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A cura para o vahliru foi encontrada e as iminências de uma guerra total se abrandaram. Mas a paz... É ape...
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O Elevador Turístico "Alto do Mirante" subia a coluna vertical por seus vinte e quatro metros de altura. Uma estonteante vista do Rio Piracicaba e da cidade se revelava às brumas pálidas do amanhecer.
Ela tocou o vidro, embaçando-o com sua respiração. Havia um estranho e absurdo silêncio no interior sempre abarrotado por famílias com crianças barulhentas. Escutava apenas o som violento da correnteza abaixo. Nem mesmo o vento gemia entre as luzes que se insinuavam no céu.
"Escute as minhas palavras"
Ela se virou, os cabelos se agitando em suas costas. O elevador continuava vazio, subindo sem parar.
"Escute a tempestade"
Olhou para os lados, esforçando-se para controlar a própria ansiedade. Não consigo respirar. A mão voou sobre a própria garganta, como se aquilo pudesse desobstruir a passagem de ar.
Muito abaixo dela, as ruas da cidade se estendiam em todas as direções. Do dia que nascia, pequenos flocos de nevem caíam sobre o rio.
— Neve?
"A bússola"
De repente, um estalo abrupto ecoou acima dela. O elevador deu um tranco e pendeu para o lado. Ela caiu. Cabos de aço começaram a chicotear em volta do compartimento, agitando-se feito cobras sibilantes.
"Meu corvo, minha tempestade"
Ergueu os olhos. Uma sombra com asas negras pairava acima dela.
"Entregue-me a Bússola dos Mundos"
A mão da sombra desceu para seu pescoço, puxando a corrente do medalhão para cima. Em sua outra mão, um fogo azul queimava.
"Meu corvo, minha tempestade"
O choro ardido de um bebê reverberou pelo elevador. Ela podia sentir o desespero da criança, o cheiro do sangue, mas não conseguia vê-la.
E então, o fundo do elevador se soltou.
*********
Ela se debateu, tentando se soltar das mãos que agarravam seus ombros; o bebê chorava, perdido em algum lugar da escuridão.
— Katerine! — Daniel a chacoalhou com mais força.
Confusa, abriu os olhos.
— O bebê... O bebê...
— Calma. Escute a minha voz. Respire devagar. — Em momento algum ele afastou as mãos do rosto dela. Katerine piscou. Sentia a garganta seca, a respiração descompassada; a impressão era de que ainda estava caindo em um abismo sem fim. — Não há nenhum bebê, Katerine. Apenas eu e você, na garagem da sua casa.