3 - Um pária (Parte II)

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— Você acha que seu pai tem algo a ver com o corpo do Júlio? — Daniel sussurrou para ela enquanto cruzavam a porta de entrada da ASIP e apresentavam suas armas no Controle de Armas.

— Não sei. Talvez ele tenha feito aquilo com o Júlio para que eu fosse até o cemitério e encontrasse o punhal e a carta. — E aquele porco ensanguentado, complementou em pensamento, ainda nauseada. Tinha a impressão de que não conseguiria mais almoçar nem jantar naquele dia.

Com o canto dos olhos, Katerine enxergava alguns agentes da mais alta patente do governo espalhados pelo saguão. Por mais que a direção usasse eufemismos para fazer referência à presença deles, ela sabia que estavam ali espionando e vigiando toda a ASIP. Era um quadro que se repetia por todas as agências de segurança do país desde o fim dos fechamentos das barreiras. Os níveis de investigação e controle cresciam vertiginosamente; o objetivo era impedir que agentes duplos da Corporação e de seus aliados se infiltrassem nas redes de segurança outra vez.

Tomando cuidado com os olhos espiões, Katerine abriu a bolsa, puxando o cabo do punhal.

— Na carta, ele disse algo sobre transportar objetos de uma dimensão para a outra, sobre trocas equivalentes e...

— Você trouxe isso para cá?! — Daniel se exasperou, colocando-se na frente dela. — É uma arma branca, mas não está registrada no Controle de Armas. E se os caras do governo te virem com isso? Você sabe que está uma paranoia aqui dentro. Qualquer coisa já é motivo de suspeita.

— O que você queria? Que eu tivesse deixado no carro?! Já perdi esse punhal uma vez, não vou perdê-lo de novo. Ele pode ser a chave para entendermos os mistérios! — ela rebateu, fechando a bolsa e lançando um olhar duro para ele. — E que história será essa sobre as Três Dimensões? Eu me lembro que Marcelo Meneses escreveu algo sobre elas. Mundo Terreno, Planície dos Sonhos e Sonara. Meu pai mencionou as duas primeiras na carta. E Júlio mencionou "Sonara", disse que Eduardo falava sobre esse lugar. Será que seu irmão...

O resto da fala de Katerine se perdeu no ar entre eles. O não-dito era um degrau feito de água.

— Deixe que eu cuido disso — foi tudo o que Daniel disse. Katerine franziu os lábios, assentindo. A postura dele mudava por completo a qualquer menção de Eduardo; ela não sabia se um dia ele conseguiria assimilar verdadeiramente todos os atos do irmão, que estava na cadeia.

Henrique se aproximou, cumprimentando-os enquanto avisava que Gilberto e Robson haviam solicitado que todos os funcionários se aglomerassem no saguão.

O investigador estava como Katerine se lembrava, tanto do período em que trabalhara em Rio das Pedras quanto do auxílio que ele prestara para a Resiliência; com roupas caras que evidenciavam seu status social e uma postura altiva e ao mesmo tempo cansada. Daniel havia lhe dito que Henrique estava alternando a carreira de investigador com a administração da empresa dos pais em Rio das Pedras, já que era o sócio e herdeiro de todo o legado da família Moreto.

Epifania (Livro 4 - Saga Ellk) | DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora