4 - As ondas deste oceano (Parte I)

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A mansão ficava incrustada na serra, acima das ondas do mar. Tons dourados enchiam o céu, atravessados pela luz vermelha que anunciava mais um entardecer.

O Rolls-Royce Phantom preto contornou a rodovia; próximo à propriedade, os portões vigiados se abriram, permitindo sua entrada. Um arco de pedra se erguia acima das colunas, exibindo duas espadas cruzadas.

Dois empregados uniformizados com camisas sociais aguardavam a chegada do veículo. Foi o mais alto que abriu a porta traseira, fazendo uma reverência em seguida.

— Líder Bartelochi.

— Bem-vinda, líder Bartelochi. Estamos em território seguro. Nossos radares não captaram nenhum sinal dos drones espiões do governo sobrevoando a região.

Ariadne desceu, ignorando o cumprimento. Óculos escuros ocultavam a expressão de seus olhos, e seus lábios eram apenas uma linha fina e rija. Ela subiu as escadas da entrada, dirigindo-se para o interior da mansão, onde a nova sede da máfia Bartelochi havia sido instalada.

Seu cenho se franziu quase imperceptivelmente; era muito vermelho, preto e dourado na decoração extravagante escolhida por seu pessoal. Ou aqueles objetos eram de ouro mesmo?

Céus, ela ergueu os óculos, encarando uma prateleira. Isso é um crânio humano de verdade?

— Um traidor. Seu pai gostava de deixar esse "souvenir" à vista de todos, como um lembrete. Achei que iria querer manter a tradição.

— Que seja. — Ela desviou o olhar, fitando Anderson. Suas roupas claras de linho contrastavam com o ambiente. — Eles estão prontos?

— Quase. Há um assunto que Miguel e eu queremos discutir com você antes da cerimônia. Vou chamá-lo. — Ele esperou um sinal de autorização para sair, gesto que não veio. Ajeitando a espada em sua cintura, Anderson se virou e deixou a sala principal.

Em silêncio, Ariadne caminhou até a janela. Uma vista majestosa do oceano cintilava no horizonte poente. Havia um cheiro agradável de maresia na brisa que sacudia seus cabelos, e ela se permitiu baixar as defesas por um momento, apreciando a sensação.

— Uma escolha interessante para nossa nova sede. — A voz grave de Miguel encheu o ambiente. — Se você gostou desta vista, ficará maravilhada com a paisagem do salão dos acordos. A sensação é de que o oceano entrará pela varanda a qualquer instante.

— Vocês disseram que têm assuntos de negócios para tratar comigo. — Ela se virou, cruzando os braços. Sua blusa fina de linho harmonizava com as vestes dos dois homens, e uma calça escura se colava ao seu corpo. — Sobre o que querem falar?

— Problemas na fronteira Brasil-Paraguai.

À menção ao local pincelou memórias antigas nela; uma falha terrível em sua missão naquele local a havia levado de volta para Rio das Pedras, meses atrás, quando ela ainda era uma agente secreta do governo que trabalhava para desmontar os cartéis. O começo da ascensão e da queda. Com um empurrão brusco e imaginário, afastou as lembranças.

Epifania (Livro 4 - Saga Ellk) | DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora