A casa onde estávamos era aconchegante por demais, era toda decorada de um maneira que me fazia sentir como se morasse ali a séculos. Toronto estava fria, e eu me perdi em lembranças da última vez em que meus pés pisaram ali. Eu sentia muita saudade de tudo o que vivi ali, sentia saudade principalmente dele. Tiramos o dia para descansar, estávamos exaustas da viagem.
No dia seguinte, decidimos ir ao mercado para abastecer a dispensa da casa. Eu vestia uma calça jeans padrão de Toricity, meu all star, e meu moletom "Me? Sacartisc? Never!" tudo numa boa.
-Quelo danone... -disse a Violeta, assim que colocamos os pés no mercado.
-Você vai com ela Aysla? -perguntou a Thaís, afirmei positivo com a cabeça- Ótimo! Nos encontramos na seção de limpeza.
Peguei a mão gordinha da Violeta e saí em busca do seu danone. Ela como sempre parava a cada dois passo para me mostrar algo novo, que ela havia descoberto. Quando enfim chegamos na seção dos frios, onde ficam os danones, era uma infinidade deles e ela não era a pessoa mais decidida da vida. Nem julgo, porque sou igualzinha.
-Eu num consigo, quelo todos... -diz afetada pela indecisão.
-Não dá pra escolher todos chuchu. -explico novamente.
-Eu sei mas... -ela para por um tempo olhando pelos meus ombros, já que tinha me abaixado para ficar da sua altura- Awn!! -fala sorridente e corre na direção oposta a que eu estava.
Meu cérebro congela, eu sabia que morando aqui, uma hora ou outra eu ia acabar topando com ele, mas eu não achava que pudesse ser tão cedo. Quando dou por mim, a Violeta está nos braços dele recebendo um abraço. Meu coração se aquece, ao mesmo tempo que erra quatro batidas, porque os olhos dele me encontram. A expressão surpresa, e confusa toma conta de sua face. Eu queria me mover e correr para o mais longe possível dele, mas meu corpo tem vontade própria e permanece ali.
Ele se aproxima de mim um tanto cauteloso, talvez tivesse medo de que fosse uma ilusão, ou que eu corresse para longe. Eu me sentia como uma gelatina, a qualquer momento eu poderia me desfazer ali na frente de seus olhos. Me sentia incapaz, frustrada, envergonhada e com medo. Raciocinar era algo complexo demais para mim naquele momento.-Aysla... -ele diz assim que o espaço entre nós diminuiu- eu... eu... por quê?
-Me desculpa... -digo com o choro na garganta- eu... você... -tento achar algo coerente mas nada vem- por favor, desiste de mim... -não contenho as lágrimas- por favor...
Tento esconder meu rosto com as mãos, e sinto o calor do corpo dele me acolher, sinto seu perfume e o bater descompassado do seu coração, a respiração que tentava deixar calmo todos os seus sentidos, então choro ainda mais. Entre soluços e lágrimas grossas, ergo minha cabeça para observá-lo.
-Por favor, desiste de mim... -soluço- eu não consigo desistir de você... -choro- você merece alguém melhor... -sinto suas mãos em meu rosto a enxugar as minhas lágrimas- você merece alguém normal... e eu não sou esse alguém... você precisa desistir de mim...
-Eu preciso de você, apenas de você. -ele me abraça novamente.
Eu continuava a chorar, e a molhar o moletom dele. Eu estava um tanto inconsolável, e parte de mim queria ficar presa naqueles braços durante toda a eternidade. Mas senti uns bracinhos pequenos envolver minhas pernas. Olhamos para baixo, me deparei com uma Violeta sorridente e preocupada comigo.
-Eu não posso desistir de você, e não vou desistir de você. -ele escaneia meu rosto, enxugando as últimas lágrimas que desciam- Não me peça isso, me deixa ficar contigo, me deixa ficar perto de você.
-Vocês são tão lindo junto... -a Violeta fala, e eu pego ela nos meus braços- Num chola Aduldão... -ela passa as mãozinhas pequenas no meu rosto e dá um beijo em cada olho- eu, mamãe, Baah e o Awn cuida de tu.
Sorri e olhei para ele, que também sorria cúmplice com a Violeta. A vontade que eu tive de beijá- lo foi grande, mas me contive por estar em um espaço "público". Ele me olha e seu sorriso parece ganhar maior força. Ele vem até mim e beija o topo da minha cabeça, e eu sinto que o amo com todas as minhas forças.
-Awn, danone de banana, de molango ou de uva? -pergunta a Violeta, mostrando cada um. Ele sorri.
-Os de morango são os melhores. -responde.
-Molango então. -ela coloca os outros no local de origem- Você vem com nois?
-Se a Aysla permitir... -ele me olha.
-Ela dêxa. -dá o veredito final, e já sai puxando ele pela mão.
Ele me olha, e eu dou de ombros sorrindo, não havia muito a ser feito. E como sempre, a Violeta mostrava tudo o que era novidade para ela ao Shawn. Eu sorria ao ver ele babando pela minha pequena, ela era um show a parte, e aquele era um momento só deles, meu coração se aquecia com isso.
-Ah meu Deus! Shawn Mendes! -diz a dona Thaís, quase derrubando as coisas da sua mão, surpresa ao dar de cara com ele.
-Pois é, Awn mamãe... -diz a Violeta como se fosse óbvio- ele tava pedido ai eu mais a Aduldão achou ele, e tôce ele pa molá com nois, e...
-Êh mocinha vai com calma! -falei a abraçando por trás, e fazendo cócegas nela, que ria- O Shawn é um amigo, que está nos acompanhando apenas.
-Tudo bem, prazer Shawn eu sou a Thaís, mãe da Violeta, da Maju e do Theo. -responde sorridente estendendo a mão para ele, que retribui.
-Êta Jôvana! -escutamos a Maju falar atrás de nós, ela havia deixado os pães cair de sua mão surpresa. Ela correu, e abraçou o Shawn que retribuiu ao abraço de forma carinhosa- Eu havia escutado a história de que ele tava aqui nesse mercado, mas tava tentando fingir costume, como que?
-Somos grandes amigos... -ele responde- eu me dispus a acompanhá-las...
-Mentila, eles são namolados todo mundo sabe. -disse a Violeta como quem não quer nada, fiquei roxa nesse momento tenho certeza.
Rimos, eu de nervoso, e levamos na brincadeira. Ao finalizar as compras, Shawn nos acompanhou até o carro. Me puxou pela cintura, enquanto as outras entravam no carro. E eu juro que eu pensei que ele ia me beijar naquele momento, e eu não seria louca de negar. Mas ele pegou a minha mão, tirou uma caneta não sei de onde, e rabiscou algo na minha mão, me deu um beijo na testa, sorriu e se foi. Meia atônita, olhei para minhas mãos e sorri largo.
"Precisamos matar essa saudade que tá me consumindo por completo, você sabe onde é minha casa. Eu vou estar esperando você, amanhã às 19h, minha Aysla."
Entrei no carro com um sorriso de ponta a ponta.
-Eu disse que eles ela namolados... -concluiu a Violeta, me fazendo esmagar as bochechas dela.
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Nervous
Fanfiction-É, eu estou nervoso agora. -ele diz olhando nos meus olhos. Sorrio tentando disfarçar o turbilhão de sentimentos que invadem meu corpo. -Sim... -digo por fim. Vejo um sorriso surgir em seus lábios... É, parece que eu estou realmente vivendo um...