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      Eu vou surtar, tenho certeza. Faz horas que reviro toda minha mala a procura de algo decente para vestir, mas tudo não passa de sacos de batatas. E eu nem sei porque eu estou assim. Eu nunca me importei com essas coisas, e agora estou tendo uma crise de pelancas. Aaaaaaaaaaa...

-Você está bem Aysla? -pergunta a dona Thaís, entrando no quarto.

-Não, nenhum pouco! Eu to surtada, não tenho nada decente para vestir, meu cabelo tá todo bugado, minha unha quebrou, estou com um calo no dedo do pé, minha mente não raciocina, meu coração está no ritmo de uma escola de samba, e meu estômago está querendo por o almoço pra fora... -digo rápido e enumerando cada problema com a mão- eu nem sei o por quê!

   Eu estava com vontade de chorar, sério. A dona Thaís dá uma pequena risada e vem até mim.

-Eu também senti as mesmas coisas quando o Roberto me chamou pra sair. -falou doce.

-E o que você fez?

-Eu só respirei fundo, minha mãe me disse a seguinte frase: "Não importa o que você tá vestindo, ou o quão incrível seu cabelo possa estar. Ele vai te achar linda e interessante de qualquer jeito, mesmo se você tiver com um saco de batata. E quanto as outras coisas, ele também está sentindo o mesmo. Porque é assim que o amor acontece, dois corações em ritmo de bateria de escola de samba, errando uma batida ou outra, se entregam. E tudo se acalma. Um pertence ao outro, um anseia pelo outro, se tornando um só." -ela acaricia meu rosto- Vocês são um só meu doce, por isso essa agonia toda para revê-lo. A saudade consome nossa alma, e você deve aproveitar cada momento que vocês passarem juntos.

-Obrigada dona Thaís. -a abraço.

-Você é muito especial Aysla! E eu faço questão de arrumar você, e deixá-la ainda mais linda para encontrar seu homem. -meus olhos sorriam.

   Não dava para esconder a minha empolgação quando fui ao banheiro tomar um bom banho. A dona Thaís, era cabeleireira antes de juntar-se ao marido no negócio deles, ela arrasava nas produções, eu não poderia estar em melhor mão.
    Com a ajuda dela, e da Violeta, escolhi um vestido listrado de várias cores, porém elegante. Um salto na cor bege, e como estava frio, um casaco tipo blazer, na cor preta. A dona Thaís fez trança em parte do meu cabelo, prendendo com grampos como se fosse um diadema, deixando meu cabelo solto ao natural. A maquiagem como sempre, não era nada extravagante, basicamente era somente a pele feita, o que se destacava um pouco era o batom num tom sutil de vermelho. 

-Num se peocupe com nois. Agarra o Awn e num solta mais, senão a ota lá vem e toma. -disse a Violeta me conduzindo até a porta- Eu nunca gostei dela memo, então nem vai fazer falta.

-Meu Deus! -gargalhei- Onde você aprendeu tudo isso?

-O Urso me ensinou, agola vai, vai... - ela fala me empurrando.

    A dona Thaís só ria, assim como o motorista do Uber. Me despedi de dona Thaís, e segui caminho até a casa do Shawn. Eu nem preciso dizer que esse foi o caminho mais longo que fiz na vida né?

    Me indenfiquei na portaria, e fui autorizada a subir. Entrei no elevador, e tentava focar em qualquer coisa que não fosse o que estava para vir. Será que eu tinha exagerado muito? Toquei a campanhia e respirei fundo. A porta abrindo, foi como se estivesse em slow moshawn. Vi o corpo dele aparecer, em questão de segundos, senti seus braços me puxarem para dentro e senti sua boca colar na minha.
    O beijo tinha várias nuances, amor, paixão,entrega, alegria, saudade... Ah com certeza, ele estava cheio de saudade! Eu não tive dúvidas de que a dona Thaís estivesse certa. Nossos corações estavam acelerados, mas quando nos aproximamos, e nos entregamos aquele beijo, eles foram se acalmando e entrando no mesmo compasso. Um compasso só deles.

-Eu estou com tanta saudade... -ele fala, enquanto nossas testas estão coladas, após o beijo- que acho que vou te manter aqui até o final do ano.

-Talvez tenha sido uma péssima idéia ter vindo até aqui então... -sorri, ele retribuiu.

-Eu morreria se isso tivesse ocorrido. -ele olha meus olhos, e sua mão acaricia minha bochecha.

-Eu também. -digo.

    Ele sorri, e mais uma vez me beija. Sem sombras de dúvida, era a ele que eu pertencia. E todo o meu corpo sabia que ele era o seu dono, assim também como a minha alma sabia. Era inegável.
    Após vários beijos, quando esses estavam começando a ficar intensos, minha barriga reclamou. Rimos, eu de nervoso, e ele me conduziu até a mesa onde iríamos jantar. O jantar foi muito perfeito, colocamos toda a conversa em dia, além da comida está divina. Meu coração apertou um pouco, ao saber o tamanho do desespero que ele ficou, quando eu o ignorei por completo. Acho que eu nunca vou conseguir recuperar todo esse tempo que perdi.

-Não se preocupe, você está aqui agora. Mais linda do que nunca, e eu não poderia pedir mais. -ele acariciou meu rosto, fechei os olhos sentindo seu carinho.

     Seu olhar exalava alegria, e paixão. Me levantei, sentei no seu colo de frente para ele. Seu rosto variou entre uma expressão surpresa, feliz e maliciosa.

-Eu sou sua... -sussurrei no seu ouvido, mordiscando a sua orelha em seguida. Obtive a resposta para minha ação muito rápida, ele segurou forte minha cintura e sorri- me perdoa por ter te afastado de mim. Eu quero você. Quero você sempre bem perto de mim.

    Rebolei devagar sobre seu colo, observando atentamente suas expressões. Ele havia gostado. Sorri sapeca e repeti o movimento. Novamente, obti a mesma expressão de prazer. Mordisquei seu maxilar de forma calma, e desci com beijos até o seu pescoço. Ouvi sua respiração pesada, ri um pouco e encostei minha cabeça no seu ombro. Ele apertou minha bunda, me fazendo olhar para ele surpresa por conta da intensidade do apertão.

-Você mexe com os meus hormônios, Aysla... -ele mordiscou meus lábios deliciosamente- e eu amo isso...

   Sorri. E ele me beijou. Agora vamos matar a saudade de fato, não é meixmo?

NervousOnde histórias criam vida. Descubra agora