IX

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MAS QUE CARALHOS O ARTHUR ESTAVA FAZENDO LÁ?!!?!

Tive que sair imediatamente de onde estava, com medo de que ele me visse, e me escondi no pier.

Quando cheguei lá me sentei, e contemplei o mar, onde eu imaginei como poderia afogar Arthur e a Fernanda de uma vez só.

Bufei morta de raiva.

Eu só aceitei ir nessa merda de festa porque sabia que ele não estaria aqui!

O mirante não é o tipo de lugar onde um cara como o Arthur vai. Ele frequentas festas bem mais pesadas. Aquelas onde só tem gente bêbada e chapada, garotas tirando a roupa e pessoas cometendo crimes.

Bem, pelo menos eu imagino que seja assim, afinal eu nunca nem pisei nos lugares aonde ele vai.

Fiquei imaginando o porque de ele estar lá. Se ele realmente fosse a Maria teria pelo menos mencionado.

Aquilo me levou a acreditar que ele tinha decidido de última hora e apenas aparecido por lá, o que também me levava a crer que ele não sabia da minha presença.

Até aí tudo bem, mas o que diabos a boca dele estava fazendo em cima da boca da Fernanda?!

Xinguei um bando de palavrões e voltei à minha linha de raciocínio.

De repente tudo se encaixou.

A Fernanda não tinha falado para a gente que ia na festa, mas ela provavelmente, devido a sua paixão sufocante pelo Arthur, sabia que ele estaria lá.

Um estalo veio a minha mente: ela não nos contou para que ninguém entrasse no caminho.

A Fernanda já devia ter arquitetado um plano para ficar com o Arthur nessa maldita festa, já o motivo de ela não ter dito que vinha, ainda vou descobrir.

Xinguei outro bando de palavrões e me virei para eles. Estavam numa parte cheia de gente, encostados em um coqueiro, se engolindo.

Senti nojo.

Tudo bem o Arthur fazer aquilo com as piranhas do terceiro ano, mas com a Fernanda? Mesmo depois de tudo o que eu disse psra ela?

Fiquei com mais raiva ainda do Arthur.

Ele estava me ignorando já fazia uma semana. Havia batido o recorde de ficar sete dias inteiros sem nem olhar na minha cara.

Lembrei de como aquilo me deixou inquieta lá pelo quarto dia e senti meu rosto queimar na minha ira.

- Mas que droga! - falei sozinha - ele nem devia estar aqui!

- Falando sozinha? - uma voz perguntou atrás de mim encostando a mão nas minhas costas.

Eu conhecia bem aquela voz. Mas não era nem de longe a que eu queria ouvir naquele momento.

Me virei para trás e vi o Mateus, o garoto que eu beijei pela primeira vez, se sentando ao meu lado.

Senti um arrepio, mas não um arrepio bom. Só fiquei assustada com ele lá, e com raiva também, por ter atrapalhado minhas divagações.

- O-oi. - gaguejei ainda em choque. - estava só pensando alto.

Ele riu e ficou ainda mais próximo a mim.

Me senti desconfortável lá.

- Fazendo o que? - Mateus perguntou me olhando.

- Hm... Nada de mais. Só encarando o horizonte.

- Jeito estranho de ficar numa festa. - ele sorriu.

- Eh, bom, a Maria me largou então...

- Ah é, vi ela e o Marcus lá atrás. - ele disse com um sorriso cúmplice - isso quer dizer que podemos ficar sozinhos pelo menos.

Senti um frio na barriga e quis fugir.

Me lembrei de anos atrás, quando eu e o Mateus ficamos. Eu queria pular fora a todo momento mas ele não deixava, me perseguia, me tratava como sua namorada.

Era uma carência...

Ele colocou a mão sobre a minha e eu quis tirá-la, mas não tive coragem.

Sorri sem graça e voltei a olhar para o mar, desejando cair nele.

Aquela era oficialmente a pior noite de todas.

O Arthur estava se agarrando com uma das minhas melhores amigas e eu estava presa com o garoto cujo o qual eu fugi por meses.

Percebi que o Mateus ia dizer alguma coisa, mas então mudou de idéia e olhou para mim.

- Lembra? -  ele perguntou.

Fiquei estática quando Mateus tirou a mão dele de cima da minha e apoiou sobre a minha coxa.

Ele se inclinou para cima de mim e segurou meu rosto, fechando os olhos.

Fiquei em choque. Eu quis correr, mas não tinha forças nem para sair do lugar.

Tentei afastar minha cabeça da dele sutilmente, mas ele notaria.

Merda, eu não estava a fim daquilo outra vez. O Mateus nunca fez nada para mim, mas eu não queria ficar com ele outra vez.

Seus lábios estavam quase tocando os meus quando algo caiu em nós.

Era pesado e duro.

Olhei assustada para o objeto no chão, e vi que era um celular.

- Opa, deixei isso aqui cair. - a voz no Arthur exclamou.

Ele se abaixou sobre nós e esticou o braço para recuperar o aparelho.

- Ah! Gabi! - Arthur exclamou - não tinha te visto.

Ele me abraçou de um jeito forte e, demorado, e eu podia sentir só pela sua voz, o quão falso era aquele sentimento.

Me senti automaticamente grata por aquilo.

- Mateus? E aí cara. - o Arthur falou, o cumprimentando.

Deu pra ver que o Mateus estava visivelmente desconcertado, sem idéia do que fazer.

- Hey Gabi, você não sabe onde está a minha irmã? - o Arthur perguntou colocando os olhos em mim.

- Hm... - pensei no que falar - do outro lado da praia.

- Sozinha?

- Sim, quer dizer... Não. Ela está com o Marcus Paulo. - respondi.

Ele varreu a praia com o olhar até encontra a Maria. Depois voltou seus olhos verdes para mim, que parecíam adquirir brilho a cada segundo.

- Ele é um cara legal.

Acenti com a cabeça.

Me senti mais tranquilo agora que ele estava lá. Como se estivesse mais segura.

O teatro do Arthur tinha me salvado da situação na qual eu menos queria estar naquela noite.

- Ah, Mateus. - Arthur falou - a Luiza tava te procurando.

- Luiza? - perguntamos os dois ao mesmo tempo.

Senti a vergonha no rosto do Mateus.

- Eh, - o Arthur concordou - Luiza Martins. Vim aqui por isso.

- Depois eu falo com ela. - o Mateus deu os ombros.

- Tudo bem. - falei para ele - pode ir.

- Parecia bem importante, mas se você não quiser... - Arthur concluiu.

Mateus me olhou, depois olhou para o Arthur e depois para mim outra vez. Por fim ele se levantou, beijando minha boca rapidamente e saindo.

Senti vontade de desviar quando ele veio na minha direção, mas não tive tempo de pensar.

Por fim, quando ele já tinha ido embora, o Arthur se sentou do meu lado, ocupando o espaço que antes fora do Mateus.

De Longe Até Parece Que Somos Um CasalOnde histórias criam vida. Descubra agora