XVII

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Cá estou eu, em pé no meio da sala da Maria!

Estamos todas sentadas ao redor da enorme mesa se vidro que fica aqui, bem, com exceção da Fernanda, claro.

Eu não quero nem pensar no que aquela vaca desgraçada fez, e por isso nós concordamos em nem falar o nome dela hoje. Vamos apenas trabalhar.

Mesmo eu estando fazendo o possível para não ceder a tentação de perguntar onde o Arthur está parece que o universo decidiu conspirar contra mim, e a cada segundo que passa minha vontade de vê-lo aumenta.

Mas eu vou me controlar, sim eu vou.

Como o João Paulo nunca ajuda em nada (tanto que ele nem veio) e a Fernanda está fora do grupo, sobra mais trabalho para nós, mas eu nem ligo pra isso, só quero ocupar minha cabeça com algumas coisa decente.

Fizemos o cartaz bem rapidinho e como todas nós adotamos ler, cada uma tinhas uma lista infinita de livros ótimos para recomendar. Escolhemos um mangá pro João Paulo, porque além de ser a cara dele esse é o único livro que a Denise iria acreditar que ele leu.

Fizemos uma ficha com as informações daquelas obras literárias maravilhosas (todos romances) e logo já não tinha mais nada pra fazer.

Como ainda eram sete e meia da noite nós decidimos fazer uma das nossas atividades favoritas no mundo todo: nos trancar no quarto da mãe da Maria, escolher uma música e cantar a plenos pulmões.

Começamos a fazer isso quando ainda tínhamos treze anos, mas desde então sempre que a mãe da Maria sai de casa nós nos enfiamos no quarto dela e damos uma aula para os jurados do The Voice.

Começamos com Baby do Justin Bieber, simplesmente porque é muito engraçado cantar aquela música horrível. Depois passamos para a Taylor Swift (sugestão da Ana) e finalmente para o One Direction (minha sugestão).

Estava tudo correndo bem quando alguém começou a esmurrar a porta. Infelizmente eu já sabia quem era.

Enquanto eu desligava a música a Maria ia abrir a porta, e eu podia ver pelos seus movimentos frágeis trêmulos o quanto ela estava com medo.

Assim que a porta se abriu a figura raivosa do Arthur surgiu, com os punhos fechados e em posição de luta.

- Será que dá pra vocês desligarem a merda dessa música e fazer o máximo de silêncio possível?! Mas que caralho! Vocês são tão idiotas assim ou só fingem muito bem?!

A figura dele sumiu tão rápido quando apareceu, porque ele mal tinha acabado de falar e já voltou para dentro do seu quarto se trancando lá outra vez.

Cada uma de nós ficou mais chocada que a outra porque, mesmo nos dias ruins dele, o Arthur nunca tinha sido tão grosso e arrogante com a gente. Bem, não daquele jeito.

Desligamos a música e fomos para a sala de estar, embora tudo o que eu quisesse era berrar ainda mais alto todos os palavrões que eu conhecia.

Lá, no sofá marrom cheio de almofadas macias eu me lembrei de quando tinha caído no sono com a cabeça no ombro do Arthur, mas me arrependi profundamente de ter gostado daquilo, porque naquele momento tudo o que eu queria fazer era xingar ele até minha boca doer.

Infelizmente não temos tudo o que queremos na vida.

De Longe Até Parece Que Somos Um CasalOnde histórias criam vida. Descubra agora