons quentes, avise para trazerem meu almoço às onze, nada gorduroso muito menos assado, de preferência peixe com legumes ao vapor, ligue para Dulce e diga que quero as últimas fotos e os últimos tecidos usados da revista do mês passado, avise a Nigel que me traga as jóias da última coleção em Milão, avise que quero o livro para as três da tarde, isso é tudo — Veronica saiu a passos rápidos enquanto Miranda sentava-se na cadeira e virava-se para a janela.
— Eu preciso de férias.
— Você estava de férias a alguns meses, Nigel — Disse virando-se para ele.
— Preciso de férias outra vez, bom, aqui estão as jóias que me pediu, creio que estão todas aí.
— Okay.
— Vou indo, tenho coisas pra resolver, pois combinei com Doug de almoçarmos — Miranda afirmou com um aceno de cabeça e Nigel saiu da sala.
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Divã
FanfictionEla precisava de ajuda e sabia muito bem disso. O que ela não esperava diante de tudo isso era se apaixonar por sua terapeuta.