Bem, eu estava errada sobre o Arthur já me odiar no recreio, porque para a surpresa de todos ele está sendo gentil e muito afetuoso.
Eu já vi ele assim, então tenho fé que essa onde de bondade vai acabar tão rápido quanto começou, como sempre acontece.
Ele está agora mesmo conversando amigavelmente com a Maria, e dando os parabéns a ela por ter tirado 10,0 na prova de matemática, uma coisa que eu nunca vou conseguir fazer aliás.
De repente três meninos param do lado na nossa mesa rindo. Eu sei o nome de todos eles, principalmente do Rafael Lima, por quem eu já fui apaixonada.
Estar perto dele ainda me causa arrepios, por isso eu faço o possível para arrumar discretamente o meu cabelo e me sentar mais ereta.
- Aêê Arthur, passando o rodo no bonde da sua irmã. - o Rafael falou pra quem quisesse ouvir.
- O que? - eu e o Arthur perguntamos ao mesmo tempo, a única diferença é que ele tinha um tom ameaçador e sinistro, enquanto eu mais parecia um rato encurralado.
- Garanhão. - Luiz Carlos, o garoto da esquerda e também irmão mais velho da Fernanda riu.
- Do que vocês estão falando? - Arthur perguntou já se levantando.
- A gente viu você pegando a Fernanda na festa, e ia ter pegado a Gabriela também se o Ribeiro não tivesse te atrapalhado. A próxima que você vai comer é a gordinha ou vai tentar pegar a Gabi de novo?
Fiquei pasma. Eu nunca imaginei que aquilo fosse acontecer. Até onde eu sabia aqueles caras nem sabiam o meu nome, quanto mais o de todas as meninas com quem eu andava.
Senti a vergonha queimando meu rosto, mas então ela se transformou em raiva. Era claro que o Arthur tinha espalhado pra todo mundo do terceiro ano que tinha ficado comigo naquela maldita festa, e agora aqueles caras estavam apenas me contando.
Eu quis morrer, mas antes disso quis esfaquear o Arthur até ele ir pro inferno! Ele era um otário, um babaca, um filho da mãe, e provavelmente só estava sendo tão gentil comigo por que tinha medo que eu descobrisse aquilo.
- E aí Arthur? A gente tá esperando. A Gabi e a gordinha também. - Luiz Carlos provocou outra vez.
- Meu nome é Ana Luiza! - Ana berrou se levantando também.
Logo eu me levantei, assim como a Maria e o João Paulo, que também estava na mesa. A única que permaneceu sentada foi a Fernanda.
Comecei a estudar seu comportamento. Ela parecia arrependida, envergonhada e louca para dar o fora dali o mais rápido possível, mas mesmo assim o seu rosto ainda mostrava que ela tinha raiva de mim. Nós duas sabíamos que o único motivo por ela não ter ido pra cama do Arthur na noite da festa fui eu, que sem querer fiz o Arthur largar ela sozinha e vir me "proteger" do Matheus.
Naquele momento eu me odiei. Me odiei por ter ido a festa, por ter deixado o Arthur se intrometer na minha vida, por ter magoado a Fernanda e por ter, por um milésimo de segundo pensado que... Quer saber? Que se foda o que eu pensei, porque não era verdade. Nunca foi, e nem nunca será.
Olhei para os rostos dos três garotos a minha frente e depois para o Arthur pela milionésima vez. Ele espumava de raiva, assim como eu, só que por dentro, já que por fora eu era uma flor que tinha murchado.
- Vocês não sabem o que estão fazendo. - ele avisou se aproximando do Rafael.
- Então conta pra gente. - Rafael retrucou. - Garanhão.
E foi aí que tudo explodiu. Bastou aquela frase para que o punho fechado do Arthur acertasse em cheio a cara do Rafael com uma força e velocidade surpreendentes.
O Arthur e o Rafael tinham a mesma altura, mas esticado no chão e com o Arthur espancando ele como um descontrolado o Rafael parecia tem a metade do tamanho do inimigo.
Do repente a cantina encheu. Tinha gente correndo, celulares gravando e os amigos do Rafael desesperados tentando arrancar o Arthur de cima do Rafael antes que ele matasse o garoto.
Eu nunca tinha visto o Arthur assim. Na verdade nunca tinha visto ninguém assim. Ele parecia possuído por uma força e energia sobrenaturais, como se não conseguisse parar.
Seus olhos veres ficaram escuros e ele assumiu uma posição assassina assim que seu punho foi de encontro ao rosto do Rafael. Cheguei a ficar com medo de estar presenciando um homicídio.
Então pela graça de Deus os amigos do Rafael e um outro garoto que eu nunca tinha visto na vida conseguiram arrancar o Arthur de cima do Rafael, mas à aquele altura a cara dele já estava ensanguentada e deformada.
Não consegui ver muita coisa depois disso, porque fomos obrigados a sair da cantina ou seríamos suspensos. Tudo o que meus olhos me permitiram enxergar foi o Arthur sendo levado pelo diretores o mais depressa possível.
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De Longe Até Parece Que Somos Um Casal
RomantikGabi é uma jovem de dezesseis anos que não faz nada de mais. Não vai à festas, não bebe, não fuma, e nem tem tatuagens. Tudo na vida dela, mesmo estando só no primeiro ano do ensino médio, gira em torno do Enem. Provas do Enem, livros pro Enem, reda...